Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
4 min — há 4 anos
Os confinamentos impostos pelos governos no mundo inteiro durante a pandemia do vírus chinês causaram muitos problemas psicológicos como depressão, medo, angústia e tristeza. O uso descontrolado do celular tornou-se uma “dopamina” para esses males. Essa dependência tecnológica tem sido objeto de estudo do Instituto Delete, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e de diversos especialistas.
A pesquisa do Instituto Delete aponta que 52,6% dos entrevistados instalaram novos aplicativos para aumentar suas experiências digitais. Anna Spear King, uma das responsáveis pela pesquisa, observa que “a pessoa não tem um vício, ela tem um transtorno mental primário, uma ansiedade, uma depressão, uma compulsão.
“Celulares oferecem luzes, cores, sons. É similar ao efeito de um jogo, libera substância como dopamina e serotonina no cérebro. Aí acrescente características individuais de cada pessoa, se já existe uma pré-disposição a ser compulsivo e ansioso. A pessoa não entende por que ela volta toda hora para o celular.”
A pessoa “usa o celular para extravasar seus transtornos de origem.” – concluiu.
Cristiano Nabuco de Abreu, coordenador da parte de dependências tecnológicas do Pro-Amiti, do Hospital das Clínicas de São Paulo, concorda com a opinião de Anna King: “A gente sempre se debruçou no fato de que essas pessoas utilizam a tecnologia para regular o humor disfórico, para regular estados depressivos”.[i]
Adriana Campos, do site edudare.pt, afirma, por sua vez,que “atualmente, sabe-se que o uso da Internet pode causar dependência, o que significa que a net se pode tornar o centro da vida da pessoa, à volta da qual tudo gira. A satisfação de necessidades básicas, como comer e dormir, pode mesmo passar para segundo plano, até porque a perda da noção do tempo é muito frequente neste tipo de dependência.”
Uma reportagem divulgada pelo site Euronews relata que cada vez mais os pais se preocupam com o fato de durante a pandemia os filhos passarem horas intermináveis diante do computador ou do celular para jogar ou estudar. Eles temem que isso se torne um vício.[ii]
Uma jovem italiana, Benedetta Melegari, de 18 anos, declara: “Desde o início da pandemia, tenho passado cerca de oito horas por dia frente ao computador. Antes, quase não o usava. Agora, não posso viver sem telefone ou computador.
“Estou menos interessada em fazer coisas. Sou mais preguiçosa. Tenho tendência a dizer que vou descansar durante cinco minutos e, duas horas depois, ainda estou no sofá a ver o Tik Tok ou o Instagram. Acontece especialmente à noite. Como consequência, tenho dificuldade em dormir. Sinto-me desperta, agitada. Estou a ter dificuldades em adormecer”, continua a jovem estudante.
A mãe da jovem, preocupada, desabafa: “Passar todas estas horas em frente do computador, significa que interagem menos com a família. Como mãe, pergunto-me frequentemente se isto pode conduzir a alguma forma de vício”.
A reportagem de Euronews relata ainda que em 2017 a Autoridade de Saúde local em Gênova reuniu um grupo de peritos para estudar o fenómeno emergente da ciberdependência juvenil.
“Recebemos o dobro do número de pedidos de apoio e de intervenção depois do confinamento. Nos últimos três meses – outubro, novembro e dezembro – acolhemos dez crianças identificadas como ciberdependentes”, diz Margherita Dolcino, psicóloga-chefe do projeto.
“Pouco a pouco, a pessoa deixa tudo o resto para só se dedicar ao jogo. A relação com os jogos de vídeo será semelhante a outros tipos de vício. O jogo torna-se mais importante que outros temas sociais. Os laços virtuais ganham contra a ligação com o mundo real. Se a pessoa não conseguir ultrapassar esta forma de funcionamento em seis meses, podemos realmente fazer um diagnóstico de ciberdependência”, declara Michaël Stora, psicólogo, autor e fundador do Observatório sobre Mundos Digitais em Ciências Humanas.
De acordo com Stora, 98% dos jovens que sofrem de ciberdependência têm um QI elevado, mas também têm frequentemente fobias sociais e escolares ou alguma forma de autismo: “Quando estes jovens enfrentam um fracasso, quebram. Os videojogos tornam-se então uma espécie de antidepressivos interativos“, acrescenta o professor.
Os jogos de vídeo vão permitir-lhes tornar-se heróis virtuais, continuar a lutar com grandes resultados: “Têm sucesso, mas é um sucesso rápido. É o oposto do que se passa na vida real, em que o sucesso leva tempo. E é preciso perseverar”, conclui.“
A juventude não vive para o prazer, mas para o heroísmo”, afirmou Paul Claudel. A pandemia do vírus chinês, com suas nefastas consequências, até esse ânimo, essa sede de heroísmo, tirou de nossa juventude.
[i] https://auditeste.com.br/dependencia-tecnologica-o-quanto-somos-dependentes/
[ii] https://pt.euronews.com/2021/01/29/covid-e-ciberdependencia
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