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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Milagres e prodígios na História do Brasil


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A providência Divina protegeu o País desde seu descobrimento, tanto na defesa das fronteiras do oeste quanto na expulsão dos invasores estrangeiros, manifestando claramente sua predileção por nossos ancestrais luso-brasileiros.

Estudando a História do Brasil, chegamos facilmente à conclusão de que a unidade religiosa e política do País foi mais obra de Deus do que dos homens. Nos estreitos limites de um simples artigo, apresentaremos alguns exemplos que ilustram esse pendor da Providência e de Nossa Senhora para com o povo brasileiro.

No Brasil-colônia dos séculos XVI, XVII e XVIII era tão grande a devoção a Nossa Senhora do Carmo, que todos os postos da fronteira oeste a adotaram como Padroeira. Tal devoção já era muito antiga entre os militares portugueses, sendo a Virgem do Carmo considerada protetora dos que iam combater forças mais poderosos.

Um desses episódios milagrosos da História pátria ocorreu em 1864, quando uma flotilha paraguaia atacou o Forte de Coimbra, perto de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, com 13 embarcações e 3.200 homens. Do lado brasileiro, havia apenas 155 homens e 70 mulheres, o que representava uma proporção de trinta para um, a favor dos paraguaios. Após dois dias de cerco e combates, a munição brasileira chegava ao fim. Entretanto, nenhum dos defensores da guarnição havia caído morto e nem eles estavam dispostos a se entregar.

Nossa-Senhora-do-Carmo-177x300Do lado inimigo, contudo, já se verifica uma perda de 42 mortos e 164 feridos. Foi quando o comandante Portocarrero recorreu à imagem de Nossa Senhora do Carmo, Padroeira do Forte [Imagem ao lado], colocando-a sobre a muralha, o que acarretou a imediata paralisação do exército paraguaio. Isto permitiu aos brasileiros uma retirada com honra. Sob a proteção da noite, subiram eles o rio em direção a Cuiabá, conduzindo a imagem.

Devido a esse e muitos outros milagres, Nossa Senhora do Carmo é venerada como Padroeira da Fronteira Oeste, tendo direito à guarda de honra do Exército brasileiro correspondente ao posto de General-de-Brigada, representada na imagem do Forte de Coimbra (cfr. “Noticiário do Exército”, Brasília, 15-7-92).

Luta contra o herege holandês

Durante vinte e quatro anos, de 1630 a 1654, os holandeses invadiram e permaneceram em nosso território. Eram eles calvinistas que traziam na alma sentimentos de ódio ao Catolicismo, espalhando por toda parte a morte. Violavam lares, profanavam templos católicos e praticavam os crimes mais hediondos. Deus, entretanto, protegia a Terra de Santa Cruz, suscitando para sua defesa autênticos heróis, além de operar vários milagres, comprovados por documentos históricos, em defesa dos brasileiros.

Nos dias 15 de julho e 2 de outubro de 1645, foram barbaramente assassinadas 60 pessoas nas localidades de Cunhaú e Uruaçu [desenho abaixo], pertencentes hoje aos municípios de Canguaretama e São Gonçalo do Amarante, próximos de Natal, no Rio Grande do Norte.

Martírios acompanhados de prodígios

Martires-de-Cunhau-193x300Cunhaú era um grande engenho de açúcar, ao redor do qual surgira uma pequena vila. A chegada do delegado holandês Jacó Rabe, em 15 de julho de 1645, acompanhado de índios tapuias e potiguares, quebrou a tranqüilidade do povoado.

Toda a população foi convocada a se reunir na igreja, onde seriam transmitidas ordens do governo holandês que dominava o Nordeste. Depois de todos reunidos, Rabe ordenou que o vigário, Padre André de Soreval, celebrasse uma Missa. Prevendo que algo de pior poderia acontecer, o celebrante interrompeu o Santo Sacrifício e fez uma advertência aos índios e holandeses: aquele que tocasse nele, no altar ou nos vasos sagrados ficaria com os braços secos e morreria de modo atroz. Logo depois, os holandeses fecharam as portas da igreja e realizaram uma matança de todos os presentes, inclusive do sacerdote.

Poucos dias após a chacina, a maldição se cumpriu: os Índios que haviam desobedecido o padre ficaram com seus braços paralisados e ressequidos; e, tomados de desespero, puseram fim às suas vidas, matando-se uns aos outros.

No dia 2 de outubro, o mesmo Jacó Rabe, em companhia de 200 indígenas, invadiu a aldeia de Uruaçu e trucidou toda a população, depois de longas sessões de tortura, não permitindo que os cadáveres fossem sepultados.

Passados quinze dias, foram os parentes sepultar o que restara do morticínio. Chegando ao local, encontraram os restos mortais frescos e incorruptos, bem como o sangue a brilhar como se as vítimas acabassem de ser mortas.

Pairava no local um odor agradável e intenso que perdurou ainda por muito tempo. À noite, de retorno ao povoado, os parentes dos mártires ouviram uma música celestial, que provinha do local do sepultamento, a qual foi percebida também por muitos holandeses.

Há um pedido de exame do processo de canonização desses 60 mártires de Cunhaú e Uruaçu junto àSagrada Congregação para as Causas dos Santos, em Roma. E entre os católicos, na região norte do País, é difundida a fama de martírio e santidade dessas vítimas do invasor calvinista.

Naquela mesma ocasião, uma menina, filha de Diogo Pinheiro, escondeu-se em seu quarto e chorava em virtude daquelas atrocidades, quando uma formosa Senhora lhe apareceu com o chicote na mão, dizendo-lhe com muita gravidade: “Não chores menina, que, com este chicote, hão de ser castigados os ministros da crueldade, que logo verás”. Em seguida desapareceu. Era Nossa Senhora que fazia a previsão, sem demora cumprida: fo­ram passados a fio de espada pelos luso-bra­sileiros todos os agressores, inclusive o pérfido comandante holandês Jacó Rabe.

A milagrosa vitória do Monte das Tabocas

No intervalo entre as duas chacinas acima referidas, a 3 de agosto de 1645, travou-se a famosa Batalha do Monte das Tabocas, aproximadamente a 30 quilômetros de Recife, a qual resultou na primeira derrota sofrida pelos holandeses: 400 deles foram mortos nos combates, contra 28 do lado luso-brasileiro! Narram os historiadores que, ao final da luta, os holandeses encurralavam os católicos para cima do monte, quando o Padre Manoel de Morais ergueu alto um crucifixo e bradou:

“Senhor Deus, Misericórdia. Irmãos, digamos todos uma Salve Regina à Virgem Mãe de Deus”.Enquanto todo o exército rezava com fervor essa oração, os calvinistas holandeses, tomados de indescritível pânico, começaram a fugir, em grande confusão, enquanto os nossos bradavam: “Vitória!”

No dia seguinte, muitos holandeses aprisionados contaram que, no auge da batalha, viram caminhar entre os católicos uma Mulher muito formosa, com um Menino nos braços; e, junto a Ela, um venerando ancião vestido de branco. Eles davam armas, pólvora e munições aos nossos soldados, sendo tal o resplendor lançado pela Mulher e pelo Menino, que lhes cegava os olhos. Essa visão cau­sou-lhes tanto terror, que se retiraram logo em grande confusão.

Os historiadores são unânimes em afirmar que se tratava de Nossa Senhora com o Menino Jesus e de Santo Antão — o venerando velho — ao qual estava dedicada, a curta distância dali, uma pequena igreja (cfr. Catolicismo, setembro/86).

Expulsão dos franceses nos séculos XVI e XVII

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“Partida de Estácio de Sá” (Benedito Calixto, 1853-1927), representando o Padre Manuel da Nóbrega abençoando a esquadra que combateu os franceses calvinistas na Baía de Guanabara.

No dia 20 de janeiro de 1567, ocorreram no Rio de Janeiro as célebres vitórias alcançadas pelos luso-brasileiros em Uruçumirim, hoje Outeiro da Glória, e em Paranapuã, atual Ilha do Governador, contra invasores franceses calvinistas. Estácio de Sá, o jovem sobrinho do Governador Geral Mem de Sá, comandou heroicamente nossos compatriotas nessas batalhas, vindo a falecer nos combates em virtude de uma flechada que atingiu seu rosto.

Foram muitos os milagres e prodígios ocorridos naquela ocasião. Conta a legenda que São Sebastião apareceu, no dia de sua festa, que se comemora a 20 de janeiro, ao lado dos luso-brasileiros em Uruçumirim, comandando-os na investida contra as posições inimigas.

As flechas dos indígenas, aliados dos inimigos, atiradas contra os padres jesuítas, não os atingiam, o que deu mais ânimo aos combatentes luso-brasileiros.

Os franceses, ao final dos combates, tiveram suas fortificações arrasadas e suas tropas desbaratadas. Desarmava assim o sonho dos hereges de instalar a França Antártica na Guanabara.

A destruição da França Equinocial

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Em situação de grande inferioridade bélica, mas auxiliado por milagrosa aparição de Nossa Senhora, Jerônimo de Albuquerque venceu a batalha de Guaxenduba, destruindo assim a tentativa de fundação da França Equinocial

No Maranhão, 47 anos após essa derrota dos calvinistas, houve a tentativa de fundação da França Equinocial,embora, nessa ocasião, os invasores fossem católicos. Seu plano frus­trou-se com a vitória de nossos compatriotas na batalha de Guaxenduba. Sob o comando de Daniel de La Touche, os franceses foram vencidos pelas forças comandadas pelo heróico Jerônimo de Albuquerque. [pintura ao lado]

Trezentos franceses e dois mil índios, seus aliados, enfrentaram, em 19 de novembro de 1614, 200 brasileiros e 100 indígenas, numa batalha que durou seis horas, em uma praia localizada na Baía de São José, ao lado da capital maranhense, São Luiz. Em artigo publicado em nossa edição de março de 1992, esse assunto foi abordado especificamente, com base em sólida documentação histórica.

Narram os historiadores que, no fragor dos combates, uma Senhora de aparência radiosa apareceu entre os luso-brasileiros, percorrendo suas fileiras, enquanto os incentivava à luta. Ela apanhava areia da praia e a oferecia já transformada em pólvora, aos soldados, ao mesmo tempo em que curava os feridos. Era a Mãe de Deus que, dessa forma, revigorava nossos compatriotas com sua presença, assumindo a posição de verdadeira comandante das tropas luso-brasileiras. Com a vitoriosa batalha de Guaxenduba terminou o domínio francês no Maranhão.

*       *       *

Em todos esses episódios, a predileção da Providência Divina e de Nossa Senhora por nossa Pátria, desde os primórdios da colorização, fica patente. Cabe a nós, brasileiros, corresponder, com a autenticidade de um ardente Catolicismo, a tantas e assinaladas graças concedidas à Terra de Santa Cruz.

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BIBLIOGRAFIA

1. Manoel E. Altenfelder Silva, Brasileiros Heróis da Fé. Livraria Salesiana Editora, São Paulo, 1928.

2. Pedro Calmon, História do Brasil. Livraria José Olímpio Editora, Rio de Janeiro, 1959.

3. Mário M. Meirelles, França Equinocial. Civilização Brasileira, São Luís, 1982.

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Carlos Sodré Lanna

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