Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
6 min — há 7 anos — Atualizado em: 2/13/2018, 4:29:41 PM
Entre 18 a 22 de dezembro, Dom Pedro Zhuang Jianjian de Shantou (Guangdong) foi retirado de sua diocese, no sul do país, e escoltado até Pequim.
A escolta policialesca devia conduzi-lo até representantes categorizados do governo central e com uma delegação “estrangeira”, evidentemente do Vaticano.
Ele só foi informado de que “um prelado estrangeiro” o aguardava. Tratava-se de um representante da diplomacia vaticana.
Esse lhe pediu para entregar a sé episcopal ao bispo ilícito José Huang Bingzhang, noticiou a bem informada agência AsiaNews.
Foi a segunda vez em três meses que a Santa Sé lhe pediu a demissão do bispo Zhuang.
Com efeito, em carta de 26 de outubro, Dom Zhuang, 88, fora convidado pela Santa Sé a se demitir e entregar a diocese a um bispo excomungado, que a diplomacia vaticana – a Ostpolitik – está prestes a reconhecer.
Uma fonte igreja de Guangdong, que pediu para permanecer no anonimato, contou a AsiaNews: “Dom Zhuang recusou-se a obedecer e declarou: ‘aceito levar a cruz por desobedecer’”.
O bispo resistente foi ordenado secretamente em 2006, com a aprovação do Vaticano.
No entanto, o governo chinês o reconhece apenas como sacerdote e, por sua vez, apoia o bispo excomungado, José Huang Bingzhang, deputado no Parlamento (Assembleia Nacional do Povo) por longo tempo.
Mons. Zhuang ficou “sob controle” – leia-se preso – até 11 de dezembro. Mesmo sabendo que o bispo é velho, que não está em boa saúde e que fazia frio extremo em Pequim, os policiais lhe recusaram o pedido de não ir a Pequim.
Tampouco lhe garantiram a presença de um médico. Sete agentes viajaram com ele, mas nenhum padre foi autorizado a acompanha-lo ou lhe prestar assistência.
O ancião bispo foi hospedado no hotel Huguosi. Em 19 de dezembro, foi levado para visitar monumentos; obviamente dedicados aos líderes marxistas.
No dia seguinte, ele foi levado à sede da governamental Associação Patriótica e fictício Conselho dos Bispos da China – uma espécie de CNBB chinesa montada pela ditadura comunista e até o presente não é reconhecida pela Santa Sé.
Lá encontrou os bispos Ma Yinglin, Shen Bin e Guo Jincai, que são respectivamente o presidente, o vice-presidente e o secretário-geral do Conselho dos Bispos.
Os bispos Ma e Guo foram sagrados ilicitamente e estão rompidos com o Vaticano.
Em 21 de dezembro, o bispo Zhuang foi levado para o hotel estadual em Diaoyutai. Lá foi recebido por três representantes da Administração Estatal de Assuntos Religiosos.
Segundo AsiaNews, naquela ocasião, o Pe. Huang Baoguo, sacerdote chinês da Congregação para a Evangelização dos Povos, levou-o a uma reunião com “o bispo estrangeiro e três sacerdotes estrangeiros do Vaticano”.
Quando a China e a Santa Sé retomaram diálogos oficiais em 2014, Mons. Claudio Maria Celli ficou encarregado das negociações.
Ele está aposentado, mas segue atuante no relacionamento China-Vaticano, e viaja frequentemente à China. A fonte da agência supõe que o prelado presente foi ele. Posteriormente ficou confirmado se tratar de Mons. Celli agindo por conta da Santa Sé.
“O bispo estrangeiro” explicou a Mons. Zhuang que seu propósito era chegar a um acordo com o governo chinês fazendo com que o ilegítimo bispo Huig ficasse bispo da diocese.
A delegação vaticana pediu a Mons. Zhuang sair da diocese e lhe concedendo como consolo a possibilidade de sugerir três nomes de sacerdotes. Entre esses, o bispo ilegítimo elegeria o vigário geral.
“Mons. Zhuang, mais uma vez, escutando o pedido, quebrou em lágrimas”, disse a fonte, acrescentando que “seria inútil designar como vigário geral um padre que o bispo ilegítimo poderia remover ao seu gosto”.
Um dos bispos, que pediu para permanecer anônimo, disse à AsiaNews que o Vaticano pediu uma opinião sobre Mons. Huang. “Não sei como isso vai acabar, mas isso parece se encaminhar para uma solução horrível”, acrescentou.
A AsiaNews pediu confirmação do Vaticano e só recebeu como resposta que apenas fizera um pedido de opinião a Mons. Zhuang sobre o bispo ilícito.
O Cardeal Joseph Zen, bispo emérito de Hong Kong, confirmou a notícia coletada pela AsiaNews, desmentindo as versões enviesadas da Ostpolitik vaticana.
Após a primeira tentativa de pressão combinada de policiais e monsenhores vaticanos, o Card. Zen fez chegar carta a Mons. Savio Hon Taifai, ainda responsável na Cúria Romana, sobre os brutais fatos.
O próprio Cardeal Zen descreveu as violências morais em carta de 29 de janeiro (2018) também publicada por AsiaNews.
Mons. Savio levou o caso a conhecimento do Papa Francisco. Esse prometeu estudar o caso e pareceu que o assalto arrefeceria.
Em dezembro, o Cardeal Zen ficou estarrecido com a nova investida policialesca-vaticana com características ainda mais chocantes e surpreendentes para o ancião cardeal.
Mons. Zhuang pediu em lágrimas que o Cardeal levasse um relatório.
O Cardeal aceitou a incumbência, mas sabia ser a coisa muito incerta que o Santo Padre quisesse receber um envio do sofrido prelado resistente.
Doente e debilitado, o Cardeal de 85 anos pegou um avião de Hong Kong até Roma planejando chegar encima da hora da audiência geral do Papa de 10 de janeiro (2018).
Houve atraso, mas chegou no meio da cerimônia e ocupou o lugar reservado a cardeais. Ninguém o aguardava. Foi assim que conseguiu se aproximar para a dramática missão.
Na hora do “beija-mãos” o Cardeal a pôs nas mãos do Santo Padre dizendo que viajara só para isso e que esperava que o Papa se dignasse lê-la.
Mas, o Cardeal não aguardava o que viria: na tarde do mesmo dia Francisco I mandou chama-lo para audiência privada no dia 12.
Numa conversa de meia hora, o Cardeal perguntou se o Papa tinha tido tempo de “estudar o caso”.
A resposta do Pontífice foi: “Sim, eu falei para eles (seus colaboradores na Santa Sé) que não criem um outro caso Mindszenty”!
A referência ao cardeal Mindszenty, um dos heróis da fé na resistência à perseguicao comunista, impressionou ao Cardeal chinês.
Mas lhe lembrou que a Santa Sé, após várias tentativas frustradas do Cardeal Casaroli no sentido desejado pela ditadura comunista, havia ordenado ao Cardeal Mindszenty abandonar o país.
Foi um triunfo sinistro da convergência da Ostpolitik vaticana com o governo marxista. O Papa Paulo VI nomeou um sucessor do goto do governo comunista.
O drama da China, então, não estava acabando, mas começando.
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