Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
7 min — há 7 anos — Atualizado em: 2/14/2018, 9:21:48 PM
Hans Christian Andersen (1805-1875) foi um escritor dinamarquês, autor de contos infantis como Soldadinho de Chumbo, O Patinho Feio, A Pequena Sereia etc. Entre suas várias obras, tornou-se célebre “A Roupa Nova do Rei”.
Nesse conto ele narra a história de um rei vaidoso que foi vítima – digamos – de uma má informação. O monarca foi informado de que havia em sua cidade dois visitantes que teriam muita habilidade em costurar roupas muito chiques e mágicas.
O rei chamou os dois forasteiros e lhes disse: “Ouvi dizer que os senhores fazem roupas maravilhosas, é verdade?” – “Oh sim, majestade. Não só maravilhosas, mas também mágicas. Somente os mais inteligentes podem vê-las, os tontos não veem. Mas estas roupas são muito caras”.
O rei então disse aos homens que eles podiam cobrar o que quisessem, mas o importante é que fizessem as roupas mágicas e magníficas.
Após uma semana, voltam os costureiros: “Aqui estão as suas belas roupas, majestade. Elas não são magníficas? De tão precioso o tecido, nem chega a pesar nada!”.
O rei e todos os seus criados não viram nada, mas para não passarem por tontos, exclamaram: “São realmente magníficas!”.
O monarca decidiu usar as suas roupas “mágicas” num desfile pela cidade. À medida que o iam “vestindo” com aquelas roupas, os costureiros, ou melhor, os trapaceiros, diziam: “Oh majestade suas roupas lhe caem muito bem!”.
O rei olhou-se no espelho e exclamou: “Eu não estou encantador?” – “Oh sim, majestade”, disseram todos os seus criados.
O monarca mandou então que abrissem todos os portões do palácio para que o povo o admirasse com a nova roupa.
Todos ficaram espantados ao ver o rei, mas como ouviram dizer que só os tontos não conseguiam ver a nova roupa, gritaram: “Como o rei está belíssimo!” Somente uma criança, no meio daquela multidão, gritou: “O rei está nu!”. E o rei percebeu que tinha sido enganado.
Em 23 de setembro de 2014 a rádio canadense CBC veiculou um programa baseado num texto do site da própria emissora. Nele, uma “artista” norte-americana, Lana Newstron, teria lançado uma “nova tendência” de obras invisíveis, as quais ela pretendia vender por 35 mil dólares.
Esse programa de rádio foi criado por dois comediantes, Pat Kelly e Peter Oldring, que fabricam histórias satirizando assuntos atuais. Eles esclarecem o seu objetivo:
“A artista de 27 anos, Lana Newstrom, diz que ela é a primeira artista do mundo a criar ‘arte’ invisível. Neste documentário, viajamos para o estúdio vazio para aprender mais sobre Lana e seu processo artístico incomum.
“Só porque você não vê nada, não significa que eu não coloquei horas de trabalho na criação de uma peça específica. (…) A arte é sobre a imaginação e é isso que o meu trabalho exige das pessoas que interajam com ela. Você tem de imaginar que uma pintura ou escultura está na sua frente”, diz Newstrom.
“Paul Rooney, o agente de Lana, acredita que ela pode ser o melhor artista que trabalha hoje: ‘Quando ela descreve o que não pode ver, você começa a perceber porque uma de suas obras invisíveis pode obter mais de um milhão de dólares’, disse Rooney.
“Este é um programa de assuntos atuais que não só fala sobre os problemas, mas os fabrica. Nada está fora dos limites – política, negócios, cultura, justiça, ciência, religião – se for relevante para os canadenses, descobriremos o ‘Isto’ e o ‘Isso’ da história.
“No campo artístico, há muito espaço para interpretação e pensamos que seria interessante empurrar a ideia para o extremo, a arte invisível”, disse um dos criadores do show na rádio canadense.
O mais surpreendente é que o site da CBC teve mais de 40 mil visualizações sem ninguém contestar a veracidade do fato. Por isso, comenta um de seus idealizadores “As pessoas leem tão rapidamente na Internet que muitos não tomaram o tempo para verificar se era verdade ou não.”
As notícias falsas, chamadas “fake news”, têm ganhado espaço na internet e o TSE teme que elas possam influenciar no resultado das próximas eleições. Elas são produzidas por falsos perfis nas mídias sociais. Existem também os robôs digitais que reproduzem notícias falsas com uma velocidade incrível, com um determinado fim. “Os robôs são programas que agem de forma autônoma na internet, simulando o comportamento humano. São perfis falsos nas redes sociais. Bots ficam amigos de outros bots, e também de pessoas reais que não sabem da existência deles. São programados para visitar todo tipo de destino na internet, inclusive os portais de notícias falsas e as redes sociais. Simulam uma multidão de pessoas conversando ou vendo seu anúncio, só que é tudo artificial. Agem freneticamente: tanto para difundir opinião e fake news por meio de massificação (cut/paste), a serviço de algum interessado, que paga os programadores; bem como para inflar as audiências de publicidade, enganando os otimizadores de compra de mídia. Esta avalanche de tráfego falso é chamada de NHT, isto é, tráfego não humano, na sigla em inglês”, comenta um site especializado.[1]
Estamos, pois, diante de uma nova modalidade de guerra psicológica revolucionária. Os casos acima narrados, embora fictícios, podem ter sido uma experiência prévia ou uma demonstração de como se pode manipular a opinião pública.
O Professor Plinio Corrêa de Oliveira descreve como se processa a guerra psicológica revolucionária:
“Guerrear tirando do adversário a vontade de fazer a guerra é um modo ainda de guerrear. E a isto se chama hoje em dia uma arma a mais. Todos os especialistas da guerra além da infantaria, dos tanques, da marinha, da aeronáutica, da artilharia, reconhecem como nova guerra a guerra psicológica destinada a fazer que um país vença outro país.
“Agora o que é guerra psicológica revolucionária? Pode ser que uma determinada corrente empenhada em fazer uma Revolução use esses recursos contra as classes sociais ou contra as correntes ideológicas que se oponham a essa Revolução. É o caso do comunismo. Ele usa contra a burguesia toda a forma de recursos destinados a tirar da burguesia a vontade de resistir; a tirar da classe popular a conformidade e boa amizade com a burguesia e a jogá-la contra a burguesia, subconscientemente, por meio de estímulos. Esta é a guerra psicológica revolucionária.
Quando se lê a História, tem-se a impressão de que certos grupos históricos sempre conheceram – como? também não sei – essa arte. Porque quando vamos ver a expansão do Protestantismo no século XVI; da Revolução nos séculos XVIII e XIX, da Revolução Francesa; e do comunismo em nossos dias, e agora do ecologismo, nós vemos que sempre tudo se passa como se essa arma fosse utilizada por eles no próprio benefício e em detrimento ao adversário. Donde essas vitórias em cadência dessas revoluções sobre os adversários. É claro que não é o fator único dessa vitória, mas é um fator muito poderoso.”[2]
A respeito da opinião pública, diz Dr. Plinio no primeiro número da revista “Catolicismo”, em 1951: “‘A opinião pública é a rainha do mundo’, escrevia Voltaire. Em nossos dias, esta afirmativa se torna cada vez mais verdadeira. Formar a opinião tem sido o objetivo constante de todas as forças ocultas ou não, que vêm tentando desde o século XVIII, ou quiçá desde o século XVI, a conquista do mundo.”
A opinião pública de hoje é uma rainha despida de valores morais e sem força para lutar. Vítima desse novo artifício de guerra psicológica revolucionária, ela se encontra abobada ou anestesiada e não dá ouvido quando alguém a alerta sobre esse grave problema. A insanidade parece ter dominado as mentes.
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[1] http://tiinside.com.br/tiinside/seguranca/tecnologia-seguranca/01/08/2017/robos-digitais-e-fake-news-podem-ser-armadilhas-para-empresas/
[2] http://www.pliniocorreadeoliveira.info/ENT_19830519_RCR_PeaceMouvement_PsyWar.htm
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