Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
4 min — há 2 anos
Prosseguimos a transcrição do capítulo A CONFIRMAÇÃO PELO NOVO TESTAMENTO do livro escrito pelo Prof. Plinio (1943) Em Defesa da Ação Católica. Lembramos, essa obra foi prefaciada pele então núncio apostólico no Brasil, D. Aloisi Masella. Os Santos Evangelhos recomendam misericórdia e justiça.
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É este o conselho de S. Tiago: “Não queirais, pois enganar-vos, irmãos meus muito amados” (Tiago, 1, 16). Sejamos sumamente precavidos, argutos, sagazes e previdentes no discernir a boa da má doutrina. Mas isto não basta.
As doutrinas se corporificam em homens. Devemos ser argutos, sagazes, precavidos também quanto aos homens. Saibamos ver o inimigo, e combatê-lo com as armas da caridade e da fortaleza: “Ora, o Espírito diz claramente que nos últimos tempos – estes tempos que Pio XI achou tão semelhantes aos nossos – alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios, que com hipocrisia propagam a mentira, e têm cauterizada a consciência…” (1 Tim. 4, 1-2).
Quanto a doutrinas e doutrinadores, tanto no terreno teológico quanto no filosófico, no político, no social, no econômico e em qualquer outro campo em que a Igreja for interessada, vale este conselho: “E o que lhe peço é que a vossa caridade cresça mais e mais em conhecimento e em todo o discernimento, para que possais distinguir o melhor, para que sejais sinceros e irrepreensíveis para o dia de Cristo” (Fil. 1, 9-10).
Com efeito, nesta tristíssima época de ruína e de corrupção não seria explicável que não existissem, como no tempo dos Apóstolos, “falsos apóstolos, operários fingidos” que se infiltram nas fileiras dos filhos da luz e “se transformam em apóstolos de Cristo. E não é de admirar, visto que o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. Não é pois muito que os seus ministros se transformem em ministros de justiça; mas o seu fim será segundo as suas obras” (2 Cor. 11, 13-15).
Contra estes ministros que outra arma há, senão a argúcia necessária para saber pelos atos, pelas doutrinas distinguir entre os filhos da luz e das trevas? Contra os pregadores de doutrinas errôneas, mais doces, mais fáceis, e por isto mesmo, mais enganosas, a vigilância não deve ser apenas penetrante, mas ininterrupta: “Rogo-vos irmãos que não percais de vista aqueles que causem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes, e apartai-vos deles. Porque estes tais não servem a Cristo Senhor Nosso, mas ao seu ventre; e, com palavras doces e com adulações enganam os corações dos simples. Porquanto a vossa obediência em toda a parte se tornou notória. Alegro-me pois em vós. Mas quero que sejais sábios no bem e simples no mal. E o Deus de paz esmague logo a Satanás debaixo de vossos pés. A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco” (Rom. 16, 17-20).
“Sábios no bem e simples no mal”! Quantos há, que só pregam ingenuidade e candura no serviço do bem, mas possuem uma terrível sabedoria para propagar o mal! Esta sabedoria serpentinamente astuciosa, para o bem, é uma virtude absolutamente tão evangélica quanto a inocência da pomba: “E digo-vos isto para que ninguém vos engane com discursos sutis” (Col. 2, 4).
“Vede, que ninguém vos engane por meio de filosofia inútil e enganadora, segundo a tradição dos homens, segundo os elementos do mundo, e não segundo Cristo” (Col. 2, 8). “Ninguém vos seduza afetando humildade e culto dos anjos, divagando por coisas que nunca viu, inchado em vão com seus pensamentos carnais” (Col, 2, 18). A Igreja é militante e nós somos seus soldados. Serão necessários ainda mais textos a fim de provar que devemos ser, não soldados quaisquer, mas soldados vigilantes? A experiência demonstra que de nada valem as melhores virtudes militares sem a vigilância. Baste isto para persuadir aos membros da A.C. que cada um deles deve, como “miles Christi”, desenvolver em alto grau, não só a inocência da pomba mas a astúcia da serpente, se quiser seguir na íntegra o Santo Evangelho.
Fonte: https://www.pliniocorreadeoliveira.info/EmDefesadaA%C3%A7%C3%A3oCat%C3%B3lica_R_04_2011.pdf
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