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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Mães encolerizadas e blusões proibidos


Prosseguem as multitudinárias manifestações – Manif pour tous – por toda a França contra a determinação do governo socialista de François Hollande de aprovar o “casamento” entre homossexuais, inclusive com adoção de crianças. Os protestos não só continuam mas prometem crescer de intensidade após a aprovação dessa lei pela Assembléia de maioria socialista.

Fato novo e muito significativo: em épocas passadas, eram os revolucionários que saiam às ruas para exigir medidas de índole comunista, igualitária e imoral; desta vez são famílias bem constituídas, pais e mães com seus filhos, jovens estudantes e operários, que vão protestar contra as imposições de um governo que, embora dizendo-se democrático, porta-se como uma ditadura comunista.

Sem se incomodar em ouvir o que a população tem a ponderar, a tática de Hollande tem sido reforçar o contingente policial, utilizando meios drásticos e truculentos para limitar o quanto possível o alcance e a intensidade do desacordo dos manifestantes.

Vítimas dessa truculência têm sido inclusive as crianças, atingidas brutalmente por jatos de gás e outras atitudes violentas.

Por essa razão, na cidade de Lyon, por volta de cinqüenta mães reuniram-se diante das grades da Prefeitura, para protestar contra as agressões sofridas por seus filhos e filhas. Dizendo-se encolerizadas, elas entregaram ao Prefeito uma carta, cujos principais tópicos aqui transcrevemos:

“Sr. Prefeito:

Charlotte, 11 meses, Paul, 2 anos e meio, Cécile, 4 anos, Jade, 8 anos, Maxime, 18 meses, Antoine, 6 anos, Louis, 10 anos, Vadim, 5 anos, Camille, 7 anos, Augustine, 7 anos, Roch, 4 anos e meio, Lea, 11 anos, Arthur, 4 anos, Calixte, 8 anos, Thaïs, 5 anos e meio, Marion, 21 meses, Samuel 6 anos e meio, Jules, 3 anos, Louise, 9 anos, Estelle, 10 anos, Ethan, 4 anos, etc.

Isto, Sr. Prefeito, é a lista, muito longa mas não exaustiva, das crianças lyonesas gaseadas em 24 de março, em Paris, por ocasião da “Manifestação para todos”, às vezes à queima-roupa … Quase 10 dias transcorreram e estamos aqui porque, passada a sideração, o estado de choque permanece!

Deixai-nos dizer-lhe quem somos, sr. prefeito. Nós somos os chamados “cidadãos honestos”: nós pagamos os nossos impostos, não temos antecedentes criminais. Aos nossos filhos, nós ensinamos o respeito às pessoas e às regras, a importância da palavra dada, o amor ao trabalho bem feito. Nós nos esforçamos para fazer deles os homens e as mulheres de amanhã, cidadãos conscientes das responsabilidades que eles terão na sociedade, cumpridores de seus deveres antes de reivindicar seus direitos. Entenda, Sr. Prefeito, nós educamos nossos filhos a respeitar a autoridade e a ordem que fundamentam o bem comum. Esta ordem e esta autoridade que Vós representais … ou que se supõe que representais. (…)

No dia 24 de março, Vós desacreditastes aos nossos olhos e aos de nossos filhos a legitimidade de vosso poder, porque abusastes dele.

Nós estamos encolerizadas, Sr. Prefeito! E como poderíamos não estar, pois nossos filhos foram tratados com extrema violência, (…) e Vós pisoteastes num instante todos os valores nos quais nós os educamos?

Sr. Prefeito, teremos que ensinar aos nossos filhos que a lei não protege sempre, que a força pública é às vezes é abusiva e que a resistência pode tornar-se a condição da liberdade? Esperamos de Vós uma palavra, um gesto que restaure a confiança: nossos filhos foram gaseados enquanto participavam da “Manifestação para todos”, evento pacífico e inofensivo pela retirada de uma lei prejudicial para nossa sociedade e o futuro das crianças. Manifestai-lhes o vosso pesar, apresentai-lhes o vosso pedido de desculpas e prometei-lhes fazer subir sua incompreensão ao grau mais alto desse Estado que Vós representais.

Sr. Prefeito, ao atingir nossos pequenos, Vós nos transformastes em leoas, prontas a tudo para defendê-los. Fazei saber a quem de direito, que não se atiça impunemente a cólera de mães! ” (Le Salon Beige,2-4-13)

*                                 *                                 *

Durante as manifestações, numerosos participantes foram levados à delegacia para prestar declarações e registrar um boletim de ocorrência, pelo simples fato de estarem revestidos de um blusão com a inscrição “Manif pour tous” (Manifestação para todos). Tal é a liberdade socialista!

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Autor

Gregorio Vivanco Lopes

Gregorio Vivanco Lopes

173 artigos

Advogado, formado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Autor dos livros "Pastoral da Terra e MST incendeiam o Brasil" e, em colaboração, "A Pretexto do Combate Á Globalização Renasce a Luta de Classes".

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