Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
4 min — há 8 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 8:47:23 PM
H.D. Noble, no Dictionnarie de Théologie Catholique, define da seguinte forma o operar da prudência: “A ação própria da prudência é dirigir para o ideal moral as ações humanas, através das múltiplas e variáveis circunstâncias da vida… Prever uma ação que ainda não se realizou e ordená-la como devendo realizar-se, porque se julga que ela está de acordo com a situação presente e com a oportunidade das circunstâncias atuais, eis a prudência. Evidentemente, isto exige previdência: é preciso considerar e pesar antecipadamente as consequências, as vantagens ou desvantagens. Esta previsão é o instante importante da prudência, e a própria palavra “prudência” significa etimologicamente previdência, providencia. É por isso que a previdência é essencial ao ato prudencial principal: o preceito. A esta previsão perspicaz da ação futura se ordenam todas as diligencias e todas as destrezas do espirito prático. […] A experiência da vida, a sagacidade, a docilidade, o bom senso cauteloso e a justeza do raciocínio servem para prever bem, e bem julgar com antecipação a ação tal qual ela será e deverá ser. Ser previdente é ser prudente. ”¹
Exemplifiquemos: um pai de família recebe um salário de R$ 750,00 mensais. Se ele passar a gastar com sua família R$ 900,00 por mês, isso constantemente, no final de um ano, estará devendo o dobro do que recebe trabalhando um mês inteiro. Portanto, para que isso não aconteça, deverá ele calcular bem quanto ganha, para então saber o quanto pode gastar, pesando, em cada mês, as consequências de cada investimento e, dessa forma, não prejudicar as economias de sua família.
Isto posto, passemos ao fato a ser analisado.
…
No dia 17 de março, foi divulgado pelo delegado da policial federal, Maurício Moscardi, a existência da chamada “Operação Carne Fraca”, que investigava irregularidades sanitárias em empresas que trabalham no ramo das carnes. A operação levantou uma enorme polêmica nos jornais brasileiros e internacionais, por tratar de um país responsável por 40% da exportação/produção mundial de carne.
O fato está sendo criticado por muitos jornalistas, juristas e até peritos de renome, pois foram verificadas anormalidades no procedimento investigativo da polícia federal.
Cito, por exemplo, a nota divulgada pela Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) na qual diziam que as conclusões da policia não têm embasamento cientifico, pois os peritos federais foram acionados apenas uma vez durante as investigações e o laudo decorrente desta pesquisa não comprovou, por parte dos alimentos periciados, nenhum dano à saúde pública.
Não é intenção nossa entrar no mérito do caso, ou seja, se houve ou não erros na condução das investigações, queremos tão somente questionar o modo como foi apresentado o acontecimento. Foi medido o impacto e o dano que causaria ao Brasil essa maneira de tratar o caso?
A matéria foi apresentada com grande estardalhaço midiático, prejudicando a imagem internacional do país.
A P.F. deveria ter sido mais cautelosa, pois trata-se de um país-líder da exportação mundial de carne. Ademais, investigações que deveriam ser feitas por peritos na área foram feitas por agentes especializados em investigar casos de corrupção e não problemas sanitários, gerando assim mais incertezas.
Os danos na economia já estão sendo sentidos, pois foram feitos, por parte da União Europeia e outros países, embargos na exportação de carne brasileira, reduzindo assim a média diária de US$ 63 milhões para US$ 74 mil, nos embarques de carne.
Isso prejudicou não só as empresas envolvidas no caso, como também os produtores rurais, sem contar, é claro, com o dano causado a imagem internacional do Brasil.
Já basta toda a sabotagem feita ao ramo do agronegócio brasileiro, como as leis abusivas de “preservação ambiental” ou as famigeradas invasões de terra lideradas pelo MST e movimentos afins. Agora, mais essa punhalada nos nossos fazendeiros.
Com base nas considerações iniciais sobre a prudência, cabe em nossos espíritos uma dúvida: foi prudente o jeito de trazer à luz as investigações da policia federal?
Notas:
¹ Verbete Prudence, op cit., Letouzey et Ané, Paris, 1923, Tomo II, cols. 1051-1052
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