Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
3 min — há 13 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:32:02 PM
Situada ao longo da antiga estrada de Vincennes, a Place de la Nation é hoje um dos pontos cardiais da zona central de Paris. Até o século 18, chamava-se Praça do Trono, porque em 26 de agosto de 1660 ali foi erigido um trono para receber Luís XIV e Maria Teresa, que voltavam de Reims, onde acabavam de ser sagrados reis de França. Foi nesse trono que o jovem casal recebeu as aclamações da multidão popular e a homenagem de todos os corpos constituídos da capital.
Em direção ao Leste, a cidade não ia então além da abadia de Santo Antônio, de maneira que a praça do Trono parecia mais um campo. Em 1787 ergueu-se ali a Barreira do Trono, com dois pavilhões quadrados, de 17 metros de altura e duas colunas clássicas.
Em 1789 eclodiu a Revolução francesa, seguida por sua fase mais sangrenta: o Terror. Vitoriosos, os revolucionários mudaram o nome para Praça do Trono Derrubado. O sangue corria na capital. Fartos do lúgubre desfile de carroças com cadáveres ensanguentados rumo ao cemitério da Madalena e de Errancis, os habitantes do bairro de Saint-Honoré protestaram.
Os revolucionários escolheram então a praça da Bastilha como palco da sua infernal máquina de matar: a guilhotina. Mas os habitantes do bairro de Santo Antônio também não suportaram mais do que três dias o macabro espetáculo. A guilhotina foi instalada então, de 14 a 27 de julho de 1794, no lado sul da praça do Trono Derrubado, voltada para a Rue du Faubourg Saint-Antoine.
E começou a matança: em seis semanas, 1.306 pessoas ali foram decapitadas, contra 1.120 em cerca de treze meses na praça da Revolução, hoje cinicamente chamada de praça da Concórdia. O carrasco oficial Sanson chegou a executar até 55 condenados no mesmo dia. Imagine-se a sangueira! Inicialmente fazia-se um buraco sob a guilhotina para receber tanto sangue e depois tapava-se com uma prancha. Mas o mau cheiro que exalava era tal que foi necessário fechá-lo com uma lâmina de chumbo.
O nome da Place du Trône foi restabelecido em 1805. O nome atual de Place de la Nation foi colocado em 1880. O monumento ao Triunfo da República, do communard Dalou (1899) sela a ignomínia, mas não silencia o clamor do sangue inocente ali derramado.
Entre a vítimas da Revolução francesa ali decapitadas, algumas deram exemplos sublimes. Cito dois deles.
O primeiro é o das 16 religiosas Carmelitas de Compiègne, que partiram da prisão da Conciergerie, situada bem no centro de Paris, em carroças que as conduziam ao suplício enquanto cantavam os salmos penitenciais. A canalha revolucionária, normalmente vociferante à passagem dos condenados, calou-se. No patíbulo, a primeira das carmelitas chamada para a guilhotina – era a mais jovem – ajoelhou-se diante da sua Superiora e pediu licença para morrer… Assim fizeram sucessivamente as demais, cantando o hino Veni Creator Spiritus, até que a última voz se extinguiu sob o golpe implacável da lâmina assassina. A cena tocante inspirou uma peça de Georges Bernanos – Diálogo das Carmelitas – adaptada também ao cinema.
Qual o crime das Carmelitas? Ser religiosas. Crer em Deus.
Outro caso é o de uma irmã do Rei Luís XVI, conhecida como Madame Elisabeth. Morreu com apenas 30 anos e não quis casar-se para dar apoio ao irmão. Seu crime foi o de ser muito religiosa e irmã do Rei. Morreu como uma santa. Mas os detalhes ficam para outro artigo.
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