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A devoção ao Sagrado Coração de Jesus consiste em venerar no Coração de Jesus o seu mais íntimo amor e compaixão em relação à humanidade. Foi instituída pela Santa Igreja Católica para os fiéis retribuírem com dignidade a Nosso Senhor Jesus Cristo esse grande amor, com o qual Ele obteve a nossa salvação deixando-se crucificar. A Igreja Católica comemora sua festa na segunda Sexta-feira após o Corpus Christi. Também se comemora nas primeiras sextas-feiras de cada mês.
Durante os dez primeiros séculos do cristianismo, nenhum registro indica culto especificamente ao coração ferido de Jesus. As indicações mais antigas são encontradas nos séculos XI e XII, nos mosteiros beneditinos e cistercienses.
Entre os séculos XIII e XVI, a devoção foi propagada e praticada por diversas Congregações e Ordens religiosas, como franciscanos, dominicanos e cartuxos. Entre os franciscanos, foi recomendada por São Boaventura (1221-1274) em sua Vitis mystica (‘videira mística’): “Quem não amaria este coração ferido, e que tanto ama?”. Tratava-se ainda de uma devoção particular e individual dentro de Ordens religiosas.
Na Idade Média, foram precursores dessa devoção Santa Lutgarda (1182-1246), religiosa mística cisterciense de Aywieres, na Bélgica, que numa visão mística alcançou a troca de seu coração com o do Verbo Encarnado.
Santa Gertrudes (1256-1302) foi a primeira vidente a quem o Sagrado Coração de Jesus se manifestou. São João Evangelista revelou a ela que a devoção ao Sagrado Coração estava destinada a um tempo futuro, quando a frieza do mundo exigiria um renascimento do amor divino. Parece referir-se esta revelação aos séculos XVII e XVIII, quando os hereges jansenistas debilitavam a devoção da Cristandade com doutrinas heréticas pessimistas sobre a graça, a natureza humana e a predestinação, apresentando Nosso Senhor Jesus Cristo como extremamente rigoroso, e não como Pai. As revelações do próprio Cristo a Santa Margarida Maria Alacoque tornaram-se então a arma exata e fulminante com que a Santa Igreja reagiu.
O registro histórico mostra ainda um início dessa devoção no empenho especialmente de escritores jesuítas. A base teológica para ela foi estabelecida pelo jesuíta polonês Kasper Drużbicki (1590-1662), em seu livro “Meta cordium – Cor Jesu”. A imagem do Sagrado Coração de Jesus tornou-se presente em muitas residências e locais de culto.
São João Eudes (1602-1680) foi apóstolo do Imaculado Coração de Maria, extensivo ao Coração de Jesus. Pouco a pouco a devoção aos dois Corações tornou-se distinta, e em 31 de agosto de 1670 foi celebrada no seminário de Rennes a primeira festa do Sagrado Coração.
A divulgação dessa devoção em sua forma moderna foi empreendida pela freira francesa Santa Margarida Maria Alacoque (1647-1690), da Ordem da Visitação, que a aprendeu do próprio Jesus Cristo durante uma série de aparições entre 1673 e 1675, em Paray-le-Monial.
Em 1675, na visão conhecida como ‘grande aparição’, Jesus disse a ela: “Eis o coração que amou os homens. […] Ao invés de gratidão, recebo da maior parte [da humanidade] apenas ingratidão”. Pediu-lhe um ‘banquete de reparação’ na Sexta-feira após a oitava de Corpus Christi. Em 1899 o Papa Leão XIII consagrou o mundo inteiro ao Sagrado Coração de Jesus.
⁕ Leão XIII: No Sagrado Coração está o símbolo e imagem expressa do amor infinito de Jesus Cristo, que nos leva a retribuir-Lhe esse amor.
⁕ Pio XII: O Coração de Jesus derrama incontáveis bênçãos sobre as almas dos fiéis, purificando-os e consolando-os para alcançarem todas as virtudes. Os elementos essenciais desse culto são os atos de amor e de reparação, tributados ao amor infinito de Deus para com os homens.
Muitos movimentos contra-revolucionários católicos lutaram corajosamente em favor do Sagrado Coração de Jesus, tomando como bandeira de luta Jesus Cristo-Rei. Alguns exemplos:
⁕ Na Revolução Francesa, os católicos chouans, camponeses da Vandéia, enfrentaram com bravura os exércitos revolucionários, ostentando como símbolo o Sagrado Coração de Jesus.
⁕ Camponeses católicos do Tirol enfrentaram os revolucionários de 1806 a 1809. Andreas Hofer e seus soldados se consagravam ao Sagrado Coração de Jesus antes da batalha.
⁕ No Equador, o notável presidente Garcia Moreno mobilizou os católicos para a construção de uma catedral em Quito, como homenagem ao Sagrado Coração, e o país foi a Ele consagrado em 1874.
⁕ Sob o lema “Viva Cristo-Rei”, guerreiros católicos do México empreenderam a partir de 1927 a Cristiada, grande reação popular contra a perseguição do governo à Igreja Católica.
⁕ Em 1919, o Rei Afonso XIII consagrou solenemente a Espanha ao Sagrado Coração de Jesus, aos pés do monumento erguido para este efeito no Cerro de los Angeles, próximo de Madrid. Os revolucionários comunistas e anticatólicos perpetraram em 1936 um atentado a tiros contra o monumento, culminando com sua demolição por dinamite. A guerra civil daí resultante (que os católicos adequadamente denominam cruzada), vitoriosa em 1939, tornou possível a reconstrução do majestoso monumento.
Promessas de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque:
⁕ Abençoarei os lares onde for exposta e honrada a imagem do meu Sagrado Coração.
⁕ Os que propagarem esta devoção terão os seus nomes escritos no meu Coração.
⁕ Serei seu refúgio durante a vida, e em especial na hora da morte.
⁕ Darei aos sacerdotes o poder de tocarem os corações mais empedernidos.
⁕ O meu Amor todo-poderoso concederá, aos que comungarem na primeira Sexta-feira de nove meses seguidos, a graça da penitência final. Não morrerão no meu desagrado nem sem receberem os Sacramentos.
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Imaculado Coração de Maria é uma devoção com a qual a Santa Igreja Católica venera a Virgem Santíssima, que foi preservada por Deus do pecado original de Adão para se tornar a digna mãe do Salvador. Ela preencheu assim uma condição indispensável para a vinda do Messias, cuja missão era exatamente resgatar desse pecado a humanidade. O Coração de Maria merece ainda a nossa veneração respeitosa e agradecida, pois nunca foi manchado por nenhum ato ou desejo contrário à vontade de Deus.
A concepção da Virgem Maria sem pecado é um Dogma da Fé Católica, proclamado no dia 8 de dezembro de 1854 pelo Papa Pio IX: “Em honra da Trindade […] declaramos que a Virgem Maria foi preservada imune da mancha do pecado original desde a sua concepção, pela graça de Deus todo poderoso, pelos merecimentos de Jesus Cristo, Salvador do homem. Esta verdade foi-nos revelada por Deus, e portanto deve ser solidamente crida pelos fiéis”. Em várias cidades brasileiras, o dia 8 de dezembro, data da promulgação do dogma, é feriado dedicado à Imaculada Conceição.
O objetivo último da missão da Igreja nesta terra é a salvação das almas e de toda a humanidade: “Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (I Tim 2, 3-4). O desejo principal de Nossa Senhora é também salvar as almas. Tendo sido escolhida por Deus para o Salvador vir ao mundo por meio dela, devemos nós ser salvos também por meio dela. A Igreja Católica afirma que só Jesus Cristo é o Salvador; e Maria Santíssima, como Mãe e corredentora, colabora com seu divino Filho no plano da salvação. São Luís Maria Grignion de Montfort afirmou: “Maria é o meio mais seguro, mais fácil, mais rápido e mais perfeito de chegarmos a Jesus Cristo”.
A devoção ao Imaculado Coração de Maria ganhou grande destaque com as aparições de Nossa Senhora em Fátima. Depois de mostrar a visão do inferno aos pastorinhos (Lúcia dos Santos, Jacinta Marto e Francisco Marto), Nossa Senhora afirmou: “Para salvar as almas, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração”. Na segunda parte do ‘segredo de Fátima’, Nossa Senhora disse que, se seus pedidos não fossem atendidos, a Rússia espalharia seus erros pelo mundo (o comunismo), promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons seriam martirizados, o Santo Padre teria muito que sofrer, e muitas nações seriam aniquiladas. Mas prometeu: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”.
Quando a irmã Lúcia dos Santos era postulante no Convento de Santa Doroteia em Pontevedra (Espanha), a Virgem Santíssima lhe apareceu com o menino Jesus. Mostrando-lhe seu Coração rodeado por espinhos, afirmou: “Prometo minha assistência na hora da morte – com todas as graças necessárias para a salvação da alma – a todos aqueles que, no primeiro sábado de cinco meses seguidos, se confessarem, receberem a Sagrada Comunhão e rezarem um terço, meditando os 15 mistérios do rosário”.
O Papa Pio XII efetuou um ato solene de consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, em 31 de outubro de 1942. Mais de 50 países fizeram também essa consagração.