Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
5 min — há 6 anos
Se há algo de espantar na Idade Média é a vertiginosa multiplicação de novas instituições e realizações materiais.
Uma das mais incríveis para os antigos foi a criação dos hospitais. Hoje nós achamos que é a coisa mais natural do mundo.
Tão natural que, se não existissem, os homens clamariam em altas vozes pela sua criação.
Mas nada de semelhante existiu na Antiguidade e nem mesmo nas civilizações pagãs mais requintadas.
O doente ficava entregue a si mesmo, a curas caseiras e, para os mais ricos, o recurso a médicos que mais pareciam com aprendizes ou pais de superstição.
Um início de racionalização da medicina aconteceu na Grécia. Mas faltava de todo a caridade cristã, única capaz de levar homens e mulheres a sacrificar suas vidas pelos doentes.
Foi este sacrifício que fizeram as Ordens religiosas masculinas e femininas que assumiram os cuidados dos doentes e o desenvolvimento da medicina.
De início, os cuidados eram fornecidos gratuitamente nas abadias. Mas só em Jerusalém, por obra dos cavaleiros hospitalários, nasceu o primeiro hospital moderno. Aliás, o nome hospital vem do nome dessa ordem de cavalaria.
Copiando o modelo do Hospital de Jerusalém, pulularam na Europa medieval os hospitais gratuitos em quantidade incontável.
O “Hôtel-Dieu” (hospital) de Beaune é o que se conserva em melhor estado e, embora já não funcione como hospital, é visitado por incontáveis turistas todos os anos.
Quem iria visitar um hospital moderno de hoje quando tiver 500 ou 600 anos de velho? Provavelmente o próprio governo o derrubaria muito antes disso.
Mas, no exemplo de Beaune, se trata de um hospital lindíssimo! A construção e a manutenção eram feitas completamente pelo clero.
Mas os hospitais e o desenvolvimento da saúde pública pela Igreja foram só um elemento.
Poucas coisas são mais falsas do que a afirmação do que na Idade Média o clero e a nobreza sugavam o povo.
A nobreza lutava e morria pelo povo contra os inimigos externos, contra os bandidos e baderneiros de toda espécie.
O clero rezava pelo povo, instruía-o, curava-o nas suas doenças, mantinha escolas para o povo.
Essas classes que mais se sacrificavam eram as que evidentemente gozavam de honras especiais. E o povo, que recebia todos esses benefícios gratuitamente, dedicava-se a trabalhar e ganhar dinheiro. É natural que contribuísse com o que tinha: dinheiro e bens materiais.
Dizem que a Idade Média teria sido uma época de atraso. Hoje os historiadores já não acreditam nessa velheira.
A técnica teve na Idade Média um desenvolvimento extraordinário!
Um dos elementos de desenvolvimento foi o moinho, a vento ou a água, que utilizou novas formas de energia para poupar o trabalho do homem.
A mecânica teve na Idade Média um formidável desenvolvimento.
Os relógios fornecem um exemplo insuperado.
Os relógios mecânicos apareceram na Idade Média e deram origem a verdadeiras maravilhas de medição, de arte e de sorriso.
A rigor, todo homem que usa relógio deveria ser julgado um “medievalizante”, pois ostenta uma invenção medieval.
E quem come pão feito com farinha de um moinho, deveria também ser qualificado de “medievalizante” porque ele come pão moído numa invenção medieval.
Na ilustração ao lado vemos um dos inúmeros relógios da Idade Média. Eles não tinham ainda relógio portátil, faziam relógios grandes. A indústria não tinha feito ainda relógios pequenos.
Então, em todas as torres, em certas esquinas, havia relógio para o povo saber que horas eram.
Há relógios maravilhosos de certas cidades que, quando dão horas, 24 figuras mecânicas se movem; os Apóstolos passam pelos quadrantes, os sinos tocam. Reúnem-se aí turistas do mundo inteiro para ver esses relógios funcionarem.
Hoje os maiores especialistas penam para decifrar os estudos técnicos que serviram para construir as catedrais.
Novos métodos de desenho foram criados, baseados em novas concepções da geometria inspiradas das Sagradas Escrituras.
Uma das indústrias mais praticadas na Idade Média foi trazida do Oriente: é a criação do bicho de seda e, depois, a indústria da seda. Duas operárias trabalhando a seda se vestiam parecido a damas de uma Corte.
Outra invenção medieval para tecer que facilitou muito o trabalho humano foi a roca. A mecânica foi facilitando a vida do homem durante a Idade Média.
A pintura teve na Idade Média grande progresso. Um dos pintores mais delicados da humanidade foi Fra Angélico, um dos pináculos da Idade Média.
Na pintura vemos a Adoração dos Reis Magos. Um rei adora o Menino Jesus e apresenta os presentes, enquanto os outros comentam a beleza da cena à espera de chegar a vez deles para oferecerem os seus presentes também.
Os pastores e o povo judeu ficam contemplando.
A pintura de Fra Angélico é um dos índices maiores da espiritualidade e da delicadeza de alma medieval, que floresceu nesse século dito tão bruto pelos seus detratores.
No quadro de Fra Angélico, o Menino Jesus aparece inteiramente como um menino, mas o olhar tem o discernimento e o julgamento de um homem adulto. A Sabedoria Eterna, Incriada e Encarnada transparece no olhar d’Ele.
Plinio Corrêa de Oliveira
557 artigosHomem de fé, de pensamento, de luta e de ação, Plinio Corrêa de Oliveira (1908-1995) foi o fundador da TFP brasileira. Nele se inspiraram diversas organizações em dezenas de países, nos cinco continentes, principalmente as Associações em Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), que formam hoje a mais vasta rede de associações de inspiração católica dedicadas a combater o processo revolucionário que investe contra a Civilização Cristã. Ao longo de quase todo o século XX, Plinio Corrêa de Oliveira defendeu o Papado, a Igreja e o Ocidente Cristão contra os totalitarismos nazista e comunista, contra a influência deletéria do "american way of life", contra o processo de "autodemolição" da Igreja e tantas outras tentativas de destruição da Civilização Cristã. Considerado um dos maiores pensadores católicos da atualidade, foi descrito pelo renomado professor italiano Roberto de Mattei como o "Cruzado do Século XX".
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