Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
2 min — há 6 anos — Atualizado em: 10/9/2018, 9:39:58 PM
O resultado do referendo na Irlanda sobre a questão do aborto foi tão esmagador que os comentários se tornam quase supérfluos. O ocorrido fala por si.
É de tirar o fôlego o fato de dois terços dos irlandeses terem votado a favor da abolição da proibição do aborto e de uma regulamentação bastante liberal. Em 1983, com igual resultado, a proibição do aborto foi introduzida na Constituição irlandesa.
Este terremoto na opinião pública só pode ser explicado pela erosão da influência do clero católico no país.
Quando a Irlanda ainda fazia parte do Reino Unido, ser irlandês significava também ser católico. Irlandês e católico eram sinônimos, como ainda é o caso na Polônia de hoje, onde praticamente não há polonês que não seja católico.
Agora isso já é história na Irlanda.
Contudo, podemos ver neste triste episódio o enorme risco de um catolicismo apoiado quase que exclusivamente sobre a autoridade do clero, enquanto os princípios morais e as verdades de fé são relegados ao segundo plano: quebrada essa autoridade, como aconteceu nos últimos anos devido a muitos escândalos graves, o povo então vai perdendo a fé.
Parece que a Igreja Católica na Irlanda chegou a uma espécie de “hora zero”. Ela precisa reencontrar o antigo brilho da fé a fim de recuperar a influência que já teve outrora.
Amargo também é que esses casos se multiplicam. Basta pensar no Chile, onde a influência do clero caiu também para zero. Não apenas por causa de escândalos sexuais, mas também porque desde a década de 1960 a Hierarquia católica vem flertando com as correntes políticas socialistas.
Por uma situação similar está passando atualmente a Igreja Católica na Itália.
Nas últimas eleições a Conferência Episcopal Italiana fez uma grande propaganda a favor de uma política liberal de imigração. Finalmente, cerca de dois terços dos italianos votaram em partidos que postularam exatamente o oposto. Longe vão os tempos dos arranjos cúmplices entre a Igreja e a Democracia Cristã.
Em países como a Alemanha não se podem mais temer as condições “irlandesas”, porque o clero quase não tem influência. E personalidades como o cardeal Marx, com seus constantes e bizarros discursos, estão prestes a demolir os resquícios de influência que ainda têm os prelados.
A Igreja Católica só pode sair desta crise se ela mesma quiser. Mas não terá sucesso se pensar que precisa confraternizar-se com o espírito dos tempos, como vem fazendo atualmente o cardeal Marx.
Tradução do original alemão por Renato Murta de Vasconcelos.
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