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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

4 irmãos e um problema


A igualdade total realmente favorece as boas relações entre as pessoas? Leia abaixo e saiba por que não.

Todos os homens são irmãos, não é assim? Se são, vem em questão saber que princípios adotar para que se deem bem, para que colaborem e se queiram como bons irmãos.

Eficiente para este fim é a igualdade entre eles, dirá talvez alguém. Mas a igualdade total realmente favorece as boas relações entre as pessoas? Não para Dr. Plinio, que pinta o seguinte quadro:

“Imagine-se uma família com quatro gêmeos, todos homens, inteiramente parecidos pelo aspecto físico, pelos gostos, pela mentalidade, pelo nível de inteligência. Entre eles reina a mais inteira igualdade. Imagine-se outra família com quatro filhos diferentes pelo sexo, pela idade, pela capacidade, pelo nível de inteligência, por todo o feitio pessoal. Mas que sabem harmonizar e pôr em colaboração essas diversidades, pela força de um mútuo e profundo afeto”.
Qual das duas famílias propicia condições de convivência fraterna mais perfeitas? É a pergunta. Se o leitor tem um pouco de experiência da vida, não tardará em responder com acerto.

“O tédio nasceu,  certo dia, da uniformidade”, escreveu Lamotte-Houdar (1672-1731), que imagina quatro amigos tão cansados de sua diversidade de gênio que vão pedir a Apolo, o deus pagão, ‘o mesmo gosto, os mesmos olhos, e são imediatamente atendidos. Se alguém diz algo, todos sempre respondem: sim! Em breve, seu convívio fica tão tedioso que um dos quatro exclama: vocês tiraram o sal de nossa vida em comum, que é a desigualdade”.

Pergunta Dr. Plinio: “A verdadeira fraternidade resulta da igualdade completa? Ou antes de uma igualdade fundamental temperada por toda uma escala de valores diversificados e hierarquizados?”

É o problema das relações entre igualdade e amizade. Dr. Plinio resolve o problema, colocando-o em termos miúdos:

“A amizade tem muito de comum com o amor fraterno. Este, como aquela, estagna e morre na monotonia irrespirável da igualdade total. Pelo contrário, vive, palpita e frutifica em um clima de desigualdades proporcionadas e harmônicas. E com isto rui por terra a identificação comunista entre igualdade total e fraternidade perfeita. E a “fraternidade”, em lugar de desfechar em lutas de classes e sangueira, dá em harmonia e cooperação construtiva”.[1]

“A diversidade é meu lema, dizia o famoso La Fontaine, autor das célebres e movimentadas fábulas. E André Maurois, na famosa biografia de Disraeli, afirma a respeito de um grupo de companheiros: “Como todos os verdadeiros amigos, eles pouco se pareciam uns com os outros”.

Sim, as diversidades além de serem justas, são necessárias para um convívio saudável, proveitoso e entretido entre companheiros ou amigos.

Ensina o pranteado Papa Pio XII: “Os irmãos não nascem nem permanecem todos iguais: uns são fortes, outros débeis; uns inteligentes, outros incapazes; talvez algum seja anormal, e também pode acontecer que algum se torne indigno. É pois inevitável certa desigualdade material, intelectual, moral numa mesma família (…). Pretender a igualdade absoluta de todos seria o mesmo que pretender dar idênticas funções a membros diversos do mesmo organismo” (Disc. de 4-6-1953 a um grupo de fiéis).[2] Luminosa afirmação!


[1] Folha de S. Paulo”,  em 26.2.1969.

[2] Este artigo se inspirou em matéria análoga de autoria de Dr. Plinio com o título “O Problema dos 4 Irmãos”, estampado na “Folha de S. Paulo”,  em 26.2.1969.

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Leo Daniele

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