No momento, você está visualizando Tudo igualar: mania e não necessidade

ACC_1953_028_1Enquanto o cavalo vai sendo cada vez mais abandonado pelo homem como meio de transporte e tração, sua voga no esporte continua a ser plenamente atual, e por toda a parte o hipismo permanece objeto de vivo interesse. E daí também o fato de que o campeão de football e o do box não destruíram de modo nenhum a popularidade do jockey e do cavaleiro. E realmente as qualidades de arrojo e prudência, percepção fina, presença de espírito, agilidade, conhecimento e domínio perfeito da montaria, que o autêntico cavaleiro deve possuir, em grau relevante, bem lhe merecem o interesse e o aplauso do público.

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Nossos clichês apresentam três cavaleiros saltando difíceis obstáculos. Fotografias típicas de clubs de equitação no mundo inteiro. É um prazer contemplar a destreza, a força, a elegância destes três cavaleiros.

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Sim, com uma restrição: é que não são cavaleiros, mas “cavaleiras”, elementos de destaque do hipismo [gaúcho], às quais o sistema de montar, o traje, tudo enfim concorre para dar um aspecto marcadamente masculino.

ACC_1953_028_3Sem entrar em pormenores na análise deste ponto, lembremos de passagem quanto é antinatural e anormal que em qualquer circunstância e sob qualquer pretexto uma mulher pareça homem: absolutamente tão antinatural e tão anormal como se um homem parecesse mulher. A estranha mania de masculinização da mulher – e quanto haveria que dizer também sobre o efeminamento do homem! – penetrou igualmente no hipismo. É o que todo o mundo sabe e nossos clichês mostram com irrecusável evidência.

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De onde vem esta tendência? Em cada caso concreto ela se inculca sob um pretexto diverso: comodidade, simplicidade, economia, etc. No caso da equitação, talvez se pense que seja o desembaraço de movimentos e a segurança. Mero engano…

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Aqui temos um grupo encantador de amazonas alemãs, que galopam céleres em um parque aristocrático. Usando silhões, montam com a distinção de verdadeiras senhoras, o que não impede que seu galope tenha a rapidez, o desembaraço, a leveza de uma cavalgata de Valkirias. Todo o seu traje põe bem em evidência toda a graça e delicadeza de damas de destaque em uma nação altamente civilizada: mas em nada fica prejudicada a nota propriamente esportiva ( usemos no seu bom sentido esta palavra sobre cujas múltiplas e duvidosas aplicações se poderia fazer todo um artigo ) que é inseparável da equitação.

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No clichê acima a Imperatriz Sissi ( Áustria)

Não são, pois, as razões de ordem prática que impõem a masculinização da mulher na equitação. Devemos antes ver neste fato mais uma manifestação da tendência, cada vez mais acentuada hoje, de tudo nivelar, igualar, homogeneizar, e confundir.

Publicado originalmente em “Catolicismo” Nº 28 – Abril de 1953  na seção Ambiente, Costumes, Civilizações”

Este post tem 3 comentários

  1. rejane

    Não sou expert em hipismo, contudo, nunca pensei nesses termos com relação à aparência de quem monta o cavalo. Na minha visão, o cavaleiro ou “cavaleira” está apenas usando um “uniforme”, assim como policiais ou bombeiros que, quando uniformizados, não vemos muita diferença entre masculino e feminino.

  2. Antonio

    E Santa Joana d’Arc como trajava e cavalgava?
    Sou contra feminismo. Acho que a mulher, em tudo o que faz, deve pôr um toque feminino. Mas acho que cavalgar à antiga moda deve ser até inseguro para as mulheres.

  3. Luis

    Observo esse fenômeno também nas atuais “cantoras sertanejas”, que se vestem como cowboys, com calça jeans, cinto com “fivelão”, botas, chapéus e etc. Parecem homens com cabelo comprido.

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