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Plinio Corrêa de Oliveira
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O igualitarismo vem de longe


O igualitarismo foi sempre dominante, como é em nossos dias? Não. Ele passou a ser dominante na era pós-medieval, antes não era generalizado. E começou a se afirmar à luz do sol com a grande explosão de orgulho, que foram a Renascença e o Protestantismo (s. XIV a XVI). Dr. Plinio descreve à perfeição o que se passou:

O orgulho deu origem ao espírito de dúvida, ao livre exame, à interpretação naturalista da Escritura. Produziu ele a insurreição contra a autoridade eclesiástica, expressa em todas as seitas pela negação do caráter monárquico da Igreja Católica, isto é, pela revolta contra o Papado. [1]

As seitas mais radicais negaram toda aristocracia à Igreja, isto é, os Cardeais, os Bispos, e algumas os simples padres. O que sucedeu foi uma verdadeira revolução, primeira na ordem da religião e das ideias. Passaram-se dois séculos e ocorreu nova explosão igualitária:

Profundamente afim com o protestantismo, herdeira dele e do neopaganismo renascentista, a Revolução Francesa realizou uma obra de todo em todo simétrica à da Pseudo-Reforma. A Igreja Constitucional que ela, antes de naufragar no deísmo e no ateísmo, tentou fundar, era uma adaptação da Igreja da França ao espírito do protestantismo. E a obra política da Revolução Francesa não foi senão a transposição, para o âmbito do Estado, da “reforma” que as seitas protestantes mais radicais adotaram em matéria de organização eclesiástica:

Como assim?

– Revolta contra o Rei, simétrica à revolta contra o Papa;

– Revolta da plebe contra os nobres, simétrica à revolta da “plebe” eclesiástica, isto é, dos fiéis, contra a “aristocracia” da Igreja, isto é, o Clero;

– Afirmação da soberania popular, simétrica ao governo de certas seitas, em medida maior ou menor, pelos fiéis.[2]

Esta foi a segunda Revolução.

Implantadas nos terrenos religioso e político estas duas revoluções ‒ o Protestantismo e a Revolução Francesa ‒ faltava o campo econômico. Foi quando surgiu o comunismo, a terceira Revolução.

O orgulho, inimigo de toda superioridade, haveria de investir contra a última desigualdade, isto é, a de fortunas. E assim, ébrio de sonhos de República Universal, de supressão de toda autoridade eclesiástica ou civil, de abolição de qualquer Igreja e, depois de uma ditadura operária de transição, também do próprio Estado, aí está o neobárbaro do século XX, produto mais recente e mais extremado do processo revolucionário.[3]

Mas o comunismo morreu, e com ele morreu o igualitarismo. Morreu mesmo? Ou está mais ativo do que nunca? Ao leitor, peço a resposta.


[1] Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, I, III, 5.
[2] Op. cit., id.
[3] Op. cit., id.

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Leo Daniele

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