Primeiro bispo de Éfeso, a quem São Paulo, em muitas de suas cartas chama de “seu discípulo caríssimo”, “seu amado filho”, e “seu irmão” é celebrado no dia seguinte à festa da conversão de seu amado pai em Jesus Cristo, o Apóstolo São Paulo. Com São Tito, cuja festa também se comemora hoje, foram os dois discípulos mais caros e mais dignos de crédito do Apóstolo dos Gentios.
Timóteo, segundo se depreende dos Atos dos Apóstolos, era de Listra, na Licaônia. Seu pai era gentio, e a mãe, que se chamava Eunice, judia. Assim como sua mãe e sua avó Loide, Timóteo tinha abraçado a religião cristã, provavelmente por ocasião da primeira viagem apostólica de São Paulo e São Barnabé. Ambas distinguiam-se pelo zelo e piedade, conforme testemunho de São Paulo falando a Timóteo: “Desejo ver-te para me encher de alegria, trazendo à memória aquela fé que há em ti, não fingida, a qual habitou primeiro não só em tua avó Loide, mas também em tua mãe Eunice” (2 Tm 1, 4-5).
O discípulo foi assim educado na fé e na piedade bem como na ciência das Sagradas Letras, a cujo estudo se entregou desde criança. E tanto progrediu que, ao voltar São Paulo uma segunda vez a Listra em companhia de Silas, encontrou Timóteo já homem formado na virtude, e por isso o escolheu para companheiro de peregrinação e trabalhos na pregação do Evangelho.
A estima que o Apóstolo tinha a esse discípulo ressalta dos elogios que ele faz dele em suas cartas. Escrevendo aos Coríntios, diz São Paulo: “Se aí chegar Timóteo, cuidai que esteja sem temor entre vós, porque trabalha na obra do Senhor assim como eu” (2 Cr 26, 10). No prólogo da Epístola que dirige aos fiéis de Filipos, iguala-o a si mesmo dizendo: “Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos os santos em Jesus Cristo que estão em Filipos”. Ainda a eles escreve: “Espero todavia no Senhor Jesus enviar-vos brevemente Timóteo, para que também eu esteja satisfeito, sabendo o que vos diz respeito. Porque não tenho ninguém tão unido de coração comigo, e que mostre com sincero afeto cuidado por vós. Realmente, todos buscam os seus interesses, e não os que pertencem a Cristo. E como prova disto, sabei que, como um filho ajuda seu pai, serviu comigo no Evangelho” (Fil 2, 19).
Tudo indica que, quando São Paulo ficou preso por dois anos na Palestina, São Timóteo foi seu companheiro de cárcere.
São Timóteo tem sido visto por muitos como o “Anjo da igreja de Éfeso”, narrado no Apocalipse (2, 1-17), louvado pelo horror com que olha os hereges, pelo zelo com que trabalha na vinha do Senhor, e pelo muito que havia padecido em promover a glória de Deus
Policrates, um antigo bispo de Éfeso e contemporâneo de Santo Irineu, escreveu uma vida de São Timóteo, que Metafrastes ampliou. O primeiro afirma que, durante a perseguição de Nero, São João Evangelista chegou a Éfeso, onde viveu com São Timóteo até ser exilado para Patmos. Este, por sua vez, que também permaneceu virgem, continuou bispo de Éfeso até que, aos oitenta anos, foi martirizado pelos pagãos.
Com efeito, narra a tradição que, numa das festas chamada Catagógia, o santo bispo procurou reprimir as dissoluções brutais que aí os pagãos cometiam. Sua severa pregação irritou-os, e eles o mataram a pedradas e pauladas.
O Martirológio Romano assim se refere a esse fato: “Em Éfeso, São Timóteo, discípulo do bem-aventurado apóstolo Paulo, que o sagrou bispo de Éfeso. Sustentou ali muitas lutas pela causa de Cristo. Por censurar os pagãos que sacrificavam à Diana, foi apedrejado, e pouco depois adormeceu no Senhor”.
São Tito, como diz o Martirológio Romano Monástico, era “originário de Antioquia, e foi designado por São Paulo para ir relembrar aos coríntios a doutrina da liberdade cristã em relação à lei mosaica. Posteriormente organizou a Igreja de Creta”.