Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
3 min — há 9 anos — Atualizado em: 5/1/2017, 9:31:36 PM
1. As declarações do presidente eleito da Argentina, Mauricio Macri [foto], a respeito da falta de liberdades fundamentais na Venezuela e sobre a necessidade de uma posição firme do Mercosul em relação ao regime venezuelano, não foram bem recebidas pela presidente Dilma Rousseff, nem pelo Itamaraty, o Ministério das Relações Exteriores; assim como por aquele que representa uma espécie de ministro paralelo do governo petista, o pró-castrista e assessor presidencial para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia.
2. Com efeito, mesmo não tendo sido mencionada a Sra. Rousseff nas declarações de Macri, suas palavras deixaram em evidencia o silêncio sistemático da presidente e da diplomacia brasileira sobre o drama venezuelano.
3. O assassinato de um líder da oposição venezuelana durante recente manifestação contra o governo bolivariano alguns dias antes das eleições parlamentares, foi um novo elemento de pressão sobre o insustentável silêncio do governo brasileiro. Assim, Dilma viu-se obrigada a mandar Marco Aurelio Garcia a Caracas levando uma carta ao presidente Maduro, na qual manifesta preocupação com o clima de violência que antecede o pleito e pede garantias eleitorais.
4. Outra causa de desconforto da presidente Dilma com o presidente eleito da Argentina é a disposição de Mauricio Macri de que a Argentina e o Mercosul se aproximem de seus aliados naturais, a Europa e os Estados Unidos, e se distancie do Irã, da China e dos governos esquerdistas da região.
5. À anterior constatação sobre a vulnerabilidade da política externa favorecedora da esquerda por parte do governo brasileiro soma-se outra vulnerabilidade de caráter interno: o governo Dilma Rousseff encontra-se praticamente paralisado devido aos escândalos de corrupção que continuam surgindo todos os dias. Tais noticias de corrupção atingem especialmente a presidência e o PT; mas também afetam os governos esquerdistas da América Latina e o mito da incorruptibilidade com o qual galgaram o poder em vários países da região.
6. Neste momento, o presidente eleito da Argentina tem em suas mãos a oportunidade de influenciar numa mudança de rumo na política externa, não apenas na Argentina, mas em toda a América Latina. As próximas eleições venezuelanas, em 6 de dezembro; a cúpula do Mercosul, que será realizada na capital paraguaia em 21 de dezembro; e a violação institucional dos direitos humanos em Cuba, são três testes decisivos para ver se a mudança de rumo se consolida ou se dissipa.
7. A opinião pública latino-americana deveria acompanhar atentamente o desenvolvimento da nova política externa argentina com um atinado espírito crítico e, ao mesmo tempo, com grande cautela. A análise realista deve prevalecer sobre o otimismo e pessimismo exagerados — ambos obnubilam uma crítica lúcida. Por fim, ninguém sabe com certeza qual é a autenticidade anti-esquerdista do presidente eleito Mauricio Macri, um líder projetado em laboratórios argentinos de marketing. O espírito crítico é saudavelmente desconfiado e um requisito indispensável para se analisar a consistência e coerência do presidente eleito da nação vizinha. O mesmo poder-se-ia dizer sobre alguns líderes políticos que estão despontando em varias nações latino-americanas, apresentados como centristas e até mesmo como novos direitistas.
(*) Notas de “Destaque Internacional”, 29 de novembro de 2015. Responsável: Javier Gonzalez. Este texto — traduzido do original espanhol por Paulo R. Campos — pode ser divulgado livremente.
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