Contemplação, Beleza e Graça na Serra da Piedade.
Como distinguir a verdadeira contemplação da Criação da Ecologia Integral? A natureza é meio ou fim para nossas almas? É possivel contemplar a Deus através das criaturas? Vejamos o que nos diz um grupo de jovens do IPCO que alcançaram, nesse domingo, os cumes da Serra da Piedade, em Minas Gerais.
Entre as atividades de apostolado, durante as férias de julho, a Divina Providência nos reservou uma visita memorável: uma ascenção até o venerando Santuário de Nossa Senhora da Piedade, padroeira de Minas Gerais, edificado sobre os cumes da Serra que, como um altar de pedra, eleva-se aos céus a 1.746 metros de altitude.
A estrada serpenteia entre matas e penhascos, rasgando as entranhas da montanha até que, vencido o último trecho, somos recompensados por um panorama de rara majestade. Dali se avista, em 360 graus, a vastidão das alterosas: ondulações intermináveis de verdes profundos, nuvens que pairam próximas como véus do Céu, e um ar tão puro que parece recém-criado.
O silêncio da altura é quebrado apenas pelo vento, que canta nos eucaliptos como harpa invisível, ou pelo tilintar dos sinos da vetusta ermida, fundada há mais de três séculos por almas fiéis que ergueram naquele cume, com sacrifício e fervor, uma morada para a Mãe Dolorosa.
*Beleza como vestígio do Criador*
Ali, em meio àquele cenário quase intocado, brilhou para nós, com especial intensidade a doutrina de São Boaventura, Doutor Seráfico, cuja festa celebramos neste mês. Ensina ele que a criação é um livro aberto no qual se refletem os vestígios de Deus — e que o espírito deve aprender a subir por meio das coisas criadas, como por degraus, até o Criador.
Escalar a Serra da Piedade é, para alguns, apenas um alívio aos sentidos do corpo. Entretanto, criado à imagem de semelhança de Deus, somos convidados também a um patamar espiritual: assim enquanto nossos pés escalam a montanha de granito, nossas almas, guiadas pela contemplação da ordem, da beleza e da grandeza postas por Deus nas criaturas, são chamadas a elevar-se até a Causa Primeira — ensina também São Tomás de Aquino, em sua Quarta Via. Pois todo grau de perfeição no ser clama por um Ser Perfeitíssimo do qual tudo recebe sua medida e valor.
Ora, contemplar a Serra da Piedade à luz dessa doutrina é compreender que não há beleza autônoma, não há encanto desligado de Deus. A flor que desabrocha solitária na encosta, o voo de um gavião sobre os abismos, a harmonia das pedras centenárias da ermida — tudo isso não são senão reflexos da Beleza incriada, imagem pálida, porém, real Daquele que é, por essência, o Belo, o Bom e o Verdadeiro.
Fica nosso convite aos jovens, sobrecarregados como estamos de tanto materialismo ambiente, a colocar nos devidos termos a contemplação das perfeições de Deus em suas obras.
“Os céus narram a glória de Deus e o firmamento é obra de Suas mãos”! (Sl 19,1)
Maria Santíssima, Senhora da Piedade, eleve nossas almas até o Criador!