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Plinio Corrêa de Oliveira
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A hora dos que não tinham voz nem vez


Retornando ao Brasil depois de uns seis meses de sua anterior visita – quando notara um clima de muita preocupação e tensão entre os brasileiros –, um amigo chileno disse ter tido agora a agradável surpresa de se deparar com um ambiente bem diverso, o povo mais alegre e desanuviado, com a nota marcante da bondade e afabilidade nacionais.

É inegável que depois do segundo turno da eleição presidencial o Brasil acordou do pesadelo representado pela situação anterior, e passou a respirar, aliviado e esperançoso. O despertar do gigante chamado opinião pública, que mil e um artifícios da guerra psicológica revolucionária e da revolução cultural haviam adormecido nos últimos anos.

A mídia teve de constatar com má vontade uma guinada conservadora diametralmente oposta ao petismo. Diante da realidade que até então ela não soube ou não quis ver, não lhe restava senão fazer suas carpideiras derramarem copiosas lágrimas de tinta sobre milhares de páginas impressas de todo o mundo, lamentando a derrota da agenda comunista.

Esse fenômeno de opinião pública centrou as esperanças de um Brasil autêntico na figura do presidente eleito Jair Messias Bolsonaro. Nem a metralhadora das fake news, nem o atentado de Juiz de Fora arrefeceram o ânimo desses milhões de brasileiros, já fartos da aplicação da agenda revolucionária marxista e, ao mesmo tempo, ansiosos de resgatar o País.

Nemo repente fit summus – nada de muito grande se faz de repente. Um importante fator nessa mudança da opinião pública, com o consequente resultado das eleições foi sem dúvida uma ação patriótica, inteligente e metódica desenvolvida durante décadas por Plinio Corrêa de Oliveira e sua obra, a TFP, hoje atuando sob o estandarte do Instituto que leva o seu nome.

Para assumir o controle do Brasil – maior nação católica da Terra e berço de um povo afeito ao bom trato e ao bom convívio – e levá-lo a se opor odiosamente aos ensinamentos do Divino Mestre, era indispensável aos próceres marxistas promoverem uma infiltração na Igreja Católica, como o fizeram com êxito em outros setores da vida pública.

Com efeito, se eles tivessem sido bem-sucedidos nessa criminosa empreitada, a revolução comunista teria dominado as almas e as mentes de milhões de brasileiros, passando o Brasil a influenciar decisiva e revolucionariamente inúmeras outras nações na América do Sul, quiçá em terras mais longínquas.

Foi nesse contexto que entrou em cena Plinio Corrêa de Oliveira, um incontestável líder católico, pensador e homem de ação que desde sua remota juventude dedicou a vida em denunciar a infiltração comunista nos meios católicos e a

desmascarar lobos com pele de ovelha. Alguns exemplos ilustram a grandeza do embate que tem sido travado desde então.

O Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) divulgou em 1985 documento em que assinalava a América Latina como sendo o lugar onde se vivia com maior força o conflito ideológico. Por sua vez, Plinio Corrêa de Oliveira afirmava que a América do Sul podia ser comparada a um gigantesco pêndulo de 260 milhões de habitantes, com 17,8 milhões de quilômetros quadrados e com potencialidades econômicas e estratégicas incalculáveis, que oscila entre Moscou e Washington”. (1)

A importância geopolítica do Brasil católico no contexto das grandes nações fica aqui ressaltada, e, nele, o debate ideológico comunismo x anticomunismo, bem como a defesa da Santa Igreja no embate-denúncia contra a infiltração comunista nos meios católicos. Registro alguns acontecimentos eloquentes.

Em julho de 1968 a TFP brasileira promoveu um abaixo-assinado para o qual obteve 1.600.368 assinaturas, pedindo ao Papa Paulo VI medidas contra a infiltração comunista na Igreja. E em junho de 1969 denunciou órgãos semiclandestinos – IDOC e Grupos proféticos – que propagavam a subversão nos meios católicos.

A confissão do próprio ex-presidente Lula, de que o PT não existiria se não fosse a ajuda de milhares de padres e comunidades cristãs do Brasil. [O PT] deve muito ao trabalho da Igreja, à teologia da libertação, aos sacerdotes progressistas. “Tudo isso contribuiu para minha formação política, a construção do PT e minha chegada ao poder”. (2)

Outro aspecto da revolução cultural da qual o Brasil foi alvo, refere-se à tentativa de solapar o alicerce da sociedade, a família. Sob os olhares omissos, quando não cúmplices, eclesiásticos se calavam ante a enxurrada de pornografia e maus exemplos em programas de televisão que infectam diuturnamente os lares brasileiros.

Com tais expedientes, o marxismo cultural apresentava novos modelos humanos, bem como de comportamentos, de atitudes, de modas a serem seguidos, tentando mudar o modo de ser do brasileiro, e, se possível, até o seu temperamento. E na medida em que iam obtendo sucesso mudavam a legislação. O que são as leis, senão a sistematização das normas de convivência da sociedade?

Plinio Corrêa de Oliveira e sua TFP promoveram incontáveis campanhas em defesa da família, da moralidade e dos costumes católicos. Ora, aqui nos deparamos ante um obstáculo quase intransponível, ou seja, a grande imprensa discriminava e censurava mesmo a divulgação dessa gesta em defesa do Brasil autêntico, fiel ao seu passado.

Como levar então ao grande público a boa nova das atividades contra-revolucionárias, sem voz e vez na mídia? Plinio Corrêa de Oliveira lançou então a nobre epopeia das caravanas da TFP. Vários grupos voluntários de jovens idealistas percorreram continuamente o Brasil a partir de 1970, fazendo campanhas públicas num contato direto com o público.

Foram mais de 20 anos de um laborioso trabalho, e não houve cidade brasileira que não tivesse sido visitada pelas caravanas da TFP e não tivesse presenciado em sua praça principal o estandarte rubro com o leão rompante, ocasião em que eram apresentadas às pessoas as iniciativas e/ou oferecidas publicações elucidativas da entidade.

Sabotada e censurada pela grande mídia, a TFP ia colhendo discretamente sazonados frutos com a palavra e com o exemplo de seus membros nesse contato com o público, resultando milhões de publicações divulgadas; milhões de quilômetros rodados, o equivalente a mais de cem voltas em torno da Terra, ou a mais de dez viagens à lua.

A gesta de Plinio Corrêa de Oliveira e da TFP em defesa dos valores da tradição, família e propriedade está consubstanciada em várias obras, de modo particular no livro do historiador italiano Professor Roberto de Mattei: O Cruzado do século XX – Plinio Corrêa de Oliveira. (3)

Semeada a boa semente, nada mais natural vermos surgir os frutos. E a exemplo da TFP que não tinha voz nem vez, milhões de pessoas começaram a sair às ruas para manifestar o seu descontentamento com o caos e pedir o nosso Brasil de volta, pois ele havia sido literalmente confiscado pelos agentes revolucionários comunistas.

* * *

Vento conservador

A brisa conservadora parece ter arejado o Brasil e soprado para longe as toxinas que o empestavam. Vejamos alguns exemplos muito elucidativos a propósito:

José Celso Martinez, expoente da revolução cultural teatral, muito desagradado, ao falar do Brasil atual, afirma ter-se desencadeado uma onda em defesa da tradição, família, propriedade” (4)

Berenice Bento, do Departamento de Sociologia na UnB, escreveu sobre o medo enquanto elemento de transformação política, e ao se referir à década de 1960, declara que as ruas das capitais brasileiras eram ocupadas por manifestações da tradição, família e propriedade” (TFP – Tradição, Família e Propriedade). (5) Por sua vez, Alexandre Versignassi , diretor da revista Super/Interessante, afirma que Bolsonaro emergiu justamente do caldo Tradição, Família e Propriedade, que o Brasil é conservador e cheio de fobia por qualquer coisa que não faça parte do tripé tradição-família-propriedade. (6)

Roberto Boaventura da Silva Sá, Professor de Literatura da UFMT e Doutor em Jornalismo, pergunta: “Afinal, qual é a base discursiva dos bolsonaristas? Resposta: é a tríade Tradição, Família e Propriedade. Em outras palavras, a famosa sigla da entidade cristã TFP”. (7)

O pesquisador e articulista Vicente Montesino, numa análise meticulosa da eleição recente eleição presidencial, no site INFOCATÓLICA, 3/11/18, em matéria

intitulada ‘A destruição do catolicismo no Brasil e as implicações eclesiais da vitória de Bolsonaro’ afirma que os católicos não ouviram os seus bispos, e ainda que estes pensem que sim, nem o PT nem a CNBB representam o povo, pois a importância dos bispos católicos para o brasileiro é zero. Nem mais, nem menos. E prossegue sentenciando entre muitas diatribes que os bispos católicos brasileiros são responsáveis pela destruição do catolicismo no Brasil. (8)

Altamente significativo foi um artigo-pesquisa do blogueiro Jônatas Dias Lima no Blog Vida: “Votação por cidades mostra que bispos de esquerda fracassaram ao tentar influenciar fiéis”:

Prelazia de S. Felix do Araguaia (MT) – Dom Adriano Ciocca – Diocese de um ícone da Teologia da Libertação, o bispo emérito dom Pedro Casaldáliga: Bolsonaro – 61,54%; Haddad – 38,46%. Arquidiocese de Londrina (PR) – Dom Geremias Steinmetz: Bolsonaro – 80,42%; Haddad – 19,58%. Diocese de Lages (SC) – Dom Guilherme Antônio Werlang – Bispo muito ligado ao MST: Bolsonaro – 73,83%; Haddad – 26,17%.

E a lista continua.

Diocese de Barra do Piraí (RJ) – Dom Francisco Biasin. Volta Redonda: Bolsonaro – 64,13%; Haddad – 35,87%. Barra do Piraí: Bolsonaro – 64,26%; Haddad – 35,74%. Diocese de Campos dos Goytacazes (RJ) – Dom Roberto Francisco Ferrería Paz, gravou vídeo alertando sobre os “perigos do fascismo e do totalitarismo”, mas não o levaram a sério: Bolsonaro – 64,87%; Haddad – 35,13%. Diocese de Jales (SP) – Dom Reginaldo Andrietta: Bolsonaro – 48%; Haddad – 22,52%. Diocese de Roraima – Dom Mário Antônio da Silva: Bolsonaro – 71,55%; Haddad – 28,45%. Diocese de Vacaria (RS) – Dom Silvio Guterres Dutra: Bolsonaro – 75,37%; Haddad – 24,63%. Diocese de Lorena (SP) – Dom João Inácio Müller – Gravou entrevista em vídeo na qual dizia que quem votasse em alguém como Bolsonaro – sem citar seu nome, claro – estaria excomungado: Bolsonaro – 79,14%; Haddad – 20,86%. (9)

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(1) Mensagem do Professor Plinio Corrêa de Oliveira para o Simpósio da Junta Diretiva do International Policy Forum, Dallas, EUA, 1985.
(2) “El País” – Madrid, 9-5-2010.
(3) Roberto de Mattei: “O Cruzado do século XX – Plinio Corrêa de Oliveira”. Livraria Civilização Editora, Porto, 1996 – 394 pp
(4) https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/espetaculos/noticia/2018/10/a-cultura-e-mae-da-educacao-diz-jose-celso-martinez-correa-cjnoregj7086701pilricz299.html
(5) http://www.justificando.com/2018/05/09/quando-o-medo-se-transforma-em-acao-politica/
(6) https://super.abril.com.br/blog/alexandre-versignassi/gente-de-bem-x-gente-do-bem/
(7) http://midianews.com.br/opiniao/nosso-porvir/335598
(8) https://infovaticana.com/2018/11/03/la-destruccion-del-catolicismo-en-brasil-y-las-implicaciones-eclesiales-de-la-victoria-de-bolsonaro/ (9)https://www.semprefamilia.com.br/blog-da-vida/votacao-por-cidades-mostra-que-bispos-de-esquerda-fracassaram-ao-tentar-influenciar-fieis/

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Francisco Gomes Machado

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