Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
7 min — há 5 anos
Todos os anos, no dia 8 de março, uma enxurrada de reportagens nas diversas mídias comemora o chamado “Dia Internacional da Mulher”. O ano de 2019 não deixaria de trazer a cantilena de sempre, e o sentido de revolta contra as normas católicas de comportamento se repete na leitura de qualquer publicação sobre o tema.
Bem significativa, neste sentido, é a informação do “Correio Brasiliense” sobre uma manifestação feminista no centro de Brasília,1 na data mencionada. Jolúsia Batista, uma das organizadoras, ressaltou os objetivos do ato: “É dia de expressar uma luta organizada. Mas a luta é diária. Somos contra o conservadorismo do governo atual e contra o fundamentalismo cristão. Somos pró-legalização do aborto e contra a reforma [da previdência] como está, pois agrava o cenário, principalmente para as mulheres. Somos contra qualquer tipo de retrocesso”.
Não é meu intento analisar aqui o conteúdo da declaração (ou a ausência dele), nem fazer comentários sobre a agenda das manifestantes. Deixemos de lado esses aspectos, pois todos estamos saturados desse feminismo tacanho, distorcido e anticatólico. Em face dos devaneios feministas, parece-me a melhor iniciativa opor a eles exemplos de atitudes que ressaltam o real valor das mulheres. Lembrar modelos contrários ao do feminismo tem o efeito salutar de desintoxicar as pessoas do veneno que ele vem disseminando. E se as pessoas se deixarem desintoxicar, é bem possível que no futuro as comemorações do dia internacional da mulher realmente enalteçam as virtudes femininas características.
Alta nobreza na atitude de uma mulher
Um desses exemplos me caiu recentemente nas mãos, com a leitura das memórias da grã-duquesa Maria Pavlovna da Rússia,2 prima-irmã do último czar Nicolau II. Nascida em 1890, ela viveu durante o auge da crise do Império Russo, passando pela Primeira Guerra Mundial, e finalmente pelas trágicas convulsões da revolução comunista. Com muita dificuldade ela conseguiu escapar da Rússia, ao mesmo tempo que os bolcheviques massacravam os membros da nobreza, inclusive seu próprio pai.
O período que nos interessa compreende a grande guerra de 1914-18. Como muitas mulheres da mais alta nobreza, a grã-duquesa Maria se engajou como voluntária para o serviço de enfermaria das tropas russas. Exerceu essa função com máximo empenho, durante quase todos os quatro anos do terrível conflito. No início, como simples auxiliar de enfermagem, e depois como enfermeira, procurando ocultar sua identidade para poder trabalhar em qualquer tarefa que lhe fosse requisitada, além de evitar lisonjas ou louvores. Depois, como seu prestígio e experiência aumentassem, assumiu o comando de um importante hospital de campanha.
Um pequeno episódio revela como, apesar de ser prima do imperador, Maria não procurava ostentar sua posição diante das tropas. No início da guerra, em uma aldeia perto do front de batalha, acabara de chegar um oficial com a mão ferida. Ao ver o grupo de enfermeiras, das quais uma era a princesa, ele perguntou:
— Irmãzinhas, não tereis por acaso uma atadura limpa para trocar o meu curativo?
O oficial não distinguia a grã-duquesa entre as enfermeiras. O tratamento que ele usou (irmãzinhas) para se dirigir a elas se explica pelo fato de as enfermeiras se trajarem à maneira de freiras. Maria se ofereceu de imediato para trocar o curativo. Enquanto o fazia, outro militar se aproximou sem que ela percebesse, e perguntou:
— Vossa Alteza Imperial permite que eu a fotografe?
Confusa, a princesa-enfermeira voltou-se, reconheceu o militar, e suplicou:
— Não, não faça isso, pelo amor de Deus!
Logo ela notou que a mão ferida da qual cuidava começou a tremer. O oficial ferido examinava-lhe atentamente o rosto, abaixando o olhar mais de uma vez, antes que o curativo estivesse concluído. A princesa permanecia em silêncio.
— Permite-me agora que lhe pergunte quem é? Indagou o oficial.
Maria não via mais motivos para ocultar seu nome, e após a revelação, o ferido outra vez lhe perscrutou o rosto em silêncio, e repentinamente ajoelhou-se na calçada, diante de todos, tomou nas mãos a barra do vestido da princesa e o osculou. Ela mesma conta que ficou perturbadíssima; e sem olhar para o oficial, sem despedir-se, fugiu em direção à farmácia.
Este belo fato revela muito mais do que a manifestação do respeito e admiração dos russos pelos membros da nobreza. Também não se trata apenas de um episódio no qual a força militar — a força física, diríamos — reconhece a superioridade de uma frágil enfermeira. Há no episódio algo mais revelador da mentalidade do russo, que a própria grã-duquesa explicita em suas memórias:
“A atitude dos soldados em relação a nós [enfermeiras] era profundamente tocante. Dir-se-ia que personificávamos para eles tudo o que lhes era caro, tudo o que lhes tocava o coração. Com nossas toucas brancas, representávamos de certo modo esse ente feminino superior, no qual se reúnem as qualidades de mãe e de esposa completadas pelas de religiosa, concepção especialmente apreciada pelo povo russo”.
Aí está! A superioridade feminina se expressa justamente naquilo que ela tem de autêntico. Superioridade essa invariavelmente rejeitada pelas feministas radicais de hoje. Pergunto-me qual seria a reação daquelas manifestantes do dia 8 de março, se alguém lhes propusesse realçar esse tipo de elevação feminina…
Ato heróico de uma mulher não feminista
Cito outro exemplo, agora dos dias atuais.3 Em novembro de 2018, Jamie Schmidt entrou numa loja de artigos religiosos católicos na cidade de Saint Louis, Estados Unidos. Duas funcionárias ali trabalhavam na ocasião. Momentos depois, Thomas Bruce chegou ao estabelecimento, trocou algumas palavras com as mulheres e saiu da loja. Depois tornou a entrar, mas desta vez armado com uma pistola.
Diante da ameaça, as duas funcionárias foram obrigadas a se despir, e em seguida foram abusadas sexualmente pelo canalha. Jamie – católica praticante, casada e mãe de três filhos – forçada a permanecer num canto da loja, testemunhou a horrível cena. Thomas então se aproximou, e apontando-lhe a arma, ordenou que ela também se despisse. Tudo que havia ocorrido com as outras duas mulheres se repetiria, mas…
Em momentos drásticos como esses surgem demonstrações de força de alma e personalidade que impressionam. O mais fácil para Jamie seria, talvez, tentar convencer o malfeitor com palavras meigas ou lágrimas desesperadas, numa chance de apaziguar seu ímpeto tresloucado; ou simplesmente ceder diante do perigo, e se deixar agredir sexualmente.
Não! Essa autêntica católica escolheu enfrentar a situação com uma dignidade cheia de fé – uma nova mártir da pureza, a exemplo de Santa Maria Goretti. A resposta à ordem do agressor foi pronta e irredutível:
— Em nome de Deus, eu não vou tirar minhas roupas!
O abusador deve ter percebido que ali não haveria meio termo nem acordo. Só lhe restava um único recurso: a violência. Disparou à queima-roupa contra o peito da mulher. Por mais paradoxal que possa parecer, essa atitude covarde revela quem só tinha mais força física: Jamie, obviamente! Ela morreu minutos depois, numa ambulância a caminho do hospital. Nos últimos suspiros, testemunhas ouviram Jamie recitar o Padre-nosso. O monstro-agressor foi preso após fugir, e responde pelo crime bárbaro diante dos tribunais. Espera-se que seja condenado à pena de morte.
Algum movimento feminista se lembrou da atitude honrada de Jamie Schmidt? Por que não exaltar o ato heroico daquela mulher, no dia internacional da mulher? Não espere nada disso, pois há muita coisa distorcida no movimento feminista…
Em razão de tudo isso, o site Returntoorder, impulsionado pela TFP norte-americana, está ajudando a promover uma campanha de substituição do dia internacional da mulher por outro muito diferente: o Lady Day. “A alternativa católica é chamada de Lady Day [Dia da Senhora ou da Dama]. O tema de 2019: ‘Comemorando a pureza e a coragem das mães’. […] Uma resposta positiva, jubilosa e esperançosa no sentido de celebrar e honrar o plano de Deus para as mulheres, enquanto mães puras e corajosas”.4
Nada melhor do que o atualíssimo exemplo de Jamie Schmidt para contrapor à revolução feminista e ao seu fraudulento e midiático dia internacional da mulher.
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Notas
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