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Plinio Corrêa de Oliveira
IPCO em Ação

“Guerra ao Natal” na tentativa de abolir esta magna celebração


Infelizmente, nos últimos tempos, com a decadência religiosa que grassa em todo o mundo, a comemoração do Natal — a festividade mais popular do calendário católico e mesmo do profano — foi gradativamente perdendo seu sentido religioso, até chegar em nossos dias, a se transformar num acontecimento praticamente comercial.

            Já vem de longe a oposição à comemoração do Natal. Por exemplo, no século XVII, os protestantes puritanos o proibiram a seus membros. Mais tarde, na França, durante a ímpia Revolução Francesa — que substituiu o culto ao verdadeiro Deus pelo da “deusa razão” — essa festa foi banida. Já no século XX, as celebrações de Natal foram também proibidas não só na ateia Rússia soviética, mas em quase todos os países do bloco comunista.

            Aesse respeito, temos a salientar um fato que mereceu realce na campanhaeleitoral de Ronald Reagan para a presidência dos Estados Unidos. Numa de suasinúmeras transmissões de rádio ele comentou um fato que ocorreu na Ucrâniaquando sob jugo comunista:

            Havianaquele país uma canção favorita de Natal, NovaRadist Stala (Notícias felizes chegaram até nós), que começava com estaspalavras: Chegaram até nós as boasnotícias que nunca o foram antes. Sobre uma gruta, acima de uma manjedoura, umaestrela brilhante iluminou o mundo, onde Jesus nasceu de uma donzela Virgem.

Ora, os dirigentes comunistas, que queriam apagar no povo a noção deNatal, mas que não ousavam enfrentar o clamor público caso suprimissem essatradicional melodia, procuraram então secularizá-la, relacionando-a de algummodo com sua seita atéia. Assim, num primeiro momento, alteraram a letra damúsica para: Chegaram as alegresnotícias, que nunca o foram antes. Uma estrelavermelha com cinco pontas iluminou o mundo.

Entretanto só isso não satisfazia à sanha atéia dos soviéticos. Elesqueriam ser mais específicos. Por isso alteraram finalmente a letra da músicapara: Chegaram as alegres notícias quenunca o foram antes. A tão esperadaestrela da liberdade iluminou os céus emoutubro (Revolução Comunista). Onde antigamente viviam os reis e tinham suas raízes seus nobres, hoje em dia, com pessoas simples, paira a glória de Lenin.

Contudo, tanto na Ucrânia quanto em toda a União Soviética, muitos cristãosdesafiavam os dirigentes comunistas, cantando nas ruas canções de Natal, mesmocom risco de serem presos. Foi o que ocorreu na Romênia comunista, quando umsacerdote católico romano, Pe. Geza Palffy, depois de um sermão em 1983, noqual protestava contra o fato de o dia 25 de dezembro ter sido declarado dia detrabalho, foi preso pela polícia secreta, espancado, e morto.

Citando esses fatos, o futuro presidente americano concluiu afirmandoque, no entanto, dentro e fora da Cortina de Ferro, osucranianos nunca cessaram de cantar: Nósvos imploramos, Senhor nosso, e hoje oramos a vós: Concedei-nos liberdade,devolvei a glória à nossa Mãe Ucrânia.

O que levou Reagan,no término de sua transmissão, a afirmar: “Achoque todos esperamos que a oração deles seja atendida”. O que de fato sucedeu.

Mais recentemente, noinício do século XXI, começou nos Estados Unidos, no Canadá, e em parte noReino Unido, uma verdadeira campanha para banir os símbolos do Natal doslugares públicos, inclusive das grandes lojas do país como Wal-Mart, Macy’s eSears. As decorações com algum sentido religioso foram abolidas, e osfuncionários instruídos a não dizer mais FelizNatal aos clientes, mas apenas BoasFestas, ou Saudações da Estação(Inverno).

Isso apesar de, pormotivos comerciais mais que religiosos, manterem ainda alguns aspectos dafesta, como luzes e alguma decoração, mas associando-os a “feriados”, e não maisespecificamente à festa do nascimento do Menino Jesus. Pelo que Feliz Natal tornou-se então o grito deguerra de milhões de americanos que lutavam contra essa mutação politicamentecorreta do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Sob essa pressãoatéia, mesmo órgãos do Governo e escolas foram forçados a banir as comemoraçõesdo Natal com conotação religiosa. A “União Americana das Liberdades Civis” porexemplo, uma ONG que defende o “casamento” homossexual e os direitos dos LGBTsde adotarem crianças, o controle da natalidade e o aborto, a discriminaçãocontra as mulheres e as minorias LGBTs, argumentou que exibições e imagens deNatal financiadas pelo Governo violam a Constituição americana, sobretudo aPrimeira Emenda, que proíbe o estabelecimento pelo Congresso de uma religiãonacional. O que foi refutado sobejamente pelos movimentos conservadores.

Desse modo foram suprimidosas árvores de Natal e os presépios em lugares públicos e nos grandes shoppingcenters, enquanto que o “menorah” judeu e outros símbolos religiosos erampermitidos. Em muitas escolas, também as canções natalinas foram abolidas.

Essa campanhaorganizada contra a comemoração do nascimento do Menino Jesus, e a controvérsiasuscitada, foi descrita pela mídia como uma “Guerra ao Natal”.

Isso, como dissemos,suscitou muita reação, principalmente nos Estados Unidos, onde foi fundada umaassociação com o nome de Liberty Counsel(“Conselho da Liberdade”), para combater essa iniciativa malsã. Seu presidente,Mat Staver, afirmou então: “A guerracontra o Natal não é novidade. As forças repressivas sempre tiveram o mesmoobjetivo: primeiro secularizar, e depois eliminar o Natal. Vemos que isso vaiaumentando a cada ano, quando grupo de ateus tentam proibir qualquerrepresentação do Natal. Precisamos conhecer nossos direitos, e nunca tomarnossa liberdade como garantida”.

O Liberty Counsel juntou-se à American Family Association, para pediro boicote às grandes cadeias do varejo que tinham sucumbido à pressão atéia,exigindo que se voltasse a usar o termo “Natal” em vez de “Festas” napublicidade impressa, televisiva e on-line dessas lojas.

E isso surtiu efeito,pois no dia 9 de novembro de 2006, o gigante Wal-Mart anunciou estar novamenteendossando o Natal em suas lojas, imprensa, rádio e televisão. Em uma de suas campanhaspublicitárias, podia-se ver crianças brincando perto de um Presépio e de umaárvore de Natal. Sua “loja de férias” tornou-se então a “loja de Natal”. Seuporta-voz confessou: “Aprendemos nossalição do ano passado, e estamos usando o Natal este ano no Wal-Mart. Vamosusá-lo mais cedo, e com frequência!”.

Além do Wal-Mart,outros grandes varejistas, como Dillards, JC Penny, L.L. Bean, Linens ‘Things,Target, Kohl’s, Sears, Kmart e Macy, colocaram o Natal claramente de volta emsuas mensagens aos consumidores. Embora nem todos os varejistas tenham aderidoà onda, a mensagem tornou-se clara: o FelizNatal estava de volta nos shoppings!

Mas nem todoscantaram no mesmo tom. Seguindo a onda anti-Natal tardia, a rede de cafeteriasStarbucks, em novembro de 2015, em vez da alusão à festa em suas xícaras ecopos, como fazia sempre nos anos anteriores, apresentou xícaras somentevermelhas, com seu logotipo.

O que foi visto pelopúblico como um combate ao Natal, e provocou muitas reações nas redes sociais,chegando mesmo à campanha eleitoral de 2016. Com efeito, o candidatorepublicano Donald Trump uniu-se aos que pediam o boicote à Starbucks,afirmando que “se eu me tornarpresidente, todos nós iremos dizer novamente ‘Feliz Natal’”.

Ele cumpriu apromessa quando eleito, com o retorno do “Feliz Natal” na Casa Branca, bem comodo tradicional presépio que não havia sido usado no ano anterior.

Continuando coerentecom esse seu propósito, o presidente Trump, no dia 6 de dezembro deste ano de2019, no dia dos Santos Reis, ao acender a iluminação da “National ChristmasTree”, disse a uma multidão diante da Casa Branca: “Há mais de dois mil anos, uma estrela brilhante apareceu no Oriente.Homens sábios [Reis Magos], vieram delonge, e se puseram sob a estrela, onde encontraram a Sagrada Família em Belém.Como a Bíblia nos conta, quando os Reis Magos entraram na gruta, viram oinfante Menino com Maria, sua Mãe, e ajoelharam-se e O adoraram. Os cristãosdão graças porque o Filho de Deus veio ao mundo para salvar a humanidade. JesusCristo nos inspira a amarmos uns aos outros, com corações cheios degenerosidade e graça”.

O presidenteconcluiu: “No Natal nós lembramos essaverdade eterna: cada pessoa é um filho amado de Deus. Como uma naçãoagradecida, louvamos a alegria da família, as bênçãos da liberdade, e o milagredo Natal. Em nome de Melânia e de toda minha família, Feliz Natal, e Deus vos abençoe a todos”.

Isso poderia ter sidodito por um sacerdote, mas muito mais raramente por outro presidente daRepública de nossos dias, que dificilmente teriam a coragem de serem tãoimpoliticamente corretos…

___________________

Fontes:

https://www.lifesitenews.com/opinion/when-communists-try-to-ban-christmas-carols-heroes-will-keep-singing-them

https://en.wikipedia.org/wiki/Christmas_controversies

https://www.tfp.org/back-to-merry-christmas/

https://www.lifesitenews.com/news/trump-the-cross-is-a-powerful-reminder-of-the-meaning-of-christmas?utm_source=LifeSiteNews.com&utm_campaign=5338a39560-Daily%2520Headlines%2520-%2520U.S._COPY_652&utm_medium=email&utm_term=0_12387f0e3e-5338a39560-401363089

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