Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
9 min — há 6 anos
A bondade é uma virtude que permite a uma pessoa agir em benefício de outra a fim de oferecer-lhe diversas sensações como felicidade, proteção, amizade, amor, bem estar etc.
A bondade é um dos elementos mais importantes do catolicismo, que se baseia no amor e bondade de Deus e de seu filho único Nosso Senhor Jesus Cristo para com os seres humanos. A bondade consiste na qualidade das pessoas que tem inclinação para o bem e praticam boas ações.
Muito se tem dito sobre a bondade no trato do povo brasileiro e a contribuição do Brasil para a civilização será o de realçar o valor da cordialidade valorizando mais as virtudes do coração — a bondade civiliza a inteligência.
O historiador francês Fernand Braudel [foto ao lado] fez uma observação interessante a esse respeito na França , em outubro de 1985 pouco antes se sua morte falando em um simpósio sobre sua própria obra: “Tornei-me inteligente quando fui ao Brasil. O espetáculo que tive sob meus olhos foi um espetáculo de História, um raro espetáculo de gentileza social e a partir daí, passei a compreender a vida de outro modo. Os mais belos anos de minha vida passei no Brasil. O que provocou profundas consequências em mim e de alguma forma me expatriou” ( “O Estado de S. Paulo, 12-8-1989 ).
Braudel passou por aqui apenas dois anos (1935 a 1936) e não foi o único estrangeiro a explicitar sentimentos semelhantes em relação ao Brasil muitos outros se referiram ao nosso País de maneiras elogiosas.
Outro foi Stefan Zweig [foto ao lado], escritor, romancista, poeta, jornalista e biógrafo austríaco de origem judaica. A partir 1920 e até sua morte foi um dos escritores mais famosos e vendidos no mundo. Escreveu o livro “Brasil, um país do futuro” um sucesso de vendagem na época editado em português e vários outros idiomas.
Visitando o Brasil na década de 1930, Stefan Zweig ficou maravilhado com nosso País e considerou destinado a tornar-se “um dos fatores mais importantes do futuro desenvolvimento do mundo“.
Em épocas diversas, seus livros foram publicados na Europa e Estados Unidos somando milhões de exemplares e ele se tornou o autor mais traduzido do mundo. Ele escolheu o Brasil como refúgio das atrocidades que eram cometidas na Europa durante a Segunda Guerra Mundial. Aqui Stefan Zweig morou na cidade de Petrópolis morrendo em 22-2-1942, onde se suicidou com sua esposa ingerindo veneno por razões que nunca ficaram bem esclarecidas .
Tivemos desde o descobrimento um grande número de guerras, batalhas, revoluções, motins, golpes e quarteladas que ocuparam o brasileiro em lutas, matando e morrendo pelos ideais que moldaram a formação nacional. Tais combates foram travados por portugueses que aqui chegaram, por índios nativos, negros vindos da África e por outros imigrantes que mais tarde passaram a tomar parte na história do nosso País, o qual foi sendo moldado desde o início pelos ideais de uma Civilização Cristã Ocidental.
* * *
Há seis meses redigi um artigo sobre as guerras e conflitos no Brasil, fazendo uma relação de acontecimentos bélicos em nossa história, mas que, devido à limitação do espaço, mencionei só os fatos mais conhecidos. Alguns leitores indicaram-me a falta de outros acontecimentos que achavam importantes. Assim, agora apresento uma relação das guerras e conflitos ainda não citados no primeiro artigo procurando ressaltar os mais expressivos na história do Brasil.
1516 – 1526 > Expedições Guarda costas
1556 – 1558 > Campanha contra os índios caetés
1575 > Ataques de franceses e ingleses contra o ES e RJ
1575 > Guerra de Aperipê ou da Conquista do Sergipe
1558 – 1559 > Guerras de Mem de Sá contra os indígenas (BA e ES)
1584 – 1587 > Campanha de incorporação da Paraíba
1597 > Campanha de Potengi contra os franceses e potiguares na conquista do Rio Grande do Norte
1603 – 1604 > Campanha contra franceses e indígenas seus aliados (CE)
1611 > Campanha de consolidação da conquista da Ceará
1665 – 1834 > Antilusitanismo
1723 – 1727 > Guerra de Ajuricaba na Amazônia
1725 > Colônia de Sacramento, terceira campanha
1736 – 1737 > Franceses em Fernando de Noronha
1740 – 1741 > Campanha contra os índios caiapós e tapirapés. Conquista de Goiás.
1754 – 1756 > Guerra Guaranítica (RS)
1763 – 1766 > Reconquista de Guaporé aos espanhóis.
1773 – 1774 > Invasão espanhola no Rio Grande do Sul, Vertiz e Salzedo.
1777 > Invasão espanhola na Ilha de Santa Catarina
1796 > Franceses contra Porto Seguro (BA)
1811 > Campanha Pacificadora do Uruguai
1820 – 1839 > Choques do Sebastianismo
1822 – 1823 > Guerra da Independência (BA, PI e MA), Cisplatina.
1824 > Confederação do Equador (PE, PB ,RN , CE e PI)
1831 – 8132 > Novembrada Abrilada (PE)
1832 – 1833 > Revolta dos Guanais ou Federalistas Baianos (BA)
1832 > Insurreição restauradora no Crato (CE)
1832 > Revolta restauradora de Santo Antão (PE)
1833 > Levante restaurador de Ouro Preto (MG)
1834 – 1835 > Carneiradas (PE)
1834 – 1840 > Cabanagem (PA e AM)
1837 – 1838 > Sabinada (BA)
1839 > Motim político na Paraíba
1842 > Revolta dos Liberais (SP e MG)
1843 – 1850 > “ Califórnias” de Chico Pedro (RS eUruguai)
1851 > Campanha de Pacificação do Uruguai, Uribe
1851 – 1852 > Campanha na Argentina contra Rosas
1864 > Campanha no Uruguai contra Aguirre
1874 – 1875 > Arruaças do Quebra (Quilo, AL, PB ePE)
1892 > República Transatlântica de Mato Grosso
1892 > Bombardeio de Porto Alegre
1895 > Invasão de franceses no Amapá
1896 > Levante do capitão Muzzi pela emancipação do sul do MT
1904 > Incidente na fronteira peruana (Nuevo Iquitos e AC)
1907 – 1911 > Levante de Bento Xavier pela emacipação de MS
1910 – 1921 > Movimentos autonomistas do Auto Purus / Alto Juruá
1912 – 1915 > Campanha do Contestado ou Guerra dos fanáticos (PR e SC)
1913 > Revolta político-popular contra o governo amazonense
1915 > Motim militar por direitos políticos (RS)
1916 – 1917 > Revolta dos Conservadores (MT)
1918 > Levante de anarquistas (RJ)
1923 > Revolta dos Libertadores (RS)
1924 – 1924 > Revoltas tenentistas em (SP, PR, MT, GO, RS, SE e AM)
1924 > Revolta do couraçado (SP e RJ)
1926 – 1927 > Revolta política (RS)
1936 > Guerrilha rural comunista (RN)
1957 – 1967 > Operação FENU – Batalhão de Suez (África)
1981 – 2008 > Choques da reforma agrária em vários estados do Brasil
1990 – 2018 > Choques da agitação urbana no Rio de Janeiro.
Entre todas as considerações sobre a importância do Brasil no mundo e na história e a que mais realce teve na análise do povo brasileiro é de autoria de Dr. Plinio Corrêa de Oliveira [foto], fundador da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), em uma conferência para sócios e cooperadores da entidade, realizada em 17 de abril de 1980. Transcrevemos a seguir alguns trechos de tal palestra:
“As grandes obras da Providência, no plano espiritual, realizam-se habitualmente mediante uma família religiosa nova. E quando elas são de ordem temporal, ocorrem geralmente pela atuação de um povo novo.
Poderíamos imaginar um povo — ou uma família de povos — que fosse receptivo à tarefa nova de unir tudo o que os povos fizeram de bom em sua história, a essa tarefa nova de compreender tudo, de destilar tudo, e de com isso fazer um certo ‘mel’ único, que seria o regalo supremo. Elaborar um cântico que seria o cântico último da humanidade antes que esta terminasse a sua História. Um povo ou família de povos suscitado com a vocação de apanhar todo o passado no seu conjunto, assumi-lo e compor o cântico definitivo que entoasse todas as etapas da vida da Igreja; que tivesse em sua alma o entusiasmo pelo Antigo e pelo Novo Testamento, por todos os ritos da Igreja, por todas as fases da vida da Igreja, por todas as nações que a Igreja gerou para a Cristandade, por todos os povos que fizeram coisas belas fora da Igreja (mas que seriam tão mais belas se fossem efetuadas no seio da Igreja, e que o batismo retificaria, purificaria e ordenaria). Uma família de almas ordenativa e resumitiva, que de tudo isso tirasse essa grande novidade que é o todo.
Ao longo de sua obra criadora, Deus foi criando os vários seres. A grande surpresa não consistiu em nenhum desses seres, ocorreu no dia em que Ele não criou nada, mas analisou o conjunto. Seria tão natural que a História do mundo fosse assim também. E que a humanidade, depois de ter caminhado durante milênios e milênios para realizar o que realizou, e, tendo chegado afinal ao aprisco da verdadeira Igreja Católica, ela inteira olhasse para trás, não digo cansada, mas já madura, e formasse uma ideia total de tudo, antes de se voltar para Deus.
Poderíamos nos perguntar se há povos assim. Nesse sentido, eu vejo perfeitamente que Deus criou a índole do povo brasileiro — e as circunstâncias geográficas para o povo brasileiro — de maneira a formar uma mentalidade idealmente própria a realizar essa obra resumitiva do futuro. E a grande originalidade do brasileiro está em conceber resumos assim. É a nossa missão na História!”.
Bibliografia :
– Hernani Donato, Dicionário das Batalhas Brasileiras, Ibrasa, São Paulo, 1996
– Stefan Zweig, Brasil um país do futuro, Editora Jose Olímpio, Rio de Janeiro, 2006
Seja o primeiro a comentar!