Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
16 min — há 5 anos — Atualizado em: 10/15/2019, 4:48:36 PM
Da obra “Tribalismo Indígena – Ideal comuno-missionário para o Brasil no século XXI” (1977), na qual Plinio Corrêa de Oliveira alertou precisamente para questões que hoje se pretende aprovar no Sínodo Pan-Amazônico, reproduzimos ontem o primeiro capítulo, hoje segue o segundo. Os demais capítulos os leitores poderão encontrar no link abaixo indicado.*
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> Como fim,retroceder, tomando o aborígene por modelo
> Pararetroceder, desmantelar
> Para desmantelar,difamar, separar e guerrear
Bem diferente da concepção católica tradicional das missões é a “missiologia” que se jacta de aggiornata e progressista. É o que se pode constatar pela análise de alguns aspectos colhidos principalmente nos documentos episcopais e órgãos da propaganda missionária.
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1. Meta damissiologia “aggiornata”: nova ordempara a sociedade terrena
Ameta capital alegada pelo missionário “atualizado” consiste em instaurar umaordem de coisas global, justa e prática da sociedade humana.
Tal ordem de coisas tem uma finalidadeterrena: uma vez constituída, deve modelar a existência dos homens de maneira aevitar a desordem e assegurar todo o bem-estar terreno.
Quem queira dar a esta nova situação umainterpretação religiosa, pode encará-la como o Reino de Deus na Terra. Pois osprincípios enumerados a seguir (cuja observância é o conteúdo da ordem nova)são considerados pela neomissiologia como a própria essência do evangelho.
2. A ordem novadesejada pela missiologia “aggiornata”
Aanálise da posição do homem perante a situação que os missionários“atualizados” visam implantar torna fácil de perceber o nexo entre a futuraordem e o suposto Reino de Deus.
Tal análise, pressupõe antes de tudo umacrítica ao proprietário atual. É este denunciado como um egoísta, mantenedor efruidor de um privilégio injusto, ou seja, a propriedade. Este privilégioseria, por sua vez, ponto de partida de muitas outras injustiças.
O adversário capital da ordem futuraseria o egoísmo, operando uma completa inversão de valores entre o indivíduo ea sociedade.
Essa inversão — segundo aneomissiologia — dá-se sempre que o homem, rompendo sua inteira vinculação coma coletividade, toma por meta da existência criar para si uma situação: a)fruitiva; b) apropriativa; c) competitiva:
Fruitiva – Isto é, que lhe proporcionedeleites, não enquanto membro da sociedade, mas enquanto pessoa individualmenteconsiderada. Isto o leva facilmente a prejudicar a sociedade em vantagemprópria.
Apropriativa – O egoísta produz mais doque lhe é necessário para a vida de cada dia. E, em lugar de destinar a sobrapara o uso coletivo, acumula-a para sua exclusiva vantagem, o que o torna maisprovido e mais “assegurado” do que os demais. A apropriação nasce portanto doegoísmo, e por sua vez o estimula. Ela é um ultraje à igualdade, forma supremada justiça, e opera uma dilaceração no bom convívio social.
Competitiva – Oproprietário, movido pelos impulsos egoísticos, fruitivos e apropriativos, nãose contenta em ter muito, ele quer tudo. Daí a competição, pela qual procuratornar-se dono — através da produção, da troca e do dinheiro — do que pertencea outros “proprietários-ladrões” e à sociedade. A vida econômica de nossosdias, com o micro, o médio e o macrocapitalismo, constituiu uma estruturalevada ao auge de sua complexidade, e também de seu poder malfazejo. Pois acompetição tende a concentrar cada vez mais os bens nas mãos de poucos, e marginalizamultidões de “alienados”.
3. Homem eegoísmo: contraste entre o ensino tradicional e a nova missiologia
a) O homem temum fim imediato em si mesmo, e outro transcendente em Deus
Segundoa concepção católica tradicional, o homem tem uma tendência para o egoísmo,porém ele não é todo egoísmo. O egoísmo não é senão uma disformidade moraldele.
O uso que o homem faz de suainteligência, de sua vontade e de sua sensibilidade para prover ao próprio bemindividual, em conformidade com a Lei de Deus e a ordem natural, não écondenável, mas virtuoso. É um corolário do fato de o homem ser inteligente edotado de vontade — uma pessoa, pois, e não uma coisa — com um fimtranscendente, e portanto dono de si mesmo.
Ohomem tem, certamente, deveres para com o próximo; e consequentemente, para coma família e a Pátria. Mas ele não vive só nem principalmente para uma ou paraoutra. Fundamentalmente, vive para Deus e para si.
E ainda que o assunto fosse consideradodo mero ponto de vista do bem comum, cada homem provê ao bem comum provendo,antes de tudo, diretamente a si próprio.
b) Para aneomissiologia, o homem é como uma peça que vive para o todo
Nanova concepção que aqui se estuda, pelo contrário, o homem não é visto como umapessoa que tem uma finalidade imediata em si mesmo, e outra transcendente emDeus, mas como uma peça em um todo. A peça vive para o todo. Destacada do todo,ela nada vale; e por assim dizer, nada é. Do todo lhe vem por inteiro ainspiração, o impulso, quase se diria, a vida.
4. Egoísmo esociedade contemporânea
a) As grandesbabéis nascidas da técnica moderna
Pareceinegável que a descrição da massa, feita por Pio XII, corresponde ao modo deser das multidões nas grandes babéis contemporâneas. A do povo corresponde aosconglomerados humanos — sobretudo aos de formação cristã — anteriores àsbabéis.
Por sua vez, também parece inegável quea formação dessas ciclópicas concentrações urbanas decorreu, entre outrosfatores, do uso (pejado por graves faltas de sabedoria e temperança) que apartir do século XIX os homens fizeram correntemente da máquina e dos outrosprogressos técnicos. Embora em graus diversos, estes resultados apareceram emtodas as sociedades do Ocidente. Contribuíram para isto os que manejam o poderpolítico ou a economia, de modo exclusivamente egoístico, movidos pelo desejodesenfreado do mando e do lucro. E também as grandes multidões, pelo fascínioda vida trepidante e aliciante dos centros superpopulosos, para os quais aflueminconsideradamente.
b) Falsa soluçãoda missiologia “aggiornata”
Anteesta situação, cuja causa mais profunda é a influência crescente doneopaganismo em nossa civilização, e a consequente decadência moral, continuaintacto o ensinamento tradicional da Igreja sobre o homem, o trabalho, apropriedade e o capital. O homem não atendeu a esse ensinamento, e seprecipitou na crise atual. O curso errado dos acontecimentos históricos — amassificação urbana, por exemplo — conduziu, pois, a uma situação que, aagravar-se, ficará insustentável.
A solução não consiste, como quer a novamissiologia, em alterar a doutrina reta para coonestar, no extremo oposto, odesatino de que adiante se falará. Mas em renunciar a toda espécie de desatinose voltar à reta doutrina.
5. “Um abismoclama por outro abismo” (Ps. 41, 8) – da exacerbação do egoísmo, a sociedadecontemporânea chegou ao coletivismo
Dianteda crise ciclópica em que estamos, não faltou quem procurasse uma solução.Porém, ao invés de reverter à prática dos princípios da Sabedoria eterna,procuraram levar às últimas consequências os erros cometidos.
a) Confusãoentre pessoa e egoísmo
Hánas megalópoles quem, atribuindo com razão ao egoísmo humano a situação em queestamos, recusa a justa distinção, no homem, entre a sua pessoa e o seu egoísmo.Para quem assim pensa, a pessoa é o egoísmo. É, pois, o inimigo. A salvação dobem comum consiste em que a pessoa seja totalmente absorvida, padronizada edirigida pela coletividade. Seria o único meio de nos evadirmos do caosinfernal do egoísmo.
b) Concepçãocomunista
Bemse vê quanto esta concepção tem de afim com a do comunismo, isto é, a sociedademassificada, sem personalidade, sem classes, sujeita à ditadura do proletariadoanônimo.
6. O novo abismo atrai um terceiro: do comunismo à anarquia
a) O“neocomunismo” visa o desmantelamento do Estado
Énotório que o regime comunista não reúne em torno de si, como até há pouco, atotalidade dos que querem uma sociedade inteiramente coletivizada.
Muitos “novos” do comunismo opinam que aimensa estrutura estatal comunista não escapa a muitos dos inconvenientes dasociedade capitalista.
Assim, querem com veemência odesmantelamento do Estado e de todos os superorganismos que o integram. OEstado, conforme asseguram, deve desfazer-se em uma galáxia de grupos oucorpúsculos mais ou menos justapostos, e tão autônomos quanto possível.
Nointerior desses corpúsculos, em rigor de lógica, deverá permanecer a fobiacontra o indivíduo, suposto sempre e necessariamente egoísta. Portanto, tambémserá lógico que persevere o empenho em cercear ao máximo as liberdades naturaise legítimas que a doutrina católica reconhece à pessoa humana.
Éde se prever que o ideal comunista, igualitário e massificante, subsistiriaassim nesses corpúsculos, inteiramente fiel aos seus princípios maisintrínsecos, com a única diferença de que seria posto em prática em organismosde proporções não macroscópicas, mas microscópicas.
b) Os“clássicos” comunistas já previam essa evolução
Oaparecimento de inovadores que aspiram a esse “neocomunismo” não é surpresapara os continuadores dos comunistas “clássicos”; estava nas previsões deles.Vaticinavam, segundo seus mais fundamentais doutrinadores, que para além docapitalismo de Estado e da ditadura do proletariado surgiria, no decursoevolutivo da História, uma nova fase em que o Estado seria por sua vezliquidado.
7. Na selvabrasileira, missiologia “aggiornata”
Todasas considerações anteriores eram necessárias para aclimatar o leitor ao quadro— estonteante para o homem de bom senso — que em seguida se lhe apresentará.
Muitosmissionários, vários deles ainda jovens, penetraram nas selvas do Brasilimbuídos, em grau maior ou menor, de progressismo e esquerdismo difusos. Ouseja, nos mais moderados dentre eles, tendências genéricas e opiniões esparsas,inspiradas no progressismo e no esquerdismo. Umas e outras, porém, se reunidasnum vasto mosaico doutrinário, formam o quadro que se acaba de delinear, pelomenos em suas grandes linhas.
a) Organizaçãotribal, obra prima de sabedoria antropológica
Nãoespanta pois que, sob a influência de tais tendências e opiniões, essesmissionários tenham formado uma noção absolutamente surpreendente acerca dascondições de vida dos indígenas, que sempre foi marcada, entre outros traços,pela crueldade, pelo mais elementar primitivismo, pela mais melancólicaestagnação. Pelo contrário, o índio lhes pareceu um sábio, sua organizaçãotribal uma obra-prima de sabedoria antropológica, o modelo a ser seguido peloscivilizados de nosso mundo.
b) Vida tribal esociedade comunista
Asanalogias entre a vida em tribo e a vida da sonhada sociedade comunista são acomunidade de bens, a ausência completa de lucro, de capital, de salários, depatrões, de empregados e de instituições de qualquer espécie. Só a tribo deveabsorver todas as liberdades individuais desse pequeno grupo humano nãofruitivo, por isso mesmo fracamente produtivo, nem um pouco competitivo. Neleos homens vivem satisfeitos e sem problemas, porque se despojaram de seu “eu”,de seu “egoísmo”.
Um mundo mais do que arcaico,categoricamente pré-histórico, seja dito enpassant. Um mundo feito de incontáveis pequenos mundos sem personalidades erealce, isto é, de tribos sem autênticos vôos do espírito, sem élan ascensional, sem ideais definidos,em que os anos se escoam invariáveis e monótonos no ritmo cadenciado dos diasiguais, das músicas tristes ou excitadas e dos rituais uniformes.
c) Índios sãocomunistas?
Nossosíndios podem ser qualificados de comunistas? A pergunta só pode despertar osorriso.
Do comunista, o índio nada tem. Nem adoutrina, nem a mentalidade, nem os desígnios.
O estado em que ele se encontraapresenta, em relação ao regime comunista, apenas traços de analogia. Isto porum desses jogos de coincidências, que aparecem com frequência quando se faz acomparação entre os estágios primitivos e os de decadência. Entre a infância ea velhice, por exemplo.
Seo primitivo tem (ou quase só tem) a propriedade comum, não é porque sejadoutrinariamente contrário à propriedade privada. A razão é a mesma pela qual,se o homem da era da pedra lascada não usava a pedra polida, não era porquepensasse que não a devia usar, mas simplesmente porque não a tinha inventado.
Nessa perspectiva, o índio não pode serequiparado ao “civilizado” que conhece a propriedade privada, a famíliamonogâmica e indissolúvel, e também os frutos dessas fecundas instituições, mastem aversão a esses troncos e a seus frutos. O que este “civilizado” quer éaplicar o machado na raiz desses autênticos progressos.
Em suma, uma nação indígena pode sercomparada a uma planta que não cresceu, mas ainda poderá crescer. O adversárioda família e da propriedade, pelo contrário, é um demolidor, nostálgico docomunitarismo ou do comunismo tribal (classifique-o cada um como melhorentenda)…
8. Concepçõesneotribais sobre a família
Qual o papel da família nas galáxiastribais desse mundo futuro, desses sonhos (ou melhor, delírios) que algunspreparam para nós?
a)Superficialidade desinibida e parcimônia enigmática
Nãose trata de indagar qual o papel que a família desempenha nas tribos existentesou que existiram no Brasil; mas sim o que lhe é atribuído pelas concepçõesneotribais que afloram em nossa atual propaganda missiológica.
Como tantos outros assuntos capitais,também este é tratado pela neomissiologia com uma superficialidade desinibida.
E ainda, com um laconismo enigmático,que destoa da insistência com que são abordados outros assuntos: os supostosinconvenientes da propriedade privada, por exemplo.
9. Novacatequese: catequizar é secundário e até supérfluo
Catequizar?Semear o Evangelho? Para quê? É a pergunta que faz a si mesma a missiologia aggiornata. O Evangelho — pondera — é oantiegoísmo. E assim, segundo os missionários “atualizados”, o Evangelho jáimpregna tão completamente a esfera tribal, que não é necessário anunciá-lo àscoletividades indígenas.
a) Livrar oíndio do “contágio” da civilização – Meta do missionário “atualizado”
Quaissão as metas do missionário “atualizado”? Defender as comunidades indígenas,ainda “limpas” do contágio de nossa civilização do egoísmo; “conscientizá-las”para a excelência da situação em que vivem; fazê-los recusar o estado ao qualas chamam os homens que hoje vão à cata de riquezas e de mão de obra índia namata, como dinheiro, cachaça, vícios, máquinas, leis, estruturas etc.; recusarespecialmente o macrocapitalismo multinacional, que deseja cultivar a terra enegociá-la.
A todo preço, cumpre que os índios nãosofram, em nosso século, o que já sofreram seus maiores, quando os nossosantepassados brancos aqui vieram ter, e entraram em contato com eles.
b) O “erro” dosmissionários e colonizadores
Deacordo com a nova missiologia, os portugueses colonizadores e os missionárioscometeram o erro de incorporar os índios à nossa estrutura… quando osprimeiros não os dizimavam.
Anchieta, por exemplo, foi um artíficedo referido erro. Para evitar isso, os índios e os missionários deverãoresistir à invasão dos colonizadores que os desejam incorporar ao Brasilmoderno, ainda que para tanto tenham de lhes bradar como bradou o Brasiloprimido às Cortes revolucionárias lusas: “Independência ou morte!”
10. Alcance doestudo da missiologia “aggiornata”
Essa,em síntese, a missiologia aggiornata,da qual se tem conhecimento pesquisando, articulando num todo lógico eanalisando o material de propaganda e divulgação missionária disponível:livros, revistas, boletins, folhetos, noticiário jornalístico, entrevistas,declarações, comunicados, etc.
a) Neomissiologiae estruturalismo
Bementendido, não seria difícil aprofundar a conexão de tal pensamento com oestruturalismo e outras correntes do pensamento mais moderno sobre a matéria.
Porém isso desviaria do objeto imediatodo presente estudo, que não é a filosofia estruturalista, mas apenas algunsaspectos do que pensam e escrevem os neomissionários. Esses aspectos importamespecialmente a quem se interessa por nosso País, pois a literatura missionáriacorre caudalosa nos meios católicos.
Ou seja, em meios culturalmentedesiguais, nos quais uma ponderável maioria não sabe definir o que sejam oestruturalismo, o esquerdismo e o progressismo, e que acolhem sem desconfiançaaquilo que os missionários lhes instilam na alma.
b) A propósitode dissertar sobre os índios, preparam o advento da sociedade comunista
Doespírito segundo o qual se exerce essa influência, poderá defender-se o leitormédio. Poderá ele aquilatar então quanto a literatura neomissionária é voltadacontra a propriedade privada e contra as decorrências desta; e de que maneiramuitos autores missionários, a propósito de dissertar sobre os índios e seusproblemas, estão preparando o espírito dos leitores para a aceitação da grandetese sócio-econômica do comunismo utópico de outrora, como do comunismo ditocientífico de nossos dias: “A propriedade, eis o roubo” (Proudhon).
11. Catequese eagitação
a) Vale a penaperder tempo com estes devaneios insensatos?
Valeriarealmente a pena expor com tanto pormenor o devaneio de missionáriosendoidecidos? Sem dúvida, podem ser eles nocivos aos índios junto aos quaisatuam, e por certo criarão problemas nessa zona. Mas em uma quadra históricatão cheia de problemas maiores, vale a pena perder tanto tempo na solução destaquestão, que de um modo ou de outro a penetração vitoriosa da civilizaçãoresolverá? São objeções que a este trabalho se poderiam fazer.
b) Absurdos quese estiolam e absurdos que se propagam
Aresponsabilidade dos brasileiros para com o irmão índio justifica que dediquema atenção necessária para ler este rápido estudo.
Na realidade, porém, uma questão muitomaior emerge por detrás do que se poderia chamar a questão neomissionária. Ésem dúvida absurdo o pensamento que os missionários brasileiros (e osestrangeiros que aqui atuam) erigem em regra de conduta e de vida, para si epara as tribos que “evangelizam”. Não se deduza daí que está necessariamentefadado a morrer sem história.
Há absurdos que, nas épocas deserenidade, se estiolam e morrem precisamente porque são absurdos; mas hátambém absurdos que, especialmente nas épocas de crise, se propagam, adquireminfluência, assolam e devastam precisamente porque são absurdos.
Este pode bem ser um destes, pois tempronunciadas afinidades, pelo menos em suas linhas gerais, com uma corrente depensamento de profundas repercussões no campo sócio-econômico, como é oestruturalismo.
c) Um Bispo quese declara transcomunista
Olhemospara dentro de nossas fronteiras. Quando um D. Pedro Casaldáliga, Bispo de SãoFélix do Araguaia, se declara ideologicamente situado para além do comunismo(cfr. nosso estudo A Igreja ante aescalada da ameaça comunista – Apelo aos Bispos silenciosos, p. 22 – VeraCruz, São Paulo, 4ª ed., 1977, 51º milheiro), até que ponto ele — tão festejadoe apoiado na CNBB e em altas rodas do Episcopado — afirma sua consonância comestes devaneios? É uma boa pergunta…
d) Como pôdeesgueirar-se esta filosofia na Igreja?
Cumprerepetir que o maior problema suscitado por esses delírios não está nos própriosmissionários, nem nos índios. Está em saber como, na Santa Igreja Católica,pôde esgueirar-se impunemente essa filosofia, intoxicando seminários,deformando missionários, desnaturando missões. E tudo com forte apoioeclesiástico de retaguarda; tanto que a transferência desse Bispo, que sedeclara “além do comunismo”, está sendo mais difícil do que o cerco de Tróia:“Mexer com D. Pedro Casaldáliga, bispo de S. Félix, seria mexer com o próprioPapa” — consta até que afirmou Paulo VI ao Cardeal Arns (cfr. “O São Paulo”,órgão oficioso da Arquidiocese paulopolitana, 10 a 16 de janeiro de 1976 — Vertambém a mesma informação no órgão “Alvorada”, da Prelazia de São Félix doAraguaia, de novembro de 1975).
Estaerupção do que talvez se chamasse adequadamente comuno-estruturalismo missionárioindica a existência de uma considerável infiltração na própria estruturacatólica do Brasil. Como explicar a existência e a influência dessa infiltraçãona Igreja? Essa é uma grande e difícil questão.
e) A Igreja e aPátria em perigo
Enfim,não é sobretudo dos índios nem dos missionários que se trata. É da Igreja e doBrasil. E a pergunta que se põe é até onde este e aquela poderão serarrastados, se a infiltração comuno-estruturalista continuar infrene ealtamente prestigiada nos meios católicos.
Comefeito, bastaria que tal câncer se manifestasse no setor missionário da Igreja,para justificar ou até impor outra pergunta: não será esse câncer merametástase de outro tumor localizado em pontos mais decisivos, dentro dosorganismos não missionários da Santa Igreja?
Portodo o País notam-se, há décadas, em diversos campos da atividade católica,impulsos que, clara ou veladamente, tentam conduzir a opinião pública a umaposição sempre mais receptiva à doutrina comunista. E que, a este título, sãopara o comunismo de inapreciável apoio.
Comestas ou aquelas designações, as “reformas de base” esquerdistas, e notadamentea Reforma Agrária socialista e confiscatória, são sempre propugnadas pela“esquerda católica”.
Ora, os missionários “endoidecidos”, dosquais se trata aqui, sentem-se parcela de toda essa imensa agitação nacional.Estudar esta parcela constitui subsídio indispensável para outro estudo maisimportante — o dessa imensa agitação.
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(*)https://www.pliniocorreadeoliveira.info/Tribalismo_last_corre%C3%A7%C3%A3o.pdf
Revista Catolicismo
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