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Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

Globalização do vírus da China comunista

Por Nelson Ribeiro Fragelli

9 minhá 5 anos — Atualizado em: 4/2/2020, 11:16:05 PM


O coronavírus made in China, fantasma do momento, assusta o mundo inteiro, mas as soluções católicas são negligenciadas

  • Nelson R. Fragelli
  • Fonte: Revista Catolicismo, Nº 832, Abril/2020

         No início não passava de uma curiosidade. Mais uma novidade vinda da China? Mais uma artimanha publicitária, com a intenção de conquistar o mercado no Ocidente? Um boato a ser “viralizado”? Ou seria mais grave e prejudicial do que uma epidemia?

A novidade proveniente da cortina de bambu põe às claras uma China inexplicável e cheia de contradições. Nadando em dinheiro proveniente do capitalismo, mas com regime comunista. Descendente das chacinas de Mao Tsé-Tung, mas sorridente pelas toneladas de objetos cintilantes que despeja sobre o Ocidente ávido de gozo barato. Até o nome parece artificioso: Coronavírus.

Muitos procuravam tranquilizar-se, gracejando com comentários nada engraçados: se ele for mesmo perigoso, é melhor ficar por lá, onde tem muitas centenas de milhões de habitantes para se divertir; eles já estão habituados ao tirânico domínio comunista, um mal a mais pouca diferença faz; encontrando lá gente suficiente, poupará à nossa mídia esquerdista o desgosto de reconhecer os males do totalitarismo comunista; e o Ocidente continuará saboreando em inteira segurança o seu idolatrado conforto; não dá para globalizar esse malfazejo microrganismo, pois não consegue saltar por cima da muralha da China; e podemos confiar que o Ocidente não o importará, nem oficialmente nem por contrabando.

         Mas acabaram globalizando o Coronavírus e a coronafobia, que transitam confortavelmente em rotas antigas e modernas: comerciantes do Velho e Novo Mundo; exploradores do trabalho escravo chinês; turistas sedentos de contemplar as novidades mundiais; na respiração e transpiração de imensa população cativa. Estão vindo, estão circulando, e cada vez mais.

Em nossos países, penetra em zonas até então consideradas seguras de toda infecção. Não respeita barreiras sanitárias, nem escolas, nem igrejas. No tráfego aéreo, voos são cancelados. Nos divertimentos, cinemas e teatros são fechados. Permanecer em casa, evitando contatos sociais, é a determinação de tantos governos. Toda aglomeração se torna ameaçadora.

Como um fantasma, levanta-se a consciência do perigo e surge o medo. Os que refletem sobre a evolução do perigo parecem ver, no que era apenas uma curiosidade inicial, um misterioso desígnio superior. Uma advertência? Um sinal dos tempos? Vindo de onde? Com que finalidade? Cientes agora do perigo, muitos despertam; e paradoxalmente o mesmo vírus, ao abrir em incontáveis pessoas os olhos do espírito, em outras fecha concomitantemente os olhos do corpo.

Fora e dentro da China, a orientação de incontáveis administrações públicas para se permanecer em casa e evitar contatos sociais parece inspirada em típica decisão do governo totalitário chinês, imposta a seu povo e agora exportada ao mundo. Na foto, o presidente da China, Xi Jinping, analisa a situação da epidemia do novo coronavírus junto com assessores militares.

Comunismo chinês recrudesce a perseguição

         As consciências têm motivo para estarem pesadas. Na China, a Igreja Católica é cruelmente perseguida. O atual governo se comporta, em relação ao culto católico, exatamente como seus antepassados comunistas: igrejas são destruídas, bispos e sacerdotes encarcerados, seminários fechados. A cristianofobia domina o país, e foi intensificada brutalmente após o acordo secreto entre o Vaticano e o regime comunista de Pequim. A perseguição à família se faz, entre outras muitas imposições, pelo aborto em massa e pela eutanásia. Os recentes acontecimentos dramáticos em Hong Kong (vide Catolicismo, nº 829, janeiro/2020) mostram a tirania do governo comunista chinês ao cercear toda liberdade de expressão.

         Fora e dentro da China, a orientação de incontáveis administrações públicas para se permanecer em casa e evitar contatos sociais parece inspirada em típica decisão do governo totalitário chinês, imposta a seu povo e agora exportada ao mundo. A ela se seguem outras deliberações semelhantes: controle da movimentação em aeroportos; isolamento total de populações inteiras; uso de máscaras protetoras. Na China, as medidas severas ordenadas pelo governo vêm redundando em controles desumanos de transeuntes e motoristas, durante os quais agressões violentas e mortes são confirmadas por numerosos vídeos. Após esconder a existência do vírus, aparecido em novembro do ano passado, o governo chinês persiste em declarar a epidemia “sob controle”. E ai do chinês que se queixar da inépcia do governo.

Esse duro tratamento da população chinesa chegará até nossos países? Como se comportarão nossas populações diante de um clima inquietante de notícias sobre o alastramento da epidemia? Quantas pessoas se recusarão a aceitar violências contra suspeitos, por uma alegada necessidade de rigoroso controle em vista do bem da maioria? Serão grandes esses números, e frequentes as violências?

Lourdes: a estranha orientação eclesiástica

Sob pretexto de proteção sanitária a propósito do coronavírus, o Santuário de Lourdes fechou os locais onde os fiéis podiam banhar-se nas águas milagrosas, cuja fonte fora revelada por Nossa Senhora a Santa Bernadette. Nesses locais designados pelo nome de “piscinas de Lourdes”, e auxiliados por respeitosos assistentes voluntários, há muitíssimos anos os peregrinos podiam imergir nas águas, recebendo assim alívio ou mesmo cura para os males do corpo e da alma.

Milhares de relatos testemunham os efeitos milagrosos dessa imersão: curas físicas e também espirituais, como a correção de defeitos morais, tentações, infestações e depressões, a renovação do fervor, a coragem de viver. Não só isto: ali se banham, na mesma água, incontáveis peregrinos portadores de doenças da pele, feridas supuradas, furúnculos, úlceras etc. Nunca houve sequer um caso de contaminação, e só isto já é um milagre contínuo!

Neste momento em que a violenta epidemia do coronavírus vem ceifando vidas em número crescente, um dever elementar de caridade seria intensificar a condução dos contaminados à fonte da cura. Entretanto, dando eco a medidas semelhantes tomadas por um clero pouco zeloso em vários países, os responsáveis do Santuário de Lourdes, movidos por uma concepção mundana e materialista das necessidades humanas, fecharam as imersões dos peregrinos nas águas de abundantes milagres. Não só as curas são assim evitadas, mas cerceia-se ainda o bem que o mundo presenciaria ante o conforto moral e físico causado por aquelas águas. E mais evidente ficaria, imediatamente, que tais banhos não transmitem os vírus. Quantos se converteriam diante dessa constatação? Não é isto que desejam os pastores?

O Sínodo da Amazônia deu amplo assentimento ao ídolo pagão pachamama, introduzido em ato de veneração nos jardins do Vaticano e em igreja das proximidades. Numa flagrante transgressão ao correto procedimento nesses casos, os padres sinodais alegavam pretensas virtudes da “mãe terra”, que estariam sendo representadas por esse ídolo. Mas a água oferecida generosamente por Maria Santíssima em Lourdes está sendo liminarmente recusada!…

A orientação católica no exemplo de dois santos

A Diocese de Milão, cuja história foi marcada pelo zelo pastoral de São Carlos Borromeu (1538-1584), é especialmente afetada por tais medidas. Contudo, quando a peste negra açoitou a Europa em sua época, o santo visitava incansavelmente os moribundos, levando-lhes os Sacramentos e consolo espiritual. 
[São Carlos Borromeu atende as vítimas da peste em Milão – Pierre Mignard, séc. XVII. Museu de Belas Artes de Caen, França]

         Como uma peste das almas, a impiedade vem se alastrando vertiginosamente em todo o mundo. No Brasil, a voragem carnavalesca recente, não se contentando com o nudismo e desordens sexuais de inspiração pagã, perpetrou sacrilégios contra a Religião, Nossa Senhora, os Santos e o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo. Tais investidas dos ímpios vêm de longe, em acelerado crescimento. E não se pode esquecer que, na história dos povos, onde se propaga a impiedade contra o sagrado propaga-se também a impiedade contra as pessoas. A violência contra Deus arrasta consigo, mais cedo ou mais tarde, a violência contra os humanos. O que fizeram os Santos contra isso?

O Castelo Sant’Angelo às margens lendárias do rio Tibre, próximo ao Vaticano, é um dos mais belos monumentos de Roma. No alto do castelo vê-se a imagem em bronze de São Miguel Arcanjo, coberto de armadura guerreira, no ato de embainhar sua espada. Assim ele apareceu ao Papa São Gregório Magno (540-604), ao final de funesta peste epidêmica que vinha ceifando vidas entre os romanos. Eles rezavam. As igrejas se enchiam. Ritos penitenciais se multiplicavam. O Papa São Gregório Magno, saindo em procissão pelas ruas da Cidade Eterna, implorou a misericórdia divina. Durante a procissão, viu São Miguel Arcanjo no alto do castelo, cercado de luz esplendorosa, embainhando sua espada. E o Pontífice entendeu que a epidemia na Cidade Santa grassava em razão de seus pecados, por permissão de Deus. A violação dos Mandamentos era a causa da epidemia.

Era precisamente o que São Gregório supunha, ao convocar a procissão, e também o que o povo intuía, examinando-se em sua própria impiedade. A partir daquela visão do Arcanjo cessou a peste mortífera, e a vida voltou à serenidade. Naqueles tempos abençoados Deus estava entre seus filhos, mas não para ser impunemente vilipendiado, como ocorre atualmente aqui e no mundo inteiro. Como Pai que perdoa, Deus corrige bondosamente e com justiça, pois mais vale a correção terrena do que a pena eterna.

         O leitor pode ver claramente o contraste em relação aos tempos atuais, constatando que ainda não se viu, como iniciativa do clero, nenhuma atitude que de longe se assemelhe à de São Gregório Magno. Pelo contrário, com o pretexto do coronavírus, inclusive por determinação de inúmeras autoridades eclesiásticas, igrejas são fechadas, atos religiosos suspensos, a Confissão e a Comunhão proibidas em algumas dioceses. Milhões de fiéis estão assim longe da assistência espiritual, necessária principalmente em caso de morte. Com essas determinações, tais autoridades agem de modo não condizente com seu caráter religioso.

A Diocese de Milão, cuja história foi marcada pelo zelo pastoral de São Carlos Borromeu (1538-1584), é especialmente afetada por tais medidas. Contudo, quando a peste negra açoitou a Europa em sua época, o santo visitava incansavelmente os moribundos, levando-lhes os Sacramentos e consolo espiritual. Centenas de seus sacerdotes morreram contaminados, mas São Carlos Borromeu não se detinha em seu cuidado de pastor, confessava os moribundos em meio a mortos pestilentos. De onde vinha a ele e aos seus tal coragem? Da fé, que ilumina o pastor com luz sobrenatural, levando-o a ver claramente aquilo que é invisível aos olhos humanos. Com essa visão sobrenatural, não se curvam diante de circunstâncias humanas nem dos perigos deste mundo, quando umas e outros ameaçam seu magistério divino. Disso deram provas São Gregório Magno e São Carlos Borromeu, entre muitos outros santos.

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Nelson Ribeiro Fragelli

Nelson Ribeiro Fragelli

28 artigos

Colaborador do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira e autor de diversos livros e artigos sobre o Catolicismo e a Política Internacional.

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