Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
3 min — há 10 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 8:52:50 PM
Roger Cohen, editorialista do influente The New York Times, abordou um problema que tira o sono dos observadores mais atentos e influentes. Poderíamos estar no início de uma Terceira Guerra Mundial?
Cohen é cauteloso. Ele observa a deformação psicológica inoculada nos ocidentais pelo excesso de otimismo das últimas décadas e constata que, antes da I Guerra Mundial, a Europa e o mundo civilizado nadavam em análogo otimismo.
Nunca a Europa tinha vivido um tempo tão longo e tão pacífico como o da Belle Époque que culminou no malfadado 1914. Acreditava-se que o enriquecimento dos países e a multiplicação dos intercâmbios comerciais afastaria a hipótese de um conflito geral. Afinal, a guerra destruiria a prosperidade de todos e, portanto, ninguém quereria.
Pregava-se que a humanidade caminhava para uma reconciliação universal, que eventuais atritos ficariam restringidos no espaço e se resolveriam com tratados diplomáticos e/ou comerciais. Mas, diz Cohen, pensando naquele ano, “o inimaginável pode acontecer”. E, acrescenta, quase aconteceu na recente anexação da Crimeia pela Rússia.
Também pareceu que o inimaginável nunca aconteceria quando um jovem nacionalista servo, Gavrilo Princip, assassinou o herdeiro da Coroa Austro-Húngara em Sarajevo, no dia 28 de junho de 1914.
Tudo fazia crer que o crime se resolveria a nível local. Mas os eventos se sucederam em cascata.
Em quatro anos, os grandes impérios centrais tinham ruído, milhões de homens tinham perecido nas trincheiras, e a Europa jazia em meio a destroços fumegantes.
Hoje Vladimir Putin encarna o fervor nacionalista que serviu de faísca em 1914. E a violência do separatismo ucraniano alimentado por Moscou mostra a periculosidade do irredentismo nacionalista ateado pelo chefe do Kremlin.
Cohen não é católico ou não o diz, mas a I Guerra Mundial inaugurou o ciclo de catástrofes mundiais contra o qual Nossa Senhora advertiu em Fátima caso os homens não fizessem penitência dos maus costumes.
Ela não foi ouvida, a Rússia espalhou seus erros por todo o mundo, desencadeou a II Guerra Mundial aliada à Alemanha nacionalista de Hitler e, agora, parece estar soprando um incêndio universal a partir da Ucrânia.
Cohen, porém, acha possível que a agressão russa à Ucrânia se estenda a nações vizinhas como a Polônia e os Países Bálticos. A NATO teria que despachar tropas e jatos de guerra que teriam como contrapartida um acirramento da belicosidade russa.
As peças do dominó estão dispostas para uma ir derrubando a outra em série e nem os EUA ficaria imune.
Cohen sublinha: “o inimaginável pode acontecer. Aliás, quase aconteceu agora na Crimeia”.
No Pacífico os atritos entre a China e o Japão raspam o conflito. Um ultimato pode acontecer. Na fronteira da Estônia, a Rússia concentra quantidades anormais de tropa.
Uma faísca, uma advertência mal ouvida por alguma das partes e a Terceira Guerra Mundial começa, observa Cohen.
Tudo isso pode não acontecer. Mas, paz não é igual a pacifismo. Se os campos europeus estão semeados de caveiras é porque o continente olhou para a guerra com repulsão e achou que nunca aconteceria.
O sistema internacional não parece especialmente estável e está menos previsível que em 1914.
O pacifismo europeu não tem contrapartida em Moscou ou Pequim, menos ainda nas potências islâmicas.
Obama exibe preocupante fraqueza. Os EUA acredita em sua enorme superioridade material militar, mas não exibem a determinação de usá-la como outrora.
A Rússia viola os tratados e Obama fica em lamentações verbais. Seu otimismo parece invencível. Parecido com o de 1914 que acabou na carnificina de Stalingrado e nas explosões nucleares em Hiroshima e Nagasaki.
Um realismo bem colado na realidade, que alguns podem confundir com o pessimismo, talvez teria sido melhor para a paz e para a sobrevivência de milhões de homens.
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