Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
5 min — há 8 anos — Atualizado em: 8/31/2017, 7:43:24 PM
Dilma cassada por 61 a 20, Temer definitivo (até agora, depois da reviravolta preocupante bafejada pela senadora Kátia Abreu, ex-presidente da CNA). Começaram para valer as campanhas eleitorais, embora o povo ainda não esteja com os olhos postos nelas por causa da crise política que convulsiona Brasília. Não importa, daqui a menos de um mês, teremos novos prefeitos e vereadores. Brasil de cara nova?
O que teremos de retrato autêntico do País? Um pot-pourri de dados pode ajudar. Pesquisa recente, de maio de 2016, conduzida pela GfK Verein, organização especializada alemã, verificou que apenas 6% dos brasileiros confiam nos políticos em geral. Quanto aos prefeitos, 10% acreditam neles.
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Assunto ligado ao anterior, o apoio à democracia. O celebrado Latinobarómetro constatou em 2016 que o apoio à democracia no Brasil é de 32%, menos de um terço dos pesquisados. Outro item conexo: o voto facultativo. Boa parte dos favoráveis ao voto facultativo está dizendo: se pudesse, não apareceria na seção eleitoral, só vou lá debaixo de vara. Em 2014, véspera da eleição presidencial, o DataFolha pesquisou sobre voto obrigatório. 61% eram contra, queriam o facultativo. Entre os pesquisados com ensino superior, 71%. Dos eleitores de Dilma, 47% deixariam de votar se não fosse obrigatório. Dos eleitores de Aécio, 67% deixariam de votar se não fosse obrigatório. Resultado semelhante e até mais expressivo apresentou pesquisa promovida no site do Senado pelo DataSenado em 2012: 85% foram a favor do fim do voto obrigatório. Não mudou nada. Acho que as porcentagens agora seriam maiores, pois as decepções se amontoaram muito nos últimos anos.
Em resumo, é com profundo desagrado que a maioria se arrastará até as seções eleitorais em 2 de outubro próximo. Não há como escapar, os vereadores e prefeitos serão empurrados goela abaixo do eleitorado…
Este é um fenômeno bom? Direi que tem lados admiráveis justificando esperanças. A desilusão lúcida favorece escolhas certas. Por outros aspectos, preocupa. O desinteresse pela coisa pública e o egoísmo míope sempre levam a desastres.
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Vou virar a página. Compulso pesquisa antiga, mas que conserva atualidade. Foi publicada em agosto de 1908 pela Associação Brasileira de Magistrados. Entre os numerosos itens, respigo alguns. Para 68% dos entrevistados, era muito importante que o político fosse simpático. 61% conheciam gente que aceitaria votar em candidato em troca de vantagens pessoais. Para 42%, era obrigação dos políticos pagar despesas de hospital e de enterro para pessoas necessitadas. A maioria achava que os políticos deveriam arranjar emprego para quem precisasse. A situação continua igual. De outro jeito, é comum não gostarmos dos políticos, mas exigimos o auxílio estatal. É fraca a noção de que o Estado, instituição benéfica e imprescindível, deve ter papel subsidiário em relação à sociedade. Daí a simpatia, pelo menos em raiz, por formas de intervencionismo e estatismo. Desde o populismo até formas extremadas de socialismo se abeberam em eleitorados assim.
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Como estava redigindo o presente texto, fui por curiosidade à rede para ver quem se candidatava a vereador em minha cidade natal. Deixo logo abaixo alguns dos postulantes, pessoas direitas, respeitáveis, mas que por vezes, até injustamente, retratam a falta de programas e nitidez ideológica presentes no Brasil inteiro. E veja você também a lista dos candidatos de sua cidade natal, não será diferente: Ganso do Padre Libério, André do Picolé, Buzina, Antônio Pipoca, Carlinhos do Queijo, Coco do Futebol, Fubá Pedreiro, Tigrão Motorista, Vai Vaca do JK, Novinho TBA, Fábio Animal, Geraldo Boi do Caminhão, Geraldo Doidão, Goiaba, Baiano da Aparição, Willian Morcego…
Em 1932, escrevendo no jornal “Legionário”, o então jovem líder católico Plinio Corrêa de Oliveira foi longe e fundo ao analisar a anarquia mental já presente no Brasil inteiro, o que impedia elaboração de programas coerentes na política e na economia: “Já que tanto se fala em renovação, seja na política, seja nas leis, seja na economia nacional, é tempo que se cuide da renovação fundamental de que o Brasil carece, isto é, a renovação da mentalidade pública. Quebrada a unidade de pensamento estabelecida pela Igreja Católica na Idade Média, a diversidade de tendências religiosas e filosóficas foi gradualmente tomando tal incremento, que a anarquia triunfou completamente no domínio da vida intelectual. […] O Brasil sofre a tal ponto das desastrosas consequências desse mal, que é impossível constituir-se hoje uma grande corrente de pensamento que seja capaz de se concentrar em um programa completo de reorganização nacional. É frequente presenciar pontos de vista radicalmente inconciliáveis defendidos por uma mesma pessoa com igual calor […] conservadores socialistas, os comunistas que desejariam a abolição da propriedade e a manutenção da família, os liberais socialistas, os reacionários liberais etc. […] Enquanto subsistir esse caos no mundo do pensamento, será absolutamente impossível instituir uma ordem durável no domínio da política e da economia.”
O caos aumentou e o Brasil mudou para pior desde aquela época. De momento, caro leitor, só chamo a atenção para um ponto: antes de votar, observemos bem e sufraguemos candidatos com programa bom, mesmo que sejam
pouco conhecidos, como os supra citados André do Picolé, o Buzina ou o Fubá Pedreiro. Agiríamos então a favor do Brasil. Serão eles melhores que os doutores de PhD vistoso, propondo programas de destruição da vida familiar e
econômica!
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