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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Mais uma eleição, mais uma lição…


Por que ganhou Humala?

A eleição presidencial no Peru deixa-nos um ensinamento que já não pode ser ignorado: a política não pode ser conduzida à margem dos princípios morais.

Recapitulemos os fatos. O esquerdista Ollanta Humala acabou sendo eleito por apenas 2.9% de votos, graças ao know how do publicista brasileiro João Santana. Tal como fez com a candidata esquerdista Dilma Roussef, apresentando-a com um look burgues que lhe permitiu conquistar a presidência do Brasil, Santana fabricou no Peru um “Humalinha paz e amor”: trocou-lhe a ultra-proletária camiseta vermelha pela formal camisa azul com gravata, o punho esquerdo em riste pela fotografia de família como pai carinhoso de três simpáticas crianças, etc.

Mas só por si, esses truques não lhe teriam bastado para vencer. Um outro fator intercorreu no final da campanha, o qual —esse sim— foi decisivo na derrota de sua rival, a Sra. Keiko Fujimori.

A evolução das pesquisas, que revelavam um virtual empate técnico, é muito eloquente. Um manifesto de Tradición y Acción, publicado no dia 24 de maio, denunciou que o programa do partido do Humala, Ganha Peru, ataca simultaneamente a propriedade e a família, conjugando socialismo econômico com revolução anarco-sexual. E assinalava o imperativo moral de votar contra o marxismo. Publicado em sete jornais do país, com tiragem total próxima aos 500 mil exemplares, resumos do manifesto e avisos para leitura no site MarxismoNuncaMas.com, foram estampados em outros onze jornais, com mais de 400 mil exemplares.

O efeito foi imediato: de 24 a 29 de maio, a intenção de voto nulo ou branco foi decrescendo, e a diferença a favor da candidata anti-Humala subiu até quase 5%.

Mas em 28 de maio, apenas nove dias antes da eleição, estourou o caso das esterilizações forçadas de 300 mil mulheres indígenas, praticadas nos anos 90 durante pelo governo de Alberto Fujimori, o pai da Sra. Keiko. A denúncia envolvia a um dos principais dirigentes da campanha desta, ex-ministro da Saúde. Foi um furioso estrondo publicitário, a propósito de um tema estritamente moral e extremamente sensível. E resultou fatal para a Sra. Keiko, cujo movimento não soube se desvincular do caso com a rapidez e a contundência que a acusação requeria; muitos votos acabaram assim migrando para o lado humalista.

Ou seja, mais uma vez constatou-se que, tal como o afirma o manifesto de Tradición y Acción, os temas de natureza moral vem ocupando cada vez más o cenário público. Fenômeno que deve ser saudado, porque poderá servir aos defensores da propriedade, da vida e da família para coarctar a provável investida dos setores mais radicalmente marxistas de Ganha Peru contra esses valores fundamentais. Sem dúvida a tarefa será árdua; mas se eles souberem se articular e agir com inteligência, tato e clareza de argumentos, poderão enfrentá-la com êxito.

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Alejandro Ezcurra

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