Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
6 min — há 14 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:53:56 PM
As cifras do agronegócio no Brasil são robustas. Apesar de entraves burocráticos e dificuldades de toda ordem, ano a ano os recordes de produção são superados. Contrariamente aos interesses nacionais, vêm sendo favorecidos certos movimentos ditos sociais, que continuam ameaçando e podem pôr tudo a perder
Se numa cidade de 300 mil habitantes o MST conseguisse arrastar 30% da população para um evento favorável à Reforma Agrária, com certeza a notícia do fato seria estampada nas primeiras páginas dos nossos grandes periódicos, e até mesmo no exterior.
De fato, um terço da população de Maringá-PR — cidade que leva o título de capital ecológica do Brasil, por ter o maior índice de arborização por habitante — acorreu pressurosa e ufana a um grande evento.
Mas não se tratava de agitação esquerdista, e sim da recente exposição agropecuária, algo que fica nos antípodas do MST. E o leitor interessado terá de procurar muito, se deseja encontrar na imprensa alguma referência a essa grandiosa promoção do agronegócio.
Essa simples comparação nos leva a considerar no mínimo muito estranho tanto destaque a ações esquálidas como as do MST, enquanto se ignoram eventos de tão grande porte e importância como os do agronegócio.
Fica-se com a impressão de que as equipes jornalísticas encarregadas de selecionar e elaborar as notícias para divulgação usam dois tipos de instrumentos óticos: uma luneta telescópica para ampliar as ações criminosas do MST, apresentando-as distorcidamente como reivindicações sociais; e um binóculo para as ações do agronegócio – mas com o binóculo usado do lado errado, resultando em imagem de tamanho reduzido ou, em muitos casos, sem sequer visualizá-la. Eis aí um novo tipo de instrumento ótico de deformação ideológica da imagem, conhecido como patrulha ideolótica, que reduz, amplia ou exclui as imagens a seu bel-prazer, e também as deforma quando seja conveniente.
Exuberantes manifestações do agronegócio
Além de apresentar as menores taxas de criminalidade, Maringá exibe um dos dez maiores IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do País. E levou para a sua exposição agropecuária cerca de 100 mil pessoas, no dia 10 de maio último. Como ocorre nesse tipo de eventos, houve atrações para todos os gostos e idades: parque de diversões, feira de artesanato e feira da indústria, com máquinas, equipamentos, veículos, genética de alto quilate, leilões de primeira linha e belas provas eqüestres.
Feiras, exposições agropecuárias e os assim chamados agrishows refletem a pujança do nosso agronegócio. O recente show rural de Cascavel, também no Paraná, recebeu a visita de 180.000 produtores em busca de novas tecnologias, consagrando-se mais uma vez neste gênero como a maior feira da América Latina.
As exposições de Campo Grande, Uberaba, Ribeirão Preto, Londrina, Umuarama e Goiânia bateram recorde de público e negócios. Enquanto se desenvolvem esses eventos, o agropecuarista brasileiro prepara mais uma grande safra agrícola, fruto de seu engenho e arte.
Falsa solução para um problema inexistente
Quando o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira publicou há 50 anos o livro Reforma Agrária — Questão de Consciência, denunciou a Reforma Agrária, com base na doutrina social católica e em dados estatísticos abundantes e inquestionáveis, como falsa solução para um problema inexistente. Inexistente já naquela época, pois o Brasil rural produzia comida abundante e de boa qualidade. Daí em diante desenvolveu ainda mais sua produção, e de modo tão extraordinário, que chega hoje a preocupar concorrentes tradicionais do exterior.
Pari passu aos recordes que se renovam a cada ano, empecilhos surgiram no caminho de nossos dedicados agropecuaristas. O mais recente deles encontra-se no Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), uma verdadeira ameaça para o produtor rural que tiver sua propriedade invadida. A vigorar o que propõe o PNDH-3, o agropecuarista não poderá recorrer diretamente ao Judiciário para obter a reintegração de posse, mas terá de submeter-se a uma “mediação”, na qual será “priorizada a oitiva do INCRA, institutos de terras estaduais, Ministério Público e outros órgãos públicos especializados”. Isso significa que terá de entrar em incômodas e desgastantes negociações com os invasores do MST, CPT, CIMI, CIR e congêneres.
Em termos mais claros, os invasores e o invadido serão ouvidos em condições iguais, não se dando o devido valor à intervenção do Judiciário, e sim à do INCRA, que habitualmente tem sido o sustentáculo dos invasores de terras. O Poder Judiciário fica assim relegado a não se sabe bem que papel, pois cria-se uma mediação autônoma em relação a ele, que se torna diminuído e esvaziado de grande parte das suas funções.
Alcance de nossa agropecuária
A cadeia agropecuária do Brasil, hoje rotulada de agronegócio, se inicia a partir do momento em que o agricultor coloca a semente
na terra; e no caso da pecuária, quando nasce um bezerrinho. Sob o impulso da natureza, criada e assistida por Deus e secundada pela ação do homem, tal processo se desenvolve, e ao final de seu ciclo terá movimentado quase 40% da economia nacional e mantido 38 milhões de empregos.
Paralelamente a esses empreendedores do campo, têm seu lugar o comércio, a indústria e os serviços. Os 38 milhões de empregos do campo, somados aos 4 milhões de proprietários, constituem um universo de 42 milhões de brasileiros produzindo, comprando e vendendo através da rede comercial, que por sua vez faz girar toda a roda da economia, além de aportar divisas.
Nossa defesa da propriedade privada e de seu corolário, a livre iniciativa, encontra um eco dentro desse contexto em que o homem tira de si e da natureza tudo de que precisa para viver. Como ser inteligente, ele procura prover-se para o futuro incerto, pois quanto mais estiver ancorado em terra firme, mais segurança terá para levar a cabo seus empreendimentos.
Uma questão de segurança nacional
Falamos de segurança. O bom senso e a razão mostram ser imperativo tratarmos a agropecuária como uma questão de segurança nacional, caso contrário poderíamos nos transformar num país análogo a uma nação subsaariana. Segurança, no caso, significa defender e desenvolver nossas instituições, para que sejam seguras e proporcionem segurança a todos os cidadãos.
Tanto mais importante essa segurança quando se considera que nosso País conquista a cada dia novas posições no ranking internacional. Seguindo o caminho trilhado por nossos maiores, o Brasil adulto vai ocupando o espaço que lhe cabe no concerto das nações, com a conseqüente responsabilidade que advém da maioridade. Com efeito, postas as nossas vastidões e o nosso clima — e ancorados de modo especial no empreendedorismo rural — constituímos a oitava economia do mundo.
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