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Cancún fracassa, mas a ‘religião’ ambientalisa não arreda


O mérito de Cancún não foi de “salvar o planeta”, mas salvar o processo de negociação do acordo climático internacional, que quase foi a pique em Copenhague.

Luis Dufaur

Para dissimular o fracasso da utopia ‒ e manté-la viva enquanto dure ‒ os organizadores da 16ª Sessão da Conferência das Partes (COP 16) para a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), em Cancún, México fizeram eufóricos anúncios.

Entre eles, a criação do “Fundo Climático Verde”, de U$ 100 bilhões de dólares já prometidos em Copenhague, mas que só vigoraria a partir de 2020. Nenhum país ‒ aliás, razoavelmente ‒ deu sinais de querer fornecer algo e não se sabe de onde sairá esse dinheiro.

As promessas de cortar as emissões de CO2 foram altissonantes, mas não saíram de promessas para a circunstância. A poluição sonora do planeta pode ter sido prejudicada, mas a vegetação do planeta vai agradecer: quanto mais CO2 mais produção de alimentos.

Também o futuro pós-2012 do agonizante Protocolo de Kyoto não foi resolvido. Em 2012 ele acaba.

A grande concordância foi em continuar discutindo!

Cancún terminou sem resolver nenhum dos grandes impasses da área. Para a imprensa, o mérito de Cancún não foi de “salvar o planeta”, mas salvar o processo de negociação do acordo climático internacional, que quase foi a pique em Copenhague.

A linguagem diplomática adotada foi fraca e ambígua: insiste em “facilitar”, “estimular”, “identificar”, “recomendar”, e nunca em “decidir, colocar dinheiro, agir”, observou “Valor Econômico”.

“Cancún pode ter salvado o processo mas ainda não salvou o clima” disse Wendel Trio, diretor de política do clima do Greenpeace Internacional, como se o clima fosse salvável como um ursinho panda por decisões dos homens. “É mais um atraso de um ano em decisões-chave”, deplorou seu colega alemão Martin Kaiser, segundo Valor.

Em poucas palavras, a desanimada utopia de um comunismo novo ecológico e universal não morreu. Apenas adiou a data em que tentará uma nova ofensiva contra as soberanias e as economias nacionais.

Em solidariedade com Cancún, o presidente Lula assinou decreto que criou um teto para as emissões brasileiras de CO2. O teto será de 2 bilhões de toneladas de CO² equivalente em 2020. Para esse fim serão necessárias medidas para impedir o desmatamento na Amazônia e no cerrado e melhorar a eficiência energética, da siderurgia e da agricultura. As emissões nacionais teriam sido de 2,2 bilhões em 2005, segundo “Valor”.

Na agricultura será necessário, segundo o decreto, recuperar 15 milhões de hectares de áreas degradadas. Em si mesma a idéia merece aplauso: seria ótima ocasião para recuperar os 84 milhões de hectares de terras entregues à reforma agrária e abandonadas. Postas a produzir absorveriam seis vezes mais CO2 que a superfície contemplada no decreto.

Mas, paremos de sonhar, isto é blasfêmia para a utopia ambientalista. A meta desses 15 milhões provavelmente vai ser usada para prejudicar a expansão de nossa agricultura e o desenvolvimento de regiões necessitadas do Brasil.

Outra idéia é a ampliação do uso de tecnologias para tratamento de 4,4 milhão de metros cúbicos de dejetos de animais. Mais um ponto em que os produtores rurais poderiam dar aula. Mas, esta simples proposta sensata soa como mais uma blasfêmia anti-ambientalista!

A utopia poderá trazer até alguma deputada holandesa para conferenciar sobre como reduzir ou acabar com o gado brasileiro…

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Luis Dufaur

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Escritor, jornalista, conferencista de política internacional no Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, webmaster de diversos blogs.

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