Jorge Saidl
Surpreendente, mas é verdade! Não se trata de um programa populista de esquerda, mas de um belo projeto de habitação social com mais de 500 anos de existência [foto acima].
Em 1521, Jakob Fugger, cognominado “O Rico”, preocupado com a situação dos pobres de Augsburg (Alemanha), resolveu destinar uma parte de sua fortuna para a construção de um complexo residencial na sua cidade.
O valor anual a pagar pelo aluguel foi fixado em um florim renano – o que representava apenas um mês de salário da época. Como o valor não foi reajustado com a inflação de 500 anos, hoje o aluguel equivale aos módicos 88 centavos de Euro (o que corresponde a 5,73 Reais), se bem que é preciso pagar taxas adicionais que somam cerca de 100 Euros (650 Reais). Mesmo assim fica muito barato.
Porém, há condições para se morar na Fuggerei (pronuncia-se Fuguerái). Em primeiro lugar, é preciso esperar um imóvel vago, pois a vila conta com apenas 140 apartamentos. A espera pode demorar anos. O candidato deve demonstrar sua necessidade financeira, ter boa reputação, ser católico, comprometer-se a rezar diariamente um Padre Nosso, o Credo e uma Ave-Maria pelo fundador da Vila. Deve estar disposto a fazer trabalhos voluntários, como jardinagem e guarda noturna. O local é murado e fecha às 22 horas. Quem chega depois, deve pagar ao porteiro 50 centavos de Euro. Após meia noite, 1 Euro.
Fuggerei é o mais antigo conjunto residencial social do mundo, uma pequena cidade, dentro da cidade, com oito ruas e igreja própria. Até hoje é administrado pela família Fugger, que mantém o complexo com dinheiro proveniente de silvicultura, imóveis e as taxas de entrada cobrada dos turistas. O Conde Alexander Fugger-Babenhausen [foto ao lado], descendente de Jakob Fugger, afirma que não há intenção em aumentar o aluguel, pois isto “iria contra o propósito central da Fuggerei”.
