Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
Particular proteção de Nossa Senhora do Carmo aos portadores do seu Escapulário, sinal de salvação eterna, proteção nos perigos, aliança com Ela
8 min — há 3 meses — Atualizado em: 7/17/2024, 10:32:50 AM
Nossa Senhora do Carmo com São João da Cruz, Santa Teresa de Jesus e Santa Teresinha, Igreja Santa Maria della Vittoria, Roma
Fonte: Revista Catolicismo, Julho/2024.
O comum dos católicos vive hoje com a veleidade de que irá para o Céu, sem necessidade de fazer o menor esforço para o merecer. Ele pratica bem ou mal os Mandamentos, vai à Missa quando quer, reza quando tem vontade ou necessita de alguma graça, e no mais “deixa o barco correr”. Não lhe passa pela cabeça que ainda que tenha vivido religiosamente, deverá passar pelo Purgatório a fim purgar a pena devida aos pecados perdoados na confissão, mas dos quais não fez suficiente penitência para apagar a dívida por eles merecida.
Se pensa nisso, tem uma ideia muito light do que é o Purgatório, e por isso faz muito pouco para evitá-lo.
Sobre o Purgatório, diz o Catecismo da Igreja Católica: “Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados [o que acontece com quase todos os que não foram elevados à honra dos altares], embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu. A Igreja denomina ‘Purgatório’ esta purificação final dos eleitos, que é completamente diferente do castigo dos condenados” (CIC 1030-1031).
Ora, as penas do Purgatório são terríveis, pois visam purificar a alma de qualquer vestígio de culpa, por menor que seja, a fim de que ela possa ser digna de ir ver o Deus Santíssimo face a face no Céu.
Por isso, segundo São Tomás de Aquino e Santo Agostinho, quanto ao sofrimento, as penas do Purgatório são análogas às do inferno. Segundo esses Doutores da Igreja, é o mesmo fogo que purifica uns, e atormenta os outros.
É preciso lembrar que quando se recebe a absolvição dos pecados por meio da Confissão Sacramental, se a confissão for bem feita, a culpa dos pecados é removida. Quer dizer, o castigo eterno devido a eles, se mortais, é apagado. Entretanto, ainda permanece a pena temporal exigida pela Justiça Divina ultrajada. Essa pena deve ser cumprida na vida presente ou depois da morte; ou seja, no Purgatório
A Santa Igreja, Mãe carinhosa, no exercício do Poder das Chaves e da aplicação dos méritos superabundantes de Nosso Senhor Jesus Cristo e dos Santos, põe à nossa disposição recursos que nos auxiliam a remitir parcial ou totalmente essa pena devida aos pecados cometidos, por meio das indulgências.
Estas são parciais quando remitem parte da culpa, ou plenárias, que remitem toda a pena temporal devida ao pecado. As indulgências podem ser aplicadas às almas do Purgatório.
Além das indulgências, que podemos lucrar, temos também os chamados sacramentais, que nos concedem abundantes recursos para receber as indulgências, ajudando-nos no caminho da perfeição.
O Catecismo da Igreja Católica define os sacramentais como “sinais sagrados instituídos pela Igreja, cujo objetivo é preparar os homens para receber o fruto dos sacramentos, e santificar as diferentes circunstâncias da vida”.
A diferença entre o sacramento e o sacramental é que o segundo não confere a graça do Espírito Santo, como acontece com o sacramento. Mas, pela oração da Igreja, ele prepara para o recebimento da graça (cf. CIC 1670).
Entre os vários sacramentais, em primeiro lugar estão as bênçãos, que podem ser de pessoas, de objetos de piedade e até profanos, lugares etc. O número de sacramentais é muito grande. Por exemplo, desde que sejam abençoados, temos cruzes, imagens e estampas de santos, água benta, sal bento, e o santo Rosário. Os escapulários de todo gênero são dos sacramentais mais acessíveis ao homem, pois basta levá-los ao pescoço para receber as bênçãos e graças a eles ligadas.
Anos atrás, o escapulário ou “bentinho” do Carmo, símbolo da devoção a Nossa Senhora, esteve muito em voga. Podia ser visto no metrô, na rua, em lojas, por toda parte, sobretudo em jovens.
Contudo, não é temerário conjecturar que a maioria o portava para estar em dia com a moda, como mero “enfeite”, ou quase como amuleto para “dar sorte”. Com isso deixavam de ganhar as inúmeras graças ligadas ao escapulário, e sobretudo de merecer as grandes promessas que lhe são vinculadas.
Sobre ele, afirmou o Papa Pio XII: “Certamente ninguém ignora quanto contribuiu para avivar a fé católica e emendar os costumes o amor à santíssima Mãe de Deus, especialmente através daquelas expressões de devoção com as quais, preferentemente às outras, parece que as mentes se enriquecem de doutrina sobrenatural e as almas são solicitadas ao cultivo da virtude cristã. Entre estas, figura em primeiro lugar a devoção ao santo Escapulário dos carmelitas que, adaptando-se por sua simplicidade à índole de todas as pessoas, e com ubérrimos frutos espirituais, está amplissimamente difundida entre os fiéis cristãos” (Doctrina Pontificia, IV, Documentos Marianos, Hilario Marín, S.I., BAC, Madrid, 1954, pp. 626-627).
São Simão Stock, Superior Geral da Ordem do Carmo, nasceu na Inglaterra em 1165. Conforme ele narra ao Frei Pedro Swayngton, seu secretário e confessor, no dia 16 de julho do ano de 1251, devido às perseguições que sofriam os Carmelitas, ele recorria à Santíssima Virgem com muitas lágrimas, suplicando-lhe proteção para a sua Ordem, e que lhe manifestasse por meio de um sinal sua aliança com ela.
Enquanto rezava com fervor a bela oração Flos Carmeli, que compusera, de repente a Santíssima Mãe de Deus lhe apareceu resplandecente de luz, trazendo o Menino Jesus num dos braços, e no outro um escapulário formado por duas peças de lã unidas por uma fita.
“Recebe, meu filho, este escapulário de minha confraternidade”, disse-lhe Ela. E lhe prometeu que, todo aquele que morresse com o escapulário ao peito, não padeceria do fogo eterno, pois “ele é um sinal de salvação, seguro nos perigos; aliança de paz e de pacto sempiterno”, acrescentou a Mãe do Redentor.
Um século depois, aparecendo ao Papa João XXII (1249-1334), a Santíssima Virgem foi ainda mais longe em sua maternal proteção àqueles que portassem o seu escapulário: não se limitou apenas em prometer que os libertaria do fogo do inferno, mas que os livraria do Purgatório no primeiro sábado após sua morte.
Essa segunda surpreendente promessa ficou conhecida como “privilégio sabatino”.
Qual é o sentido exato dessa promessa sublime da salvação eterna? Evidentemente não pode ser o de que, por usar o escapulário, a pessoa pode fazer o que bem entender que sua salvação está assegurada, mesmo se morrer em pecado mortal. Isso seria absurdo e antiteológico.
Então essa promessa só pode significar que, quem morrer revestido com o Escapulário, se estiver em pecado mortal, terá tempo para se confessar e arrepender-se de seus pecados.
É por isso que a Igreja geralmente insere na promessa a palavra “piedosamente”: “aquele que com ele morrer piedosamente, não padecerá das penas do inferno”.
O que leva os teólogos a entenderem que, ao morrer com o Escapulário, a pessoa receberá de Nossa Senhora à hora da morte a graça da perseverança no estado de justiça se nele estiver, ou, caso contrário, a graça da conversão e perseverança final.
Resumindo os privilégios ligados ao escapulário, temos:
Contudo, para se favorecer desses privilégios, não basta usar piedosamente o escapulário. É preciso que ele tenha sido imposto, pelo menos na primeira vez, por um sacerdote. Atualmente qualquer sacerdote com o uso legítimo de ordens tem esse poder.
Ademais, o escapulário, como prescreve a Igreja, deve ser feito com dois pedaços de lã — e não de outro tecido ou plástico — ligados entre si por fios. Há escapulários revestidos de plástico, contendo dentro os dois pedaços de lã. Isso os torna válidos. Ele deve ser retangular ou quadrado, de cor marrom, café ou negro, e ser utilizado de forma que uma das partes caia sobre o peito e a outra sobre as costas.
A pessoa que o porta deve observar a castidade segundo o estado: ou seja, perfeita para os solteiros, e matrimonial para os casados.
Outra condição é rezar diariamente as orações prescritas pelo sacerdote que o impôs, habitualmente 7 Padre-nossos, 7 Ave-Marias e 7 Glórias ao Padre.
O Escapulário pode ser imposto mesmo em crianças que não chegaram ao uso da razão, pois servir-lhes-á de “defesa e salvação nos perigos”. Além disso, quando adultos, se tiverem tido a infelicidade de o abandonar e levar vida irreligiosa, como já o teriam recebido uma vez, bastará que o recoloquem no pescoço para gozarem de seus privilégios.
Através de regulamentação de 16 de dezembro de 1910, emanada pelo Santo Ofício, o Papa São Pio X concedeu a permissão de se usar, em vez de um ou mais pequenos escapulários de diferentes ordens, uma só medalha de metal. Esta deve ter em uma das faces o Sagrado Coração de Jesus, e na outra a Santíssima Virgem. Todas as pessoas validamente revestidas com um escapulário de tecido propriamente imposto, podem trocá-lo pela medalha de metal. Esta pode ser benta com uma bênção simples por qualquer sacerdote.
Poderia haver algo mais extraordinário do que essa promessa, não só da salvação eterna, mas também da liberação do Purgatório no primeiro sábado após a morte? Isso é de um alcance tão grande e tão excelso para a vida espiritual, que nunca conseguiremos avaliar suas profundezas.
Em nossos dias, quando o poder de Satanás ameaça sacudir até os próprios fundamentos da Santa Igreja e do mundo, as promessas ligadas ao Escapulário nos dão alento para enfrentar as vicissitudes da vida com fé sobrenatural, confiados n’Aquela que esmaga as heresias e a cabeça da serpente infernal.
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