Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
3 min — há 10 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 8:54:12 PM
O professor Gregory Clark, da Universidade da Califórnia, empreendeu um estudo dos nomes de família pouco frequentes. Estes nomes são mais facilmente identificáveis nos registros antigos e permitem analisar com facilidade a continuidade familiar.
O prof. Clark verificou a estabilidade do nível social das famílias, independente do país ou do período histórico considerado.
Outros estudos afirmavam que a suposta mobilidade social moderna de fato não existe no grau que se apregoa. Na realidade, ela é fonte de instabilidade, embora para muitos seja uma “conquista” das sociedades modernas.
Mas o professor da Califórnia achou o contrário: que a estabilidade social das famílias vem de muito longe, malgrado as aparências em contrário.
Clark mostrou que o sucesso na vida de alguma maneira está determinado pelos ancestrais que viveram há muitos séculos, ou seja, pela tradição familiar.
Ele defendeu suas descobertas em entrevista para a NPR ou National Public Radio, emissora do governo americano.
E explicou que chegou a essa conclusão estudando os antepassados de nobres famílias inglesas.
“Se você tem um nome de família pouco comum, sobretudo aristocrático, com um antepassado rico em 1800, eu posso garantir agora que você tem nove vezes mais chances de estudar em Oxford ou Cambridge; que vai viver dois anos a mais do que a média das pessoas normais na Inglaterra, que vai ser mais rico e terá mais chances de se tornar doutor ou advogado”, explicou.
Em 2011, os nomes de famílias aristocráticas figuravam seis vezes mais entre os nomes de advogados que os nomes de famílias populares inglesas.
Para Gregory Clark, o fenômeno também se dá na Suécia, considerada um paradigma de sociedade igualitária, com quase total mobilidade social. Nesse país escandinavo, 70 a 80% das famílias transmitem seu status social de geração em geração durante muitos séculos.
Outros economistas que aplicaram técnicas de análise semelhantes descobriram estabilidades comparáveis. Por exemplo, na Espanha do século XIX ou até na China.
Para o jornal econômico inglês The Economist, são necessários por volta de 300 a 500 anos para que as famílias de classe social elevada ou baixa tenham descendentes capazes de subir ou descer para poder ter igualdade de oportunidades e visar aos mesmos ordenados!
A revista britânica denomina o fenômeno de “Nomencracia”. Na realidade, o fenômeno e muito natural e o próprio Napoleão Bonaparte, sem auxílio de estudos sociológicos e apelando tão-só à evidência, repetia que a educação de uma pessoa começa 400 anos antes de ela nascer.
O site Atlantico entrevistou a respeito o cientista social francês Xavier Molenat. Este não gostou nada dos resultados do prof. Clark, mas confirmou que não são surpreendentes. Eles vêm sendo confirmados por muitos outros.
Segundo Molenat a ideia de estabelecer a igualdade no ponto de partida da educação para que cada um construa seu futuro com igualdade de chances é uma ficção forjada nos anos 1960.
A mobilidade social existiu e existe, diz Molenat, mas não depende da igualização da sociedade. O Estado Previdência e o sistema social igualitário mostraram ser incapazes de impor o igualitarismo social, disse.
Para o sociólogo, as desigualdades de patrimônio hoje são apenas menores que há alguns séculos e a propriedade da terra está um pouco mais distribuída do que na Idade Média.
Mas na França a mobilidade social, isto é, o sobe-e-desce entre as classes sociais, é uma exceção. Para ele, os grandes esquemas democráticos redistributivos das riquezas não são absolutamente inúteis para induzir ao igualitarismo econômico, mas são impotentes contra as desigualdades naturais.
Para Molenat, que partilha o sonho de uma sociedade de iguais gerado pela Revolução Francesa, a igualdade de oportunidades forçada por uma escola pública sempre mais niveladora não está acontecendo.
O único meio de atingir o sonho igualitário seria reformar as cabeças das crianças, sua visão do mundo e dos objetivos finais da vida. Em outras palavras, seria necessária uma metafísica e uma nova religião, aliás, que explicaria a revolução progressista na Igreja Católica.
Na ordem temporal, é claro que este igualitarismo metafísico-religioso exigiria reformar não somente o cérebro dos jovens, mas também o cerne da natureza humana e da cultura a ela ligada. Entende-se assim a espantosa revolução cultural anticristã em curso.
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