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Plinio Corrêa de Oliveira
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Maria, um caminho nobre


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“Virgem bela, vestida de sol, coroada de estrelas, tanto agradastes ao sumo Sol que em Ti escondeu sua luz. O amor move-me a dizer de Ti algumas palavras, mas não sei começar sem a tua ajuda, e a d’Aquele que por amor se colocou em Ti”.

Com essas célebres e lindas palavras de Petrarca começo estas linhas, acrescentando-lhes o verbo inspirado de Santo Agostinho que toma outro aspecto da questão: “Dou por certo que, se tiveres continuamente na memória os gozos do Céu, farias deste mundo um subúrbio do reino celeste, no qual cada dia gozarias da doçura eterna”.(1)

Como sair do que Santo Agostinho chama de subúrbio (esta Terra com suas mazelas) e ir para a cidade plena (o mundo celeste)? Nossa Senhora é o caminho nobre e seguro.

Afirma o grande pregador da devoção mariana, o missionário francês São Luís Maria Grignion de Montfort: “Ainda que me apresentem um caminho novo para ir a Jesus Cristo, e esse caminho seja pavimentado com todos os merecimentos dos bem-aventurados, ornado de todas suas virtudes heroicas, iluminado de todas as luzes e belezas dos anjos, e que todos os anjos e santos lá estejam para conduzir, defender e amparar aqueles e aquelas que o quiserem palmilhar; em verdade, em verdade, digo ousadamente, e digo a verdade, eu havia de preferir a este, tão perfeito, o caminho imaculado de Maria: via ou caminho sem a menor nódoa ou mancha, sem pecado original ou atual, sem sombras nem trevas.(2)

Mas aqueles que gostam de desvios, que gostam de patrocinar desvios, se põem a campo para dificultar nossa caminhada, promovendo o que Plinio Corrêa de Oliveira denomina “conjuração sistemática contra Nossa Senhora”.

“Às vezes, metem-se a falar da devoção à Virgem Mãe Santíssima, não, porém, para assentá-la e propagá-la, e sim para destruir os abusos que dela se fazem. Estes senhores são, no entanto, desprovidos de piedade, e não têm por Vós [Nosso Senhor] sincera devoção, pois que não a têm a Maria. Consideram o rosário, o escapulário, o terço, como devoções de mulheres, próprias de ignorantes, sem as quais se pode obter muito bem a salvação. E se lhes cai nas mãos algum devoto da Virgem Santíssima que recita o seu terço ou pratica qualquer outra devoção mariana, mudam-lhe em pouco tempo o espírito e o coração.”(3)

As palavras acima são de nossa época? Não, são do século XVII. E seu autor, São Luís Grignion de Montfort, denuncia aí um trabalho sistemático contra Nossa Senhora, feito dentro da Igreja. Mostra que havia, naquele tempo, pessoas desprovidas de sincera devoção para com Nosso Senhor, que tinham como principal preocupação destruir a devoção à Virgem Santíssima. Assim, se caísse em suas mãos alguém que tivesse o hábito de rezar o terço, a primeira coisa que fariam seria procurar tirar-lhe esse hábito, para aconselhá-la a rezar os salmos. São desvios antigos.

“Há uma analogia muito grande com o que acontece em nossa época nesse ponto. É importante ter presente que, segundo São Luís Grignion, essas pessoas não têm amor a Jesus Cristo, mas consagram-se apenas a destruir a devoção a Nossa Senhora, simplesmente porque a querem aniquilar. E não a substituirão por uma verdadeira devoção a Nosso Senhor.(4)

“Se formos verificar o resultado da ação dessas pessoas, zelosas em diminuir a devoção a Nossa Senhora, veremos que elas diminuem também o culto a Nosso Senhor. A devoção que têm a Jesus é fraca, pequena, sem consistência. Pelo contrário, naqueles que não temem exagerar a devoção a Nossa Senhora pelo receio de diminuir o culto a Nosso Senhor, verificamos que o amor deles a Jesus Cristo é intensíssimo. É a confirmação de que a verdadeira devoção a Jesus Cristo só existe quando há devoção à Virgem Santíssima.(5) Eis as palavras de São Luís Grignion:

“Ó meu amável Jesus, terá essa gente o vosso Espírito? Será possível que Vos agradem, agindo desse modo? Poderá alguém agradar-Vos, sem fazer todos os esforços para agradar a Maria, por medo de Vos desagradar? A devoção à vossa Mãe impede a vossa? Atribuirá Ela a si as honras que Lhe damos? Formará Ela um partido diverso do vosso? É Ela, acaso, uma estrangeira sem a menor ligação convosco? É desagradar-Vos, querer agradar-lhe? Separamo-nos, talvez, ou nos afastamos de vosso amor, se nos damos a Ela e A Amamos?”(6)

O mesmo autor destas palavras, o admirável São Grignion de Montfort, sabe entretanto descrever com doçura em outro livro, O Segredo de Maria, outro aspecto da Mariologia. Não há espaço para estender-me sobre tema tão sublime. Termino, contudo, com o que dele diz o Dr. Plinio:

O segredo de Maria “se apresenta como um pacote de luz tão intenso, que é secreto para nós porque não podemos olhar dentro dele. É mais ou menos como o sol é secreto. O sol não o é porque seja um astro apagado e oculto, que perambula traiçoeiramente pela abóbada celeste, mas é porque tem tanta e tanta luz, que nosso olhar não pode penetrar dentro dele”.(7)

_______
Notas:
1. Santo Agostinho, De Trinitate, lib. IV, c.20, n. 28.
2. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, Ed. Vozes, Petrópolis, 1985, p.153.
3. Op. cit. p.67.
4. Conferência de Plinio Corrêa de Oliveira, sem revisão do autor.
5. Op. cit.
6. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, p. 68.
7. Conferência de Plinio Corrêa de Oliveira, 2-11-88, sem revisão do autor.

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Leo Daniele

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