Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
4 min — há 7 anos — Atualizado em: 2/16/2018, 4:09:53 PM
continuação do post anterior: Catalunha: táticas testadas no separatismo do leste ucraniano
Dimitri Medóev, um funcionário de Vladimir Putin que faz de ministro de Relações Exteriores da “República de Ossétia do Sul”, abriu um “escritório de representação” em Barcelona enquanto os separatistas se aprontavam a proclamar uma fictícia república independente na Catalunha, informou a agência oficial russa Sputnik.
O governo espanhol reafirmou que não reconhece esse país fictício e, a fortiori, a suposta “embaixada”, noticiou o jornal catalão “La Vanguardia”.
A dita “República da Ossétia do Sul” é um território georgiano ocupado pelas tropas russas. Tem 3.900 km2 de superfície e entre 50.000 e 70.000 habitantes.
Ossétia do Sul e a Abcásia (240.000 habitantes), outra região georgiana engolida por Moscou na mesma data, proclamaram sua independência e hoje mantém exército e polícia comum.
Segundo o governo da Geórgia, há por volta de 10.000 soldados de Moscou em bases instaladas nos dois redutos invadidos.
Em 2006 líderes locais promoveram um referendo separatista onde o 99% votou pela independência.
Essa não foi reconhecida pela comunidade das nações nem pelos organismos internacionais.
Em 2008, a Rússia invadiu militarmente a região e reconheceu a “independência”.
A anexação por via de facto é reconhecida por muito poucos governos bolivarianos como o da Venezuela e da Nicarágua ou satélites da Rússia.
A abertura da “embaixada” na Catalunha é quase anedótica se não fosse reveladora da estratégia russa na crise espanhola.
A política de Putin de anexar territórios de antigas repúblicas soviéticas é bem conhecida.
Mas a instalação em Barcelona de uma base de atividades “culturais e humanitárias”, ainda que simbólica, desvenda o apoio que o Kremlin oferece a uma Catalunha independente estimulando a separação, disseram fontes dos serviços de inteligência espanhol.
O funcionário osseto declarou a “embaixada” em Barcelona visará estabelecer “relações bilaterais” de não se sabe qual entidade, manter contatos com empresários locais, que aliás estão saindo da região, e visitar compatriotas que não se sabia que existiam.
Medóev chegou com uma agenda privada e as únicas informações foram fornecidas pelo site russo Sputnik, que habitualmente ecoa com fidelidade as instruções do Kremlin.
A própria Sputnik, refere “El País”, sublinhou o paralelismo entre o caso catalão e o das repúblicas pró-russas teoricamente independentes mas na prática engolidas por Moscou.
“Há 26 anos o próprio povo da Ossétia do Sul deu os mesmos passos políticos decisivos na via para formar seu próprio Estado”, teria dito Medóev citado por “El País” e Sputnik.
O “ministro” Medóev visitou previamente as regiões italianas de Lombardia e Veneto enquanto faziam um referendo legal para pedir a Roma maior autonomia.
A ação do enviado de Moscou denuncia a ingerência de Putin estimulando rachaduras e dissenções nos países ocidentais dentro de uma estratégia de predomínio universal.
A diplomacia russa declara que o caso catalão é um assunto estritamente interno da Espanha. Mas o presidente russo não poupa críticas aos governos europeus piscando o olho para as tendências de dilaceração no continente.
Falando num foro político em Sochi, Putin afirmou que o caso do Kosovo foi a caixa de Pandora dos problemas posteriores. Apoiando a independência de Kosovo, países como a Espanha teriam posto em risco “sua frágil estabilidade”.
“Acaso não sabiam da existência de contradições semelhantes na mesma Europa? Não sabiam? Sim sabiam. Mas aplaudiram a desintegração de vários Estados [leia-se: satélites da URSS], sem ocultar sua alegria com isso”, acrescentou com vingativo regozijo.
Putin patenteou duplo jogo, comentou o jornal de Madri. E até má fé ou ignorância porque a Espanha nunca reconheceu a independência de Kosovo.
As palavras de Putin em Sochi acabaram expondo à luz um plano acariciado e estimulado desde o Kremlin.
Quem disse que esse plano exclui a América do Sul? Será interessante acompanhar nesta perspectiva a criação de “nações” indígenas e ecológicas com orientação comuno-progressista, segundo o modelo que está se gestando na “trans-amazônia”.
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