Portal do IPCO
Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação
Logo do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira
Instituto

Plinio Corrêa de Oliveira

Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo

Cura para o nosso fetiche por velocidade – A Sociedade Cristã Orgânica

Por Outros autores

6 minhá 10 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 8:54:26 PM


pressa1-e1332174735538

Roark Mitzell

Eu descobri um certo espírito imprudente dentro da nossa economia moderna, no qual todos aparentam querer se livrar das restrições legítimas para satisfazer paixões desordenadas – e com uma urgência de fazê-lo rapidamente. Não estou sozinho em minha avaliação. Em seu livro, “Return to Order: From a Frenzied Economy to an Organic Christian Society – Where We’ve Been, How We Got Here and Where We Need to Go” (1), o autor John Horvat cunha o termo “intemperança frenética” para descrever este impulso agitado, explosivo e implacável, que tantas vezes se manifesta no mercado.

Este termo, intemperança frenética, realmente atinge o ponto. Acho que um de seus principais componentes é, certamente, o nosso fetiche por velocidade.

Um fetiche pode ser definido como “uma atividade ou objeto tornando-se uma fixação de alguém, que dedica uma quantidade de tempo compulsiva, e/ou pensada para isso”. Eu sugiro que a sociedade moderna (particularmente pós-anos setenta) e as gerações subsequentes têm sucumbido a um vício de “velocidade”, que é o ato de mover-se rapidamente. Estranhamente, a palavra “velocidade” vem de uma palavra inglesa arcaica, “spaed”, que significa “riqueza, poder, sucesso” – semelhante a “spowan”, que denota “prosperar ou ser bem-sucedido”.

De alguma forma, o conceito de sucesso (do inglês arcaico) trouxe ao nosso presente a definição de movimento rápido. É aí que se encontra uma parte do nosso dilema atual.

Este fetiche por velocidade nem sempre é bem-sucedido. Algumas semanas atrás, eu me deparei com a parte final de um programa de notícias; que chegou à característica final do interesse humano. Nesse segmento, um entendido cliente de supermercado oferecia um sistema para melhorar a circulação pelos corredores. E mais: ele desenvolveu uma equação para descobrir qual fila do caixa se moveria com mais rapidez. Além da complexidade da equação, o consumidor levou cinco minutos para calcular cada fila. Isso significa que, se você estiver numa loja com oito filas ocupadas, levará 40 minutos para calcular a fila mais rápida.

Isso me parece um grande exemplo de como somos encorajados a encarar a vida sob tal perspectiva: gastar muito tempo para economizar tempo; mesmo quando não é possível. Estamos especialmente condicionados a aceitar essa mentalidade que é, implícita e explicitamente, vendida pela publicidade.

Tendo isso em vista, comecei a prestar atenção aos comerciais – e tudo está voltado para a velocidade.

Naquela noite, eu vi o comercial de um carro cujo maior atributo é ser mais rápido que a chita. Esqueça o consumo de combustível, a segurança ou o custo. Este carro ia além! Em seguida, apareceu um esfregão de cozinha que poderia limpar o chão na metade do tempo, para que você possa ir até a varanda, beber chá e visitar seus vizinhos imaginários (cujos nomes você, provavelmente, nem sabe).

Claro, o especialista em fitness também apareceu, dizendo que você podia ficar incrível em 90 dias. E o que dizer das bebidas energéticas que permitiriam a você uma melhor utilização do tempo, ajudando-o a continuar supercarregado, por mais tempo?

Intrigado pelos comerciais, comecei a prestar mais atenção aos sinais nas ruas e nas vitrines, anúncios em revistas, e em qualquer outro lugar. Em nenhum momento me convenci, e encontrei provas convincentes, de que temos um fetiche por velocidade em nossa cultura. Como mencionado anteriormente, um fetiche é um desequilíbrio. É qualquer coisa que você coloque mais importância do que intrinsecamente vale. Esta relação pode se transformar em adoração, veneração e, finalmente, numa fixação que anula a razão ou a lógica, e domina a vida de uma forma extraordinária e antinatural.

Com este domínio em mente, eis o que eu comecei a notar. Nós, é claro, gostamos de “fast food”, que já foi uma opção “rápida” e de baixo custo. Esses dias são história. E ainda temos os mercados de bairro, seis distribuidores de cerveja, e os “drive-thrus” (para poupar tempo). Não devemos esquecer as lojas de conveniência, que podemos contar após sacarmos o dinheiro de um caixa eletrônico. Para as questões particulares, ou necessidades, podemos sempre recorrer ao reembolso rápido, solicitar uma cópia instantânea, levar o animal de estimação a uma clínica veterinária 24 horas, ter documentos assinados e selados por cartórios ágeis.

Pela conveniência caseira, temos a espuma de barba “rápida” (para os homens no início do dia), seguida de um café da manhã com aveia instantânea. Mais tarde, com as refeições, você pode economizar tempo com o arroz do “minuto”, o purê de batatas instantâneo, os bifes, e adicionar a isso uma xícara de café instantâneo. Para se comunicar, a discagem rápida é essencial. Com os mais rápidos provedores de internet, você pode otimizar um pouco mais o tempo no computador se adquirir um programa “perca peso rápido”; tomar algumas pílulas para queimar gordura rapidamente ou, melhor ainda, grampear o seu estômago.

O resultado é que criamos (e compartimentamos) tempo para trabalhar e jogar, e preenchemos a civilização com economia do trabalho – e com dispositivos que poupem tempo. Porém, uma das nossas maiores reclamações é: “Eu não tenho tempo suficiente!”.

Verdade seja dita, a nossa insaciável mania de economizar tempo tornou-se um fetiche por velocidade, que finalmente alimenta a si mesmo; uma espécie de unidade para se mover, manipular e gerenciar vários componentes e compartimentos da nossa vida, de amigos a familiares, para trabalhar e jogar, para a produção e o consumo – a uma velocidade cada vez maior.

Se a intemperança frenética representa uma unidade que desfaz todas as restrições econômicas, então, ela certamente compartilha uma relação simbiótica com o nosso fetiche por velocidade. Esta unidade proclama que a felicidade é encontrada na satisfação dos desejos (através de bens) ou na conquista do sucesso financeiro/monetário. E tudo isso deve ser feito rapidamente, para que possamos ter a verdadeira felicidade.

No entanto, a “felicidade” das compras instantâneas – ou do sucesso financeiro – é uma ilusão. Essas relações não são nem rentáveis nem orgânicas, e vão terminar numa espiral de ganância, impetuosidade emocional e, eventualmente, num ponto de inflexão; que eu acredito que levará a um desastre socioeconômico de proporções bíblicas.

A resposta está em uma visão descrita em “Return to Order”, que propõe uma volta aos princípios que deram origem a uma sociedade promotora da humanidade e da arte, bem como da produção e do lucro. Trabalhando dentro de um sistema de valores morais, precisamos retornar a uma economia que equilibre as necessidades do produtor e do consumidor. É a visão alentadora de uma Sociedade Cristã Orgânica, que oferece uma economia equilibrada, com uma cadência fundamentada e medida, que não é nem um fantástico sonho indescritível, nem uma utopia paradisíaca. É uma sociedade como deveria ser – sem o fetiche por velocidade.

_______________________

(Tradução: Fabio Ramos)

1 – Título da obra: “Retorno à Ordem: Da Economia Frenética à Sociedade Orgânica Cristã – Onde Estivemos, Como Chegamos Aqui e Para Onde Precisamos Ir”, de John Horvat II, em tradução livre.

Fonte: http://www.returntoorder.org/2014/04/cure-for-our-speed-fetish-organic-christian-society/

Detalhes do artigo

Autor

Outros autores

Outros autores

430 artigos

Categorias

Tags

Comentários

Seja o primeiro a comentar!

Comentários

Seja o primeiro a comentar!

Tenha certeza de nunca perder um conteúdo importante!

Artigos relacionados