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Revista Catolicismo, Nº 757, janeiro/2013

Aids

De modo geral, a mídia noticia a respeito da epidemia da AIDS com a mesma relutância com que a vítima se declara infectada por esse mal. Seria lógico que uma e outra tivessem interesse em denunciar a doença a fim de contê-la.

Entretanto, de maneira enigmática, ambas não se comportam assim. Quanto à mídia, a notícias alarmantes sucedem-se longos períodos de enganoso silêncio pretextando evitar escândalo. Esse falso recato desmobiliza a opinião, levando-a ao olvido de uma catástrofe que se presente de modo continuo aos espíritos poderia mais eficazmente ser evitada. As vítimas, quanto a elas, hesitam em procurar um médico. Elas se expõem a um mal maior, temerosas de serem reconhecidas como portadoras da doença, de origem frequentemente vexaminosa.

O senso católico da maioria sofre instintivamente um susto ao ver um conhecido infectado. O que, sem dúvida, merece compaixão. No mais íntimo somos percorridos por um calafrio imediato. Ficamos sem saber como ajudar. E até mesmo temerosos.

Como explicar essa reação num povo afeito à bondade? Por que essa tendência instintiva ao distanciamento da vítima por parte de quem está sempre pronto a ajudar? Não é apenas um receio de contaminar-se. Trata-se de um resto de pudor, se não de vergonha, porquanto esse mal é geralmente transmitido pelo abuso da prática sexual.

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Entre aqueles que compõem a faixa da população mais exposta à infecção — a chamada população de alto risco — estão travestis, homossexuais, prostitutas, drogados. E sobre os que compõem esta triste população nosso povo bondoso — mas também perspicaz — tem um juízo já feito. Embora esse juízo seja por vezes chamado de “preconceito” até mesmo por certas autoridades sanitárias acovardadas diante do dever de apontar o mal e os vícios dos quais ele origina, a maioria das consciências o conserva. Nossa mão benévola está sempre pronta a se estender aos necessitados, mas a realidade nos mostra que, em face da AIDS, essa mesma mão estremece, recua, crispa-se. E não se estende facilmente. À sua bondade outra virtude se sobrepõe e a faz hesitar. É sem duvida o bom senso proveniente de antiga tradição católica.

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Noticia o “O Estado de S. Paulo” (2-12-13) o aumento alarmante dos casos de AIDS na população masculina, entre 15 e 24 anos. Este aumento, relativo ao período 2005-2012, foi de 81%. Entre a população em geral houve em 2011 o maior número de infecções: 40.535 doentes foram identificados. Entre os 12 estados brasileiros com maior número de infecções, somente São Paulo e Rio de Janeiro apontam regressão durante aqueles mesmos anos. Precisamente os dois Estados mais devastados pelo mal.

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A epidemia assume atualmente um caráter inexorável. Uma das causas de seu agravamento é a “banalização do sexo” feita através das modas tendentes ao nudismo, da pornografia, da internet, das práticas homossexuais etc. Entretanto, um dos mais antigos veículos dessa banalização — e certamente o mais perverso — é a “educação sexual” nas escolas primárias. E até mesmo em jardins da infância.

Entre estranheza, repugnância e desgostosa conformidade, crianças são cruamente levadas a “explorar” em salas de aula seu próprio corpo e os de seus colegas, tocando suas partes pudendas, manipulando-as. O instinto sexual é assim excitado quando o natural pudor infantil ainda o velava.

BonecaSoldadinho de Chumbo

Essa prática contradiz violentamente o desejo de elevação próprio à inocência, outrora legitimamente satisfeito pelos mistérios da História Sagrada, pela heroicidade dos soldadinhos de chumbo ou a ternura das bonecas.

Essa banalização torna a procura das práticas sexuais obsessiva, fazendo com que — como atesta o referido artigo — já aos 15 anos tantos jovens sejam estigmatizados pela AIDS. E acrescenta serem os problemas brasileiros relacionados com a AIDS sem solução.

Se a causa do mal, dizemos nós, é sobretudo moral, a solução não será encontrada fora de um revigoramento de formas e modos de vida cristãos, entre as quais se encontra prioritariamente a proteção da inocência.

Este post tem um comentário

  1. Elinaldo Renovato de Lima

    Belíssimo comentário. Que Deus desperte um senso de amor para com os escravos dessa tragédia. Que os governos deixem de financiar o vício e as práticas imorais da pornografia e do ensino inoportuno e oportunista a crianças , nas escolas públicas. Ensinar a crianças de 8 a 10 anos a usar camisinha; a fazer sexo com os colegas e as colegas, é um “estupro mental”, no dizer de uma antiga psicóloga.

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