Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
5 min — há 8 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 8:48:07 PM
Por que no Ocidente livre e democrático há tantas manifestações de benevolência com a Rússia soviética, seus líderes históricos e seus sucedâneos hodiernos?
É a pergunta de Paul Goble, especialista em questões étnicas e religiosas da Eurásia, num estudo para Euromaidanpress.
Ele observa que até em pensadores e figuras políticas e religiosas há uma amnésia difícil de explicar, pois eles parecem ignorar a lembrança dos crimes do comunismo e procuram abafá-la.
Paul Goble pôs em relevo um artigo do especialista italiano Fabio Belafatti, que estuda a Ásia Central e ensina na Universidade de Vilnius, Lituânia. Ele também registrou essa anômala conduta ocidental durante as invasões da Crimeia e do leste ucraniano.
Ele identificou, e em vários países, comentadores pró-russos ocidentais descrevendo os eventos ucranianos deste milênio com estereótipos da retórica que acompanhou a ascensão das piores ditaduras do século XX.
Mais ainda, essas figuras, de larga entrada na mídia e nas cátedras eclesiásticas, revelaram uma mal dissimulada tendência a atribuir a causa de todos os males ao regime político-econômico dos países de raízes cristãs.
Elas dão a entender que a Rússia soviética e a “nova Rússia” de Putin deveriam ser escusadas, porque os ocidentais teriam feito coisas ainda piores e são mais merecedores de execração e punição.
Esses mesmos que defendem a “nova Rússia”, saudosista da velha URSS, acusam o Ocidente de ‘interferir’ nas manobras do Kremlin contra seus vizinhos, expressam compreensão pelos argumentos de Moscou contra a ampliação da NATO, e mágoa pela erosão da velha e ditatorial esfera de influência bolchevique do século XX.
Em outro artigo, o comentarista húngaro Christopher Szabo se pergunta: “Por que somos tão compreensivos em relação aos crimes do comunismo?”
E responde que uma das razões está no fato de o Ocidente ter acreditado na assim chamada “morte de comunismo”, elogiando de alegre o anúncio do advento de uma era de paz. Age como se na Rússia tivesse brotado do nada uma nova elite política que procura sinceramente o bem-estar da sociedade e a estabilidade do mundo.
A velha Nomenklatura marxista tirou proveito dessa montagem falaz, reciclou-se, voltou a controlar o imenso país e prepara a reconstituição do império da igualdade utópica.
Outra causa que explicaria a facciosa atitude de intelectuais e líderes religiosos do Ocidente é “a ausência de Justiça para com as vítimas do comunismo”.
Teria sido garantia de uma paz verdadeira o julgamento dos promotores da apatia ocidental ante esses crimes, que não quiseram ouvir a voz das vítimas e até a abafaram.
É algo difícil de entender quando essa atitude é também a de familiares ou membros de congregações religiosas que tiveram parentes entres essas vítimas.
Excetuados os casos de ignorância invencível, essas pessoas foram intoxicadas por um spray de marxismo cultural que continua sendo espalhado no Ocidente e diante do qual não querem resistir.
As informações sobre os horrores dos crimes comunistas de massa ficaram à disposição do mundo livre após a queda da URSS. E esses crimes perduram em países onde o comunismo continua vivo e dono do poder, como a China e Cuba, entre ouros.
Quem hoje no Ocidente fala deles?
O Exército Vermelho estuprou entre três e quatro milhões de mulheres no leste europeu, no fim da II Guerra Mundial. Hoje, os soldados comunistas chineses praticam violações em massa de mulheres no Tibete.
Na África, a China faz incontáveis operários trabalharem em regime de escravidão, de modo igual ou até pior do que na China.
Quando no Ocidente é apurado algum caso de estupro ou de trabalho escravo, ainda que em escala mínima, a gritaria é universal: mídia, partidos políticos, ONU, conferências episcopais, órgãos vaticanos se põem em campanha para suprimir para sempre esses crimes. É compreensível.
Mas quando horrores muito maiores são praticados maciçamente por regimes comunistas, não sabem de nada. E aqui há um grande enigma, difícil de entender.
Falando dos estupros de massa no Tibete, Szabo pergunta: “Onde estão em tudo isso as feministas?”. Não têm nada para dizer?
Sem dúvida, deve-se focar mais os crimes do comunismo favorecendo memoriais, mídia e livros. Infelizmente, a tendência dominante ruma na direção oposta, acrescenta o jornalista húngaro.
“Há ainda alguns memoriais das vítimas dos campos de concentração socialistas, o Gulag, na Rússia. Mas, desde a ascensão de Vladimir Putin, eles estão sendo supressos. A lembrança dos horrores comunistas vem sendo apagada da história na insensibilidade dos historiadores do Ocidente.
“O fato dominante é que certo Ocidente, que se diz liberal e até anticomunista ou tradicionalista, anda de mãos dadas com o regime de Putin. Pelo menos num ponto bem definido: toda lembrança dos crimes do comunismo deve ser cuidadosamente omitida ou apagada em livros, discursos, vídeos e outras mídias.
“Isso é imperioso para que a lembrança desses crimes não fique pairando como uma sombra que espanta os desavisados do Ocidente.”
Até aqui os comentários dos autores citados.
Poderíamos acrescentar outra razão pela qual seria necessário para Putin e seus amigos ocidentais desviar as atenções dos crimes físicos e morais do comunismo.
É silenciar o eco da advertência de Nossa Senhora em Fátima, de que se a humanidade não fizesse penitência, “a Rússia espalharia seus erros pelo mundo”.
Esses erros – consubstanciados no socialismo e no comunismo – constituem o cerne do flagelo que se abate sobre a humanidade, dissimulado sob as diversas formas de populismo ou laicismo, de Revolução Cultural, de gramcismo ou de progressismo religioso.
Falar dos crimes do comunismo implica também lembrar a Mensagem de Fátima, precisamente na orla do centenário da advertência ao mesmo tempo maternal e terrível de Nossa Senhora em 1917.
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