Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
10 min — há 5 anos — Atualizado em: 7/2/2019, 11:33:53 PM
Cinco séculos de esplendor numa obra iniciada em 1519
Chambord é o mais imponente castelo do Vale do rio Loire. Sua ampla silhueta espelha-se ao longe nas águas de um pequeno rio canalizado que corre ao norte e leste de seus jardins, separando-o da grande floresta que o circunda. Situado no centro da França, um pouco a sudoeste entre Orléans e Tours, tem acesso lateral pela única rua de um pequeno povoado que conduz ao edifício principal. No alto de uma elevação, uma encantadora capela pertence ao castelo, mas serve também à população local.
Francisco I, rei renascentista, desde a juventude gostava de caçar nessa floresta, onde um pequeno castelo pertencera aos condes de Blois. Em 1518 o jovem rei mandou demoli-lo para erguer em seu lugar um projeto confiado a Leonardo da Vinci, que o rei hospedara em Clos-Lucé. Coube a Boccador executar a maquete, e ao superintendente François de Pontbriant a direção da obra.
Iniciada a construção em 1519, há exatamente 500 anos, ocupou mais de 1.800 operários, chegando ao termo em 1537, com apenas uma interrupção em 1524-25. Em 1539 o rei podia dizer-se “em casa” e receber o Imperador Carlos V, mas o acabamento interior e a execução de detalhes se prolongariam por mais de uma década. Em 1545 o rei falecia, sem ver inteiramente acabada sua obra monumental.
Seu filho Henrique II continuou-a. Em 1552 recebia em Chambord três príncipes germânicos para a assinatura de um tratado que lhe conferia o Protetorado de três bispados: Metz, Toul e Verdun, mais tarde definitivamente anexados à França na chamada “paz de Westfália”, concluída em 1648. Entretanto, Henrique II também não viu inteiramente concluído o seu castelo quando faleceu, em 1559. Facilmente se compreende tal demora numa obra-prima que possui nada menos de 440 dependências, 365 chaminés, 13 escadarias principais e 70 secundárias.
Cercado de florestas por todos os lados, o parque de Chambord era um maravilhoso território de caça para a nobreza da época. Além de numerosas matilhas de cães de caça cuidadosamente tratados, dispunha de 300 falcões. Naquele tempo os reis eram familiarizados com a caça desde a infância: Luís XII saltava a cavalo um fosso de cinco metros de largura; Carlos IX conseguia encurralar um cervo sem a ajuda de cachorros e cavalgava dez horas seguidas, a ponto de esgotar cinco cavalos.
Não são estes, entretanto, os aspectos mais altos que ainda hoje provocam a admiração por um castelo como Chambord. Admira-se a ordem hierárquica natural existente entre os homens naqueles tempos, cabendo o governo dos povos aos mais capazes pela hereditariedade, educação, valor, amor à perfeição. A eles podia-se entregar a direção de um país. Os verdadeiros nobres eram educados para governar e defender sua pátria com o próprio sangue.
Milhares de pessoas visitam anualmente Chambord. Por quê? Porque os tempos que ele evoca são, sob vários aspectos, o oposto do presente, e os nobres que os habitaram estavam muito acima de qualquer comparação com governantes atuais. A razão disso é que o mundo atual foi rebaixado pelo igualitarismo. A Revolução enaltece o igualitarismo com todas as suas tubas propagandísticas, mas ele degrada o homem, nivela e rebaixa suas potencialidades de aperfeiçoamento. Corrupção, interesses mesquinhos, roubalheira, atitudes indignas que afrontam uma nação, um país, uma região — não é isso o que se vai procurar em Chambord.
Ao contrário dessa deplorável tendência hodierna, os valores que dão verdadeira personalidade ao homem são inspirados e regidos pelo amor de Deus, que o incentiva a aperfeiçoar-se nas condições em que foi criado. A busca da perfeição eleva naturalmente o indivíduo a uma posição mais alta, dentro das vias para as quais Deus chama cada alma nesta vida, para depois amá-Lo com toda perfeição na outra.
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