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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

09/06 – São José de Anchieta, Apóstolo do Brasil, Confessor


Beato Padre José de Anchieta
São José de Anchieta

Anchieta foi um dos maiores, senão o maior dos forjadores da unidade nacional nos primórdios da nossa história.

Como tal, não lhe faltam títulos: evangelizador dos índios (aos quais também civilizou e instruiu); elo de ligação e harmonia entre brancos, silvícolas e negros; desbravador e fundador de vilas e cidades; incentivador e participante de expedições militares para a expulsão dos hereges invasores de nosso território; e incentivador da construção de fortes para a defesa do litoral contra os piratas europeus.

José de Anchieta nasceu em 1534 na cidade de São Cristóvão da Laguna, na ilha de Tenerife, do arquipélago das Canárias, pertencente à Espanha. Foi um dos doze filhos de João Lopez de Anchieta e Mencia Dias de Clavijo y Lerena, da nobrez local. Depois de aprender as primeiras letras em casa, frequentou a escola dos frades dominicanos.

Aos 14 anos o adolescente foi com seu irmão mais velho continuar os estudos em Coimbra, matriculando-se no curso de Humanidades e Filosofia no Real Colégio das Artes. Era um jovem inteligente, aplicado, alegre, estimado e querido por todos. Exímio escritor, sempre se disse influenciado pelas cartas que São Francisco Xavier, o Apóstolo das Índias, escrevia a seus irmãos de hábito sobre o seu apostolado no Oriente. Amava a poesia e, mais ainda, gostava de declamar. Por causa da voz doce e melodiosa, era chamado pelos companheiros de “o canarinho”, numa alusão à sua terra. Mas, além de tudo, José era já notado por sua virtude. Aos 16 anos fez voto de castidade, consagrando sua virgindade à Virgem Maria.

Atraído pelas virtudes dos jesuítas no esplendor de sua vocação, matriculou-se no Colégio da Companhia. O adolescente tinha o hábito de se retirar a um local ermo para dedicar-se à oração e à contemplação. Um dia em que rezava diante do altar de Nossa Senhora na catedral de Coimbra, resolveu, inspirado pela Mãe de Deus, dedicar sua vida em sua honra, fazendo-se religioso na Companhia de Jesus.

Foi assim que, em 1551, foi nela recebido como noviço aos 17 anos, logo se notabilizando por uma piedade eucarística extraordinária, que o levava a acolitar diariamente tantas missas quanto possível, às vezes cinco.

José de Anchieta adoeceu gravemente no Noviciado, e todos temiam que não pudesse pronunciar os votos perpétuos que o ligariam para sempre à Companhia. Entretanto, mesmo doente, em 1553 ele fez os votos de obediência, pobreza e castidade.

Sucedeu então que o Pe. Manuel da Nóbrega, Superior dos jesuítas do Brasil, querendo mais religiosos para trabalhar na evangelização do imenso país, solicitou alguns membros à Companhia, argumentando que podiam mandar inclusive os doentes, pois tão suave era o ar do Novo Mundo, que eles logo se recuperariam. Isso levou os superiores a colocarem o Irmão José, então com 19 anos, na lista dos jesuítas que acompanhariam o Pe. Luís da Grã ao Brasil, na frota do Governador-Geral Duarte da Costa.

Anchieta chegou à Bahia juntamente com outros seis jesuítas, todos doentes, inclusive ele, que nunca mais se recuperou. Em 1554, chamado pelo Pe. Manoel da Nóbrega, dirigiu-se à capitania de São Vicente, no sul do País. De lá foi com o Pe. Manoel da Nóbrega para os campos do planalto de Piratininga com a missão de fundar um colégio para os filhos dos portugueses e índios civilizados. No dia 25 de janeiro, conversão de São Paulo, foi celebrada a primeira Missa da nova fundação da cidade de São Paulo de Piratininga. O santo ficaria nessa área por dez anos.

O trabalho dos missionários nessa terra virgem era estrênuo, pois além de evangelizar os índios, eles deviam tratar com os brancos aqui chegados, frequentemente com o intuito de fazer riqueza, valendo-se para isso inclusive da escravização dos nativos. Com muita paciência, tato e perseverança, incumbia aos religiosos conquistar pouco a pouco o terreno, de maneira a fazer com que a incipiente cristandade pudesse dar frutos.

O Santo tinha de ser “pau para toda obra”: além de professor de latim para os da Companhia, fazia muito serviços braçais e de enfermagem. Ao mesmo tempo, tinha que continuar seus estudos de filosofia e teologia com vistas à ordenação. Aprendeu a língua dos índios tupis para ensiná-los em sua língua nativa, escreveu sua gramática e seu vocabulário, além de outros trabalhos, que depois ajudariam os demais missionários a lidar com os indígenas da costa brasileira. Ele escreveu um poema épico em louvor do governador Mem de Sá, homem realmente bom na administração da jovem colônia.
Como bom engenheiro, o Irmão José dirigiu os índios tupiniquins na abertura de uma nova trilha de acesso do litoral ao planalto de Piratininga, mais distante dos ataques dos tamoios e a responsável pela ligação entre São Paulo e Santos-São Vicente até a construção da Via Anchieta.

Em 1º. de março de 1565 ajudou Estácio de Sá a se instalar junto ao Pão de Açúcar, na entrada da Barra do Rio de Janeiro, a fim de dar combate aos hereges calvinistas franceses que invadiram o Brasil para aqui fundar a chamada “França Antártica”. Como não tinham tropas suficientes para enfrentar a reação portuguesa, eles se uniram aos índios tamoios, que os auxiliariam no combate, no que ficou conhecida como “Confederação dos Tamoios”.

Como a vitória dos franceses seria um triunfo do protestantismo em nossa pátria, o Pe. Nóbrega e o Irmão Anchieta se dirigiram a Iperoig, hoje Ubatuba, para tentar convencer os indígenas a fazerem a paz, ficando Anchieta refém destes. Permanecer num meio inteiramente bárbaro, cercado de índias nuas circulando por toda parte, constituiu uma grande prova para o puríssimo José. Ele fez então a Nossa Senhora o voto de contar sua vida em versos, caso Ela o ajudasse a guardar intacta a pureza. Como isso sucedeu, o Santo escreveu na areia da praia 5786 versos em honra à Mãe de Deus – O Poema da Virgem –, que guardou na memória e pôs no papel em São Vicente, uma vez retornada a paz.

Em Salvador, Anchieta conseguiu em três semestres dar um acabamento meio precário a seus estudos e, aos 32 anos, receber a ordenação sacerdotal de um antigo colega seu em Coimbra, D. Pedro Leitão, o segundo bispo do Brasil. Pode-se imaginar com que fervor esse santo missionário, tão amante da Eucaristia, celebrou sua primeira Missa!

Já sacerdote, voltou ao Rio de Janeiro para assistir os católicos nos derradeiros combates contra os hereges e a transferência de São Sebastião do Rio de Janeiro para o Morro do Castelo. Pôde também assistir em seus últimos momentos o valoroso Estácio de Sá, fundador do Rio de Janeiro, falecido no dia 20 de fevereiro de 1567 em decorrência dos ferimentos de uma flecha que lhe atingira um olho.

De 1577 a 1587 o Pe. Anchieta foi o Superior dos jesuítas do Brasil, tendo viajado muito pelas imensidões de nosso país.

Os dez últimos anos de sua vida foram passados em Reritiba, no Espírito Santo, que tomou seu nome. Ele aí morreu a 9 de junho de 1597, sendo logo considerado santo pelos seus contemporâneos.

Inúmeros foram os milagres operados em vida por esse taumaturgo. Eles nos foram deixados pela tradição, e transmitidos pela Companhia de Jesus às suas casas da Europa, fazendo com que em várias delas se desenvolvesse um culto não oficial a Anchieta. Entretanto, por mistérios insondáveis da Providência, esse que em vida já era chamado de Santo, só recentemente foi canonizado.

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O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira é uma associação de direito privado, pessoa jurídica de fins não econômicos, nos termos do novo Código Civil. O IPCO foi fundado em 8 de dezembro de 2006 por um grupo de discípulos do saudoso líder católico brasileiro, por iniciativa do Eng° Adolpho Lindenberg, seu primo-irmão e um de seus primeiros seguidores, o qual assumiu a presidência da entidade.

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