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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

Uma Pastoral de bispos (chineses) católicos, anticomunistas: Nixon entrega Formosa à China, 1972


Em decorrência das viagens de Nixon à China, 1972, Formosa (Taiwan) foi abandonada pelo Ocidente e entregue nas garras de Pequim.

Fevereiro de 1972: O presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, se encontra com Mao Tse-Tung em Pequim. Nixon assina um acordo que diz existir apenas uma China e que Taiwan faz parte do país.

 

Pastoral Coletiva dos Bispos de Formosa (Taiwan), 1979, contra o comunismo

Reproduzimos trechos de comentários do Prof. Plinio, na Folha, 1979 sobre a magnífica Carta Pastoral dos bispos anticomunistas de Formosa:

“A situação na qual os prelados se encontram, eles mesmos a descrevem. Todo o Ocidente retirou de Formosa seus embaixadores.

(Foto Mons. Matthew Kia Yen-Wen, Arcebispo de Taipé)

As forças norte-americanas já não garantem o litoral da ilha contra alguma agressão da China Comunista. Falta só que esta se atire sobre a vítima inerme. Contudo, com uma discreta palavra de “agreement” do Ocidente. E recebendo até aplausos da parte de alguns dirigentes ocidentais. Aplausos raros e magros, quiçá, que certos meios de comunicação social centristas se disponham a pôr em realce.

O regime comunista (chinês) é necessariamente malfazejo e usurpador

“Todo regime comunista é necessariamente malfazejo e usurpador. (…) Basta que ele negue a família e a propriedade individual, para ser irredutivelmente contrário à ordem natural e à lei de Deus. E, como tal, é intrinsecamente ilegítimo e irremediavelmente desastroso.

(…)

Nesse “suspense” trágico, eis que a voz do episcopado de Formosa dirige “aos bispos de todo o mundo, aos cristãos, a todos os homens que amam a justiça” esta mensagem, cujos principais tópicos passo a transcrever:

“Como a maior parte dos outros governos que reconheceram Pequim, os EUA declararam que “Formosa fazia parte da China”. Com esta afirmação ambígua, a “questão de Formosa” se tornou um “assunto interno” da China, cujo único governo reconhecido é o de Pequim. Nossa população (de dezessete milhões de habitantes) é assim entregue, contra a sua vontade, à mercê de um regime totalitário que ela abomina.

“De nossa parte, recusamo-nos a nos transformar em gado humano, em marionetes de uma ideologia falsa que rejeitamos.

“A imprensa ocidental se faz atualmente eco de um movimento de “democratização” do regime de Pequim.

Isso, em 1979. Em 2020 a Midia continua a propaganda da China, como se tratasse de uma Nação livre.

Continua a Pastoral: “Nossa experiência, mais próxima dos fatos, nos recorda que tais movimentos aparecem com regularidade no continente chinês, e indicam uma repressão mais estrita. São eles empreendidos na linha da dialética hegeliana, e visam sempre aumentar o domínio do regime sobre a população.

“O processo (de “democratização”) durará todo o tempo necessário para que a opinião pública não fique por demais chocada, e não reaja. Uma vez em curso, ele se revelará irreversível (o grifo é meu).

O convite ao diálogo de Pequim é para uma futura escravidão

“De início, pede-se-nos inocentemente dialogar. Uma experiência triste e já longa nos mostra que este “diálogo” conduz inevitavelmente à servidão total e incondicional.

“Pode-se honestamente fechar os olhos sobre o que se passou em cada um dos países da Europa Oriental depois da 2ª Guerra Mundial? Pode-se honestamente esquecer o Vietnã, onde foram sucessivamente jogados de lado os mais solenes acordos garantidos pelas grandes potências, até a queda final de um povo que se recusava a submeter-se à ideologia de uma minoria? Pode-se ignorar que os habitantes dessa região, que suportaram heroicamente trinta anos de uma guerra horrível e desumana, são incapazes de suportar a opressão desta ideologia, e com o risco muito real de sua vida, fogem de sua pátria às centenas de milhares?

“Nossa própria experiência nacional, seis vezes repetida, nos prova abundantemente que entreabrir a porta ao diálogo (com os comunistas chineses) que mais uma vez se nos pede é, em suma, entregar-se de pés e mãos amarrados ao interlocutor sem escrúpulos.

Em 1979 a China esmolava tecnologia, fábricas e know how de Formosa e do Ocidente

“Nos próximos meses, “gestos fraternais” nos aguardam, os quais irão talvez ao ponto de “pedir nossa ajuda” para a modernização da mãe-pátria. O fim destes gestos é de nos destruir, se os aceitamos, e de voltar a opinião contra nós, se os recusamos.

“Se aceitamos o contato, aproveitar-se-ão disso para nos erodir, semeando a cizânia entre nós. Se não o aceitarmos, isto será a “prova” de que não somos razoáveis, que recusamos a mão estendida, e que a única solução possível é nos reduzir pela força.

“Como poderia a opinião pública, de memória tão curta, compreender este jogo infinitamente sutil e perverso? No primeiro caso, não nos considerarão dignos de ser defendidos, uma vez que não nos entendemos entre nós. Nosegundocaso,dir-se-nos-á que recolhemos o que nós próprios semeamos, posto que somos tão pouco conciliadores.

Dirigimo-nos a todos os Irmãos no Espiscopado

“Dirigimo-nos a todos os nossos irmãos do episcopado. Sucessores dos apóstolos, o Senhor vos confiou uma responsabilidade universal. Não permitais que uma parte da humanidade, por menor que ela vos pareça, seja entregue a uma condição de escravidão mental e espiritual indigna de homens criados por Deus e salvos pelo sangue de Jesus Cristo. Estamos nas mãos de Deus, e também nas de nossos irmãos.

“Qualquer que seja o resultado de nossa iniciativa, qualquer que seja o destino que os homens nos reservam, sabemos que nada pode impedir a vitória do Senhor sobre o mal.”

  • * * *
  • Tivemos, em 2018, o Acordo Vaticano-Pequim do qual se serve a China para oprimir os católicos. Tinha razão a Pastoral dos Bispos de Formosa afirmando que o diálogo com comunistas é impossível.
  • Em recentes eleições Taiwan rejeitou mais uma vez o comunismo chinês dando continuidade ao governo de Tsai Ing-wen.
    Continua,portanto, atual a mensagem da Pastoral Coletiva, anticomunista, dos Bispos de Formosa, 1976. Mas o Ocidente, de modo geral prefere curvar-se às imposições de Xi Jinping.

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Nuno Alvares

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