Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
4 min — há 10 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 8:52:33 PM
Consumismo acabaria desertificando o mundo?
Demagogia ambientalista serve de pretexto para difundir uma ideologia neocomunista.
Caro leitor, amarre o cinto e segure-se na cadeira. Estamos, você e eu, prestes a decolar da realidade. Contra toda evidência, vamos afundar na galáxia da demagogia ambientalista, vamos ingressar num meio-ambiente deveras irreal.
A ONG Global Footprint Network (GFN) anunciou que no dia 19 de agosto a humanidade acabou de consumir a totalidade dos recursos naturais que o planeta é capaz de produzir por ano.
Mas não é apenas o consumo da produção agropecuária, seria também a água doce, o peixe, a capacidade do ecossistema planetário absorver o lixo e as emissões de CO2…
Não é a novela de Kafka dos dois homens que numa terra tornada um imenso Saara aguardam que a última máquina recicle os últimos restos para produzir o último enlatado e devorar o último dos dois.
Não. Tampouco é um anjo do Apocalipse tocando a trompete. A Global Footprint Network é um tanque de pensamento com sede na América do Norte, Europa e Ásia. A data fatídica tem até um nome: “Global Overshoot Day”, ou o “Dia da ultrapassagem”.
Martin Halle, analista político dessa ONG, falou ao jornal Le Figaro sobre o método empregado para calcular essa data fatídica. Basta olhar para a realidade a fim de perceber que se trata do raciocínio de um hiper-técnico há muito tempo fechado dentro de um quarto que se utiliza de um método que vira a cabeça e tirar a sensatez daqueles que ainda a tem.
Como é de praxe, o catastrofismo do GFN corrigiu seu erro de cálculo passado, uma vez que anunciara que a tal “ultrapassagem” aconteceria em outubro do ano 2000, e atualizou a data para 19 de agosto deste ano.
A linguagem deles é de uma humanidade que hoje estaria canibalizando um derradeiro resto de suas pernas. O disparate é demais. Mas tem suas arapucas para pôr no ridículo quem não está advertido sobre as artimanhas do ambientalismo catastrofista.
O velado fundo de luta de classes planetária fornece um dos artifícios verbais: os ricos estão consumindo o que pertence à Mãe Terra e aos despossuídos.
Segundo o analista político daquela ONG, o culpado já está escolhido, julgado e condenado: nosso modo de vida, nossos estilos de consumir. Por exemplo, comer feijoada às quartas-feiras com a família ou os amigos. Trata-se, explica ele, de um regime alimentar que devora grande quantidade de carne – aqui eu me confesso digno da câmara de gás, devido à minha simpatia pelo churrasco –, cuja marca ecológica é pior que a culinária vegetariana.
Nós, os incriminados, agindo assim sem consciência, atacaríamos as reservas de recursos planetários. Seríamos os culpados, em última análise, pelo desmatamento, pelo definhamento dos cardumes do mar e pela superprodução do agronegócio na base de agroquímicos. Seríamos também os responsáveis pela morte de fome dos pobres em locais sem recursos. E o drama vai daí para pior.
Então, para conscientizar a nós, pobres comedores de feijoada, surge várias opções de alimentação com insetos repugnantes.
Há também outros culpados por esse crime planetário. Em primeiro lugar os transportes, especialmente os carros particulares. Por quê? Pela produção de CO2. Mas a lógica se aplica a toda espécie de transportes a motor. Caminhamos, assim, para um futuro onde carregaremos tudo nas costas, como na China de Mao Tsé Tung.
A inquisição verde não se detém aí. Também as moradias dos cidadãos são culpadas. Nossos sábios inquisidores acham que há excesso de metro quadrado per capita. A solução é apertar todo mundo em casinhas ou apartamentozinhos cada vez menores.
Mas, nessa lógica, há o pior: as infraestruturas das cidades construídas com liberdade pela iniciativa particular.
Fim!
Conclusão: tudo deve ser rijamente planejado para restringir o consumo de energia e salvar o planeta. Mais uma vez, morar numa latinha de sardinha, como o Plano Diretor petista favorece. Eis o paraíso restaurado!
Para a ONG, se não cairmos num comunismo utópico verde, a dívida contraída pelo sistema atual será impagável e, mais cedo ou mais tarde, o planeta entrará em agonia. Interrogado por Le Figaro sobre a data do velório do planeta, Martin Halle reconheceu que não dá para predizer. Tudo dependerá do bicho-papão da “mudança climática”, no qual cada vez menos cientistas acreditam. Mas, para Halle, há razões para o otimismo: por exemplo, as leis alemãs em favor das energias renováveis. Pena que não tenham apresentado resultados dignos à altura das expectativas.
A ideologia verde radical não para de elucubrar espantalhos com ares científicos que depois as esquerdas exploram como pretexto para instalar um neocomunismo não menos radical.
Se você gosta de um tutu com feijão, um bobó de camarão, comida baiana, paulista, mineira, carioca, francesa e alemã, é melhor se apressar enquanto não chega o caminhão da SS verde que o levará para reciclar lixo numa Auschwitz “sustentável”.
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