Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
4 min — há 9 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 8:48:22 PM
Ampla maioria de senadores aprovou o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, com seu consequente afastamento do cargo por um período de até 180 dias, enquanto durarem as investigações. Esse fato, de alto conteúdo simbólico, foi a justo título interpretado por muitos como um dos maiores revezes políticos sofridos pelo populismo esquerdista brasileiro em particular, e latino-americano em geral.
Trata-se, com efeito, da interrupção da hegemonia política do Partido dos Trabalhadores (PT), que já durava 13 anos e chegou a abarcar dois períodos presidenciais de Lula e um período e meio da presidente Dilma.
Numa exteriorização do otimismo que atualmente contagia não poucos brasileiros, o conhecido jornalista Reinado Azevedo escreveu no dia seguinte à suspensão de Dilma de suas funções de presidente: “O PT está fora do poder. E, acreditem, é para sempre” (“Folha de S. Paulo”, 13-5-2016).
Na realidade, neste momento de debacle populista, as sãs alegrias se justificam; mas talvez seja preciso muita cautela ao se considerar se o populismo brasileiro e hispano-americano de fato entrou irreversivelmente em estado terminal. Neste momento, na hora da análise política, requer-se, junto com a mansidão da pomba, a astúcia da serpente.
Vejamos um exemplo, que parece ilustrativo quanto à necessidade de continuar a exercer um redobrado espírito de vigilância em relação ao populismo e a sua potencial capacidade de se reerguer. No Brasil, na Argentina, no Uruguai, no Chile, na Venezuela, bem como em outros países governados nos últimos anos por partidos políticos esquerdistas, ficou provado que todos esses partidos, incluindo alguns de seus mais importantes líderes, se contaminaram e sujaram com a corrupção, apesar de se terem sempre apresentado como os únicos incorruptíveis.
Embora a corrupção esquerdista seja um elemento sumamente grave, ela não constitui o pior dano causado pelas esquerdas. A maior destruição causada por estas na América Latina, especialmente pelas que chegaram ao poder nos últimos anos, foi uma erosão cultural, psicológica e social na população, incluindo setores do centro e até da direita. Uma erosão sistemática, com estilo e métodos gramscianos maquiavelicamente mais eficazes do que os das esquerdas clássicas, e cujo objetivo principal é drenar e secar gradual e inadvertidamente na sociedade os princípios básicos da civilização cristã. Tudo isso num clima anestesiante, a fim de se evitar despertar reações incômodas.
Sobre a corrupção esquerdista, muitos falam. Sobre a revolução anticultural esquerdista em nível brasileiro e latino-americano — muito mais profunda e destruidora que a corrupção econômica — quase ninguém trata. Por exemplo, muito haveria a dizer sobre o predomínio hegemônico da mentalidade marxista nos meios educacionais e culturais, o qual faz com que o ensino em todos os níveis, as artes e a cultura continuem em mãos de professores e intelectuais nitidamente de esquerda. Nesse sentido, a gigantesca propaganda direta e indireta a favor da nefasta revolução comunista em Cuba constitui todo un capítulo especial.
Deste modo, a grande arma anticultural e hegemônica das esquerdas — que mereceria um detalhado “Livro Negro” de denúncia — permanece protegida e quase intocada, pronta para preparar o caldo de cultura de um eventual ressurgimento populista no continente, com eventuais adaptações cosméticas.
No Brasil, por exemplo, o governo está emitindo sinais diferentes e até mesmo contraditórios. Enquanto uma nota do Ministério das Relações Exteriores criticou duramente a intromissão dos governos bolivarianos nos assuntos internos do Brasil, foram nomeados para o novo governo alguns ex-ministros de Lula e Dilma, e o novo ministro da Defesa pertence a um partido de esquerda, inclusive com um passado de militância comunista. Isso não obstante, um clima de distensão vai tomando conta do Brasil, enquanto a indignação em relação ao PT e seus próceres parece amortecer e diluir-se.
Fica, com este artigo, um convite à vigilância, e também a um sério debate sobre temas tão relevantes para o futuro da grande nação brasileira e de toda a América Latina
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