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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Católicos de esquerda planejam pressão sobre o Sínodo da Família


O movimento “Nós somos Igreja” defende uma Igreja igualitária e favorece uma concepção liberal da moral: destruição da diferença entre leigos e sacerdotes, abolição do celibato, aceitação de relações sexuais extraconjugais, de novo casamento após o divórcio, compreensão em relação ao aborto e assim por diante.
O movimento “Nós somos Igreja” defende uma Igreja igualitária e favorece uma concepção liberal da moral: destruição da diferença entre leigos e sacerdotes, abolição do celibato, aceitação de relações sexuais extraconjugais, de novo casamento após o divórcio, compreensão em relação ao aborto e assim por diante.

Um dos aspectos mais importantes no Pontificado do Papa Francisco é a Pastoral do Matrimonio e da Família. Para analisar e debater as exigências de nosso tempo, convocou ele um “pequeno” encontro de bispos, realizada em outubro de 2014. Esse Sínodo devia preparar um “grande” Sínodo da Família que deverá ocorrer em outubro de 2015.

Esses dois Sínodos da Família estão sendo utilizados pelo catolicismo de esquerda como uma ocasião muito bem-vinda para fazer propaganda de uma sua “visão” revolucionária da Igreja e de seu Magistério.

A ponta de lança do catolicismo reformista de esquerda é o movimento “Nós somos Igreja”. Desde há cerca de 20 anos vem ele lutando em prol de uma Igreja igualitária e favorecendo uma concepção liberal da moral: destruição da diferença entre leigos e sacerdotes, abolição do celibato, aceitação de relações sexuais extraconjugais, de novo casamento após o divórcio, compreensão em relação ao aborto e assim por diante.

O movimento “Nós somos Igreja”, ideologicamente bastante atualizado

Dessa forma “Nós somos Igreja” propaga dentro da Igreja Católica todas as posições defendidas no campo temporal por diversas organizações e ativistas da revolução sexual segundo o espírito do movimento de maio de 1968.

Por causa das discussões, provocadas pelas declarações do Card. Kasper, sobre uma possível reavaliação da situação dos católicos desquitados e recasados, vieram à tona todos os temas de “Nós somos Igreja” Durante muito tempo quase não se ouviu falar desta assim-chamado “movimento de base”. De certo modo o Card. Kasper tirou-o do esquecimento em que jazia.

Apesar de sua falta de atividade o movimento „Nós somos Igreja“ não permaneceu parado ideologicamente no tempo.  No documento de trabalho “Textos e subsídios para o Sínodo das Famílias 2014-2015” ele incorpora inteiramente os últimos avanços da revolução sexual dos últimos anos.

Os progressistas querem infiltrar todos os campos

Assim eles são hoje a favor de uma avaliação positiva da homossexualidade e das parcerias homossexuais, exigem uma avaliação positiva do “amplo espectro de relacionamentos sexuais  de diferentes intensidades e formas de expressão”, exigem a aceitação dos meios artificiais de contracepção etc. Essas exigências, que se encontram num documento intitulado “Sexualidade como força dispensadora de vida”,  diz muito a respeito do pensamento de seus autores.

Igualmente o seu conceito de família mal se diferencia do que pensam os ideólogos da doutrina de gênero: “Podem-se encontrar cristãs e cristãos honestamente engajados em questões de família e parceria em diferentes formas de vida e de família: matrimônios bem constituídos com ou sem filhos, casamentos e parcerias fracassados, segundos casamentos bem sucedidos, mães e pais solteiros, famílias não estruturadas, parcerias homossexuais com ou sem filhos, solteiros vivendo em redes semelhantes a familias…”

Porém “Nós somos Igreja” não se limita apenas a fazer exigências e a redigir documentos de trabalho. Quer estar ativo em todos os campos, a fim de instituir uma Igreja revolucionária. Uma lista com quase vinte “Possibilidades de Ação Local” explica a seus seguidores como tornar conhecidas as ideias do movimento. Um “calendário do Sínodo” esclarece as etapas mais importantes daqui até a reunião do Sínodo em outubro de 2015 e coordena as atividades em todo o território nacional (da Alemanha), a fim de obter o maior efeito possível.

Os pastores não afugentam o lobo

Em resumo:  “Nós somos Igreja” organizou uma verdadeira campanha com o objetivo de introduzir a revolução sexual na Igreja por meio do Sínodo das Famílias 2015.

Naturalmente este movimento não está agindo sozinho na Alemanha. Uma multidão de teólogos subvencionados trata de fazer o trabalho intelectual prévio para desmontar a moral católica a respeito do sexo e matrimonio. Eles publicam seus trabalhos em editoras renomadas como a Herder ou a Patmos. Em seus escritos são reproduzidos praticamente todas as teses da revolução sexual, incluídos os novos desenvolvimentos a respeito da teoria de gênero. A única coisa que os ativistas de “Nós somos Igreja” têm que fazer é ler estes livros a fim de coletarem um numero suficente de argumentos para sua campanha de propaganda. Em suma, existe na Alemanha uma maquinaria muito bem preparada para levar a cabo a destruição de campos essenciais do Magistério eclesiástico.

É quase supérfluo dizer que poucos são os membros do Episcopado alemão que refutam as desaforadas exigências de “Nós somos Igreja”. Muitos apoiam inclusive a implementação das ideias do Card. Kasper a respeito da pastoral familiar. Neste contexto não desempenha qualquer papel o fato de que tais ideias já tenham sido rebatidas muitas vezes, entre outros pelo Card. Ratzinger, então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. A trancos e barrancos querem os progressistas adaptar a Igreja ao  espírito do tempo de hoje.  Naturalmente esta situação não é nova. Porém nova é a determinação com que se quer jogar pela borda a moral sexual e matrimonial católica.

Católicos fiéis à Fé da Polônia, Croácia e África nos apoiam

Deve-se agradecer o fato de que a Igreja Católica na Alemanha não tenha tomado uma via própria em grande medida aos fiéis católicos provenientes da Croácia, Polônia e África . Sem esses católicos não existiria mais a vida da Fé em muitos lugares, sobretudo nas grandes cidades. Ademais eles se tornam cada vez mais ativos e atualmente se engajam nos assuntos internos da Igreja. O Catolicismo imperante na Alemanha, constituído de conselhos de católicos leigos reformistas que ocupam cargos decisivos, vai aos poucos encontrando concorrência.

A esperança para a Igreja Católica na Alemanha vem de países e regiões nas quais a Fé ainda não se evaporou tanto quanto aqui entre nós: Polônia, Ásia, África. De lá, bem como dos Estados Unidos, veio a maior resistência no Sínodo dos Bispos de 2014 contra a desmontagem da moral sexual e matrimonial, cuja força impulsionadora era uma parte do episcopado alemão que se alinhou às teses do Card. Kasper.

Mas a esperança vem também dos próprios católicos alemães. Durante muito tempo eles deixaram que a mentalidade liberal de esquerda se espalhasse na Igreja. Contudo, esses católicos estão se tornando mais ativos e se organizando.

O Coração de Maria triunfará

É ainda  incerto o desfecho deste confronto. Mas uma coisa é certa: A Igreja Católica na Alemanha ruma em direção a tempos turbulentos. “Mas por fim o meu Coração Imaculado triunfará” prometeu Nossa Senhora em Fátima. Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós!

(Tradução: Renato Murta de Vasconcelos)

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Mathias von Gersdorff

Mathias von Gersdorff

42 artigos

Economista, jornalista e ativista pró-vida, escreveu diversos livros e é diretor da campanha "Crianças em Perigo" da Associação Alemã pró-Civilização Cristã.

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