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Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

28/04 – São Luís Maria Grignion de Montfort, Confessor

Por Instituto Plinio Corrêa de Oliveira

6 minhá 6 anos


O famoso convertido inglês e abalizado teólogo do século XIX,  Pe. Frederico William Faber (1814-1863), no prefácio da edição inglesa do Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, traduzido por ele, afirma: “Poucos homens, no século XVIII, trazem em si mais fortemente gravados os sinais do homem da Providência do que esse novo Elias, missionário do Espírito Santo e de Maria Santíssima. Toda a sua vida foi uma tal manifestação da santa loucura da cruz, que os seus biógrafos são concordes em classificá-lo com São Simão Salus [monge sírio do século VI, chamado o “Santo Louco de Cristo” porque, para não ser tido por santo, simulava loucura, fugindo de todas as regras humanas, para levar os homens ao arrependimento e livrá-los do pecado] e São Felipe Neri [1515-1595, que também era notado por suas aparentes singularidades]. (…) Será difícil achar, depois das epístolas dos Apóstolos, palavras tão ardentes como as doze páginas de sua ‘Prece’ pelos missionários de sua Companhia. (…) Suas prédicas, seus escritos, sua conversação eram impregnados de profecias e de visões antecipadas das últimas eras da Igreja”.

Luís Grignion nasceu no dia 31 de janeiro de 1673, em Montfort-la-Cane (hoje Montfort-sur-Meu) na Bretanha. Foram seus pais João Batista Grignion, senhor de Bachelleraie e advogado do município de Montfort, e Joana Roberto, senhora de Chesnais. Luís dirá que seu pai era um cristão convicto, que educou sua família como patriarca, “no temor de Deus”. Entretanto, tinha um gênio muito difícil, com explosões de ira incontroláveis, pelo que sua esposa, amável e bondosa, e os filhos, tinham que suportar com paciência o mau gênio do marido e pai.

O filho herdou o temperamento paterno. Por isso afirmará que “custava-lhe mais vencer sua veemência e a paixão da cólera, que todas as demais juntas”. Mas conseguiu, e se tornou um santo doce e amável como São Francisco de Sales.

Um dos seus biógrafos afirma que ele “é um santo de legenda, que ultrapassa a mediana humanidade”. Bebeu, com o leite materno, a devoção a Nossa Senhora, e desde muito cedo “retirava-se para um canto da casa para dedicar-se à oração e rezar o rosário diante de uma pequena imagem da Virgem”.

Quando Luís Maria completou doze anos, em 1685, seus pais o enviaram para o colégio São Tomás Becket, dos jesuítas, em Rennes, onde o estudo era gratuito. Nele o Santo permanecerá oito anos completos, mostrando-se um aluno brilhante, e colocando-se à frente de seus condiscípulos.

Decidido a ser sacerdote, Luís Maria ingressou no seminário de São Sulpício, em Paris, em 1692. Uma senhora amiga custodiou seus estudos. Ele será ordenado sacerdote no dia 6 de junho de 1700.

Desde o início do seu sacerdócio, o Pe. Montfort, como era conhecido, traça o programa da sua vida: ir de paróquia em paróquia, catequizar os pequeninos, converter os pecadores, pregar o amor de Jesus, a devoção à Santíssima Virgem e reclamar, em alta voz, uma Companhia de missionários a fim de abalar o mundo através de seu apostolado.

Em Poitiers, ficou no Hospital Geral. Essa instituição não estava destinada ao serviço dos enfermos, mas a manter encerrados os mendigos que molestavam à boa sociedade da cidade. Os pobres, vendo aquele sacerdote mais pobre que eles, cotizavam-se para lhe dar esmola. E escreveram ao Bispo a fim de pedi-lo como capelão.

O Santo fundou no hospital uma associação de internas, que “dedicou à Sabedoria do Verbo encarnado, para confundir a falsa sabedoria das pessoas do mundo ao estabelecer nela a loucura do Evangelho”. Era formada por 12 internas, doentes, coxas, aleijadas, e à sua frente colocou uma das mais inteligentes e virtuosas, mas cega. Deu à associação o nome Sabedoria.

No seu trabalho apostólico, o santo evangelizou várias cidades, sendo sempre perseguido pelos jansenistas, essa espécie de protestantismo no seio da Igreja, que o tachavam de exagerado e inovador.

Pelo que, encontrando tantas dificuldades para fazer o bem na França, decidiu ir a outra parte em busca de uma colheita mais abundante. Resolveu então ir a Roma consultar o Santo Padre.

Clemente XI (reinou de 1700 a 1721), inspirado pelo Espírito Santo, respondeu-lhe: “Vós tendes, em França, senhor padre, um grande campo para exercer vosso zelo; não vades algures, e trabalhai sempre com perfeita submissão aos bispos nas dioceses que vos chamarem”. Para isso, concedeu-lhe o título de “missionário apostólico”. Acontece que, na França, somente três bispos o acolheram, e uma vez ele teve que viajar a lombo de cavalo para chegar antes do meio-dia numa dessas dioceses para poder dizer Missa, pois não se podia na época celebrar missa vespertina.

Calvário de Pont-château reconstituído.

Um fato muito conhecido e doloroso na vida de São Luís foi o do calvário de Pont-château, na Bretanha, construído com o auxílio de nobres e plebeus, e que era seu orgulho. Na manhã de sua inauguração, veio ordem real de o destruir “por questão de segurança”, pois os inimigos do Santo conseguiram convencer o rei de que aquela construção no litoral, poderia ser utilizada como base para um ataque vindo do mar.

São Luís Maria foi grande pregador da devoção ao rosário, que ocupa um posto importante em sua atividade apostólica. De modo que o povinho o chamava o Padre do rosário grande. O Santo o considerava como um dos meios mais eficazes para “renovar o espírito do cristianismo entre os crentes”.

Por toda parte onde evangelizava, “o bom Pe. Montfort”, como era carinhosamente chamado, fundava associações de Amigos da Cruz, com o fim de venerar especialmente esse instrumento de nossa redenção.

Em sua missão em La Rochelle, o santo foi vítima de envenenamento da parte dos protestantes calvinistas. Ele tomou antídotos, o que lhe salvou a vida, mas o mal estava feito:  sua saúde ficou abalada,  encurtando seus dias.

Assim, no dia 28 de abril de 1716, esse batalhador incansável entregou sua bela alma a Deus aos quarenta e três anos de idade. Escravo de Jesus em Maria, expirava com os braços, o pescoço e os pés, rodeados de cadeias de ferro; na mão direita segurava o crucifixo indulgenciado por Clemente XI e, na esquerda estreitava uma pequena imagem da Santíssima Virgem que trazia sempre consigo; com ternura contemplava estas imagens queridas, e beijava-as, invocando os nomes de Jesus e de Maria.

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