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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

A Gerente, a Fortaleza e a Tradição


Já faz algum tempo que os jornais resumem com um epíteto o perfil da nova presidente da República: uma gerente. Dilma Rousseff, titular desta gerência, fazendo jus à denominação, está quebrando antigas tradições no País. É o que nos diz a notícia do Estado de São Paulo, 6 de abril de 2011, “Dilma diz que País ‘corrigiu’ o rumo após o regime militar”, por Leonencio Nossa.

Eis o que a presidente-gerente fez, segundo a notícia: “Em uma quebra de tradição militar e de poder, a presidente Dilma Rousseff não recebeu nesta terça-feira, continências durante solenidade de promoção de oficiais das Forças Armadas”. Tradição quer dizer história, cultura e civilização e Dilma é que as representa no Brasil ou, ao menos, deveria representá-las.

Tal atitude não é fato isolado, continua o artigo citado: “O fim da tradição da continência ao presidente faz parte de uma série de mudanças no cerimonial do Planalto feitas no final do governo Lula para ajustar a casa ao estilo de Dilma. Uma dessas mudanças foi o fim da obrigatoriedade de hasteamento da bandeira nacional nos palácios durante despacho ou permanência da presidente”.

De fato, uma gerente deve preocupar-se, em princípio, com aspectos técnicos, burocráticos e econômicos. O perigo é que, em nome desta preocupação, outros aspectos – que, se bem observadas as coisas, são mais importantes do que a técnica – fiquem relegados ao esquecimento.

Isso me faz lembrar – se o leitor me permitir uma pequena digressão histórica – um fato ocorrido na época das grandes navegações do século 16. Naquele tempo, os portugueses dominavam todo o Oceano Índico e possuíam inúmeras fortalezas ao longo das costas. Uma dessas fortalezas era a de Diu. Em 1546, a duras penas, os lusos resistiram a um cerco de mais de 6 meses imposto pelos muçulmanos, ao fim do qual os portugueses conseguiram vencer. A fortaleza, contudo, ficou arrasada. Reerguê-la e mantê-la custaria recursos financeiros e humanos quase infindos, além se considerar inútil manter um domínio tão perigoso.

Mas a fortaleza de Diu havia se tornado um símbolo da honra de Portugal e apesar de todas as dificuldades técnicas e burocráticas, era importante conservá-la e manter o prestígio e respeito da nação lusa. Prestígio e respeito estes que valiam muito mais que as questões gerenciais. Em detrimento das coisas pragmáticas, os portugueses decidiram conservar aquela fortaleza símbolo.

Os tempos mudaram! Alguém dirá. Não estamos mais no século 16! É verdade, mas o Brasil ainda possui símbolos, tradições e respeitabilidade. E uma presidente deve levar isso em conta, para a honra deste País que não só “gerencia”, mas também deve representar.

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Paulo Américo

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