Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
2 min — há 13 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:31:28 PM
Em discurso após a nova vitória do AKP (Partido pela Justiça e Desenvolvimento) nas eleições legislativas de 12 de junho, o primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan prometeu trabalhar por todos os cidadãos do país, de todas as religiões e estilos de vida. O governo Erdogan aprovou um decreto-lei para restituir às minorias cristã e judaica as propriedades confiscadas desde 1936. Mas o que realmente está por trás dessa iniciativa?
Devemos salientar, antes de tudo, que os católicos latinos não estão abrangidos pelo decreto-lei acima citado.
A Federação Armênia pela Justiça e Democracia comenta a decisão do governo Turco: “Não nos enganemos: se a Turquia quer devolver os bens outrora pertencentes às minorias, não é por um desejo brusco de Justiça, mas por uma injunção da Corte Européia de Direitos Humanos e a pedido do Congresso americano […] continuam em vigor as leis colocadas por Ataturk logo depois do genocídio armênio, impedindo os refugiados armênios oriundos da Turquia de retornarem às suas cidades ou aldeias natais“.
A lei de 20 de abril de 1922 prevê o confisco na Cilícia de todos os bens pertencentes às pessoas que deixaram a região.
A lei de 25 de abril de 1923 estende o confisco a todos os armênios, quaisquer fossem os motivos ou a data de sua saída do país.
A lei de setembro de 1923 proíbe em seu artigo 2o. o retorno dos armênios à Cilícia e a todas as províncias do oriente (Armênia Ocidental).
A lei de 23 de maio de 1927 exclui da nacionalidade turca todos aqueles que durante a guerra de independência não tomaram parte ou ficaram no estrangeiro entre 24 de julho de 1923 (Tratado de Lausanne) e a data da promulgação desta lei.
Se a essas leis criminosas juntarmos as obrigações da Turquia com relação às minorias cristãs, frequentemente não respeitadas, fica claro que o gesto de Erdogan não é mais que uma gota d’água num Oceano de reparações devidas ao povo armênio. Das 2000 igrejas da Comunidade Armênia até 1915, menos de 40 restam em atividade.
O presidente da ANCA (Comitê Nacional Armênio da América) declara: “Menos de 1% das igrejas e das propriedades da Igreja confiscadas durante o genocídio armênio e as dezenas que se seguiram serão restituídas […] a ANCA vai garantir junto às instituições americanas que o governo turco se reconcilie efetivamente com seu passado brutal, respeitando a liberdade das comunidades cristãs sobreviventes e restituindo o fruto de seus crimes”.
Podemos concluir que com essas medidas o governo turco quis demonstrar que é “moderno”, “democrático” e está pronto para entrar na União Européia. Mas um passado não muito distante mostra o contrário: em 1998, o mesmo Erdogan recebeu uma condenação por incitação ao ódio, quando em seu discurso mencionou o seguinte trecho de um poema turco: “os minaretes serão nossas baionetas, as cúpulas nossos capacetes, as mesquitas são os nossos quartéis, os crentes os nossos soldados“.
Será possível uma mudança tão radical? O futuro dirá.
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