Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
5 min — há 5 anos — Atualizado em: 3/10/2020, 4:41:13 AM
Transcrevemos alguns comentários do Prof. Plinio sobre o Sensacionalismo Midiático (1938) que tomam toda a sua atualidade face ao surto do coronavírus.
Vejam nossos leitores, é um vício ou artifício tão velho de quase um século. E sempre renovado. Escreve o Prof. Plinio, em 1938, sob o título:
Sensacionalismo
“Não podemos deixar passar sem algumas reflexões a nota de sensacionalismo com que muitos jornais desta Capital noticiaram o acontecimento (tragédia do Cine Oberdan).
“Seria fácil suspeitar que esse sensacionalismo obedeceu a móveis econômicos, visando uma tiragem maior e mais remuneradora. Preferimos, porém, não admitir tal hipótese por demais triste para nossos corações de jornalistas, e, sem entrar na indagação do fito com que se faz sensacionalismo, apontar apenas o mal que ele produz.
Solidariedade jornalística não é cumplicidade
Fazendo, não rompemos a solidariedade que devemos a nossos colegas da imprensa. Solidariedade não significa apoio incondicional, mas apoio no bem. Porque apoio no mal não se chama solidariedade, mas cumplicidade. E esta cumplicidade, de modo nenhum quereríamos tolerá-la.
Sensacionalismo é um vício da Imprensa contemporânea
“Definamos primeiramente, com clareza, o que entendemos por “sensacionalismo”. É um vício da imprensa contemporânea apresentar aos leitores todos os fatos sob um aspecto sensacional, a fim de atrair sua atenção e despertar seu interesse pelo jornal.
“De um modo geral, este processo pode aplicar-se a todos os assuntos. Há, pois, o sensacionalismo político, que visa entreter as massas em estado de constante agitação e superexcitação à vista dos acontecimentos políticos.
“Há o sensacionalismo econômico, que exagera a gravidade das crises econômicas, dos “cracks” de bolsas, etc. Há o sensacionalismo dos desastres, que acentua a nota trágica de todos os acidentes noticiados pela reportagem.
“E há, finalmente, o pior dos sensacionalismos, que é o dos crimes, o qual consiste em noticiar de tal maneira os crimes que empolgue a opinião pública pela divulgação dos episódios particularmente trágicos ou imorais.
— Neste sensacionalismo incluímos a propaganda desenfreada da Agenda LGBT, atualizando o Quadro para o Século XXI.
Um estado de permanente hipertensão
“Em uma época em que a vida intensa das grandes cidades exerce sobre os nervos uma pressão intensa e nefasta, em uma época em que os acontecimentos dramáticos se multiplicam indefinidamente, quer no terreno político, quer no econômico, quer no doméstico em virtude da total desorganização desse mundo que se afastou de Deus, motivos não faltam para que a opinião pública seja mantida em um estado de permanente hipertensão.
“E esses motivos são tantos e tão graves que Alexis Carrel, no seu famoso livro “L’Homme, cet inconnu”, não hesita em apontar a loucura e as diversas formas de degenerescência nervosa como um dos grandes perigos que ameaçam o mundo contemporâneo.
“Se já é perigosa a simples hipertensão provocada pela vida moderna e pelas crises contemporâneas, o sensacionalismo da imprensa, do cinema e do rádio (tv ou midia digital, acrescentamos) eleva esse mal ao auge, pela impiedosa exploração que faz das misérias alheias.
Dever do Jornalismo: dizer sempre a verdade, e só a verdade.
“Se, ao menos, o sensacionalismo fosse sempre verídico, isto é, se explorasse apenas, nos acontecimentos noticiados, os detalhes trágicos realmente existentes, ainda teria uma certa aparência – aparência, dizemos, e só aparência – de respeitabilidade. Infelizmente, porém, tal não se dá. Às vezes, a imprensa exagera detalhes secundários e até insignificantes de certos fatos, para causar sensação entre os leitores. Em outras ocasiões, chega mesmo, e isto não é raro, a inventar detalhes que absolutamente não são verídicos. O que, em outros termos, implica em dizer que, raramente, os jornalistas que exploram o sensacionalismo violam um dos seus mais graves e imprescritíveis deveres, que consiste em dizer sempre a verdade, e só a verdade.
Estímulo indireto à prática dos crimes
“Não podemos alongar excessivamente as proporções deste artigo. Senão demonstraríamos ponto por ponto aquilo de que todo homem sensato já está persuadido, e que é unanimemente aceito por todos os sociólogos e criminologistas: o sensacionalismo é um dos importantes fatores da dissolução dos costumes e das moléstias nervosas de nossos contemporâneos.
“Particularmente as fotografias de vítimas de desastres e de crimes concorrem para tornar banal aos olhos do público de pouca cultura, o aspecto da dor e do crime. O que, ainda segundo a opinião de todos os criminalistas, constitui um passo importantíssimo para a criminalidade. Note-se bem, não é apenas o sensacionalismo em torno dos crimes, mas ainda o que se faz em torno dos desastres, que é altamente nocivo e constitui um estímulo indireto à prática dos crimes. A este respeito, não há, entre os cientistas, a menor voz discordante.
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“Não é sem um fim prático que escrevemos estas reflexões. É preciso que os católicos compreendam todo o mal que lhes faz o sensacionalismo, e que evitem cuidadosamente que os jornais sensacionalistas sejam vistos e lidos pelas pessoas de suas famílias … e por si próprios.
“É natural que cada qual queira ter uma informação exata dos acidentes verificados na cidade. Mas essa informação nunca dever ser transformada em exploração jornalística e, quanto aos crimes, sua publicação deveria ser pura e simplesmente suprimida pela censura.
“Os católicos devem, pois, manifestar seu desagrado às folhas que assim procedem, escrevendo-lhes seus assinantes e leitores enérgicos protestos, e coagindo por todos os modos possíveis a imprensa sensacionalista a mudar de rumos”. https://www.pliniocorreadeoliveira.info/LEG%20380417_Sensacionalismo.htm
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