Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
6 min — há 7 anos — Atualizado em: 5/10/2017, 8:32:44 PM
A aparição de Nossa Senhora em Fatima deixou uma espada encravada no cerne da Revolução anticristã.
Os católicos receberam a advertência de que como castigo para a impenitência “a Rússia espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja”. Cfr. “Fátima: Mensagem de tragédia ou de esperança?”
A Rússia comunista apareceu assim como o inimigo por excelência. E essa advertência se tornou mais cogente e atual neste ano centenário da aparição de Fátima.
Jeanne Smits, ex-diretora e ex-gerente do jornal “Présent” ligado ao Front National de Marine Le Pen, partido amigo Kremlin, escreveu palpitante matéria sobre como a desinformação da “nova-Rússia” trabalha para se livrar do estigma e inverter astuciosamente os termos da denúncia profética.
Smits publicou longo artigo a respeito em seu site Reinformation.tv.
Segundo Smits, a manobra de guerra da informação encontrou o terreno bem preparado pela falsa ideia de que “o comunismo morreu”.
Na fase atual, a propaganda russa tenta erigir a Moscou em bastião derradeiro do cristianismo sitiado pelos inimigos. A inversão não podia ser mais completa e contrária à razão.
Segundo a montagem que está sendo espalhada entre muitos grupos de direita ocidentais, o comunismo inimigo de morte da Igreja Católica não existiria mais na Rússia de Putin.
Mais ainda, essa “nova Rússia” teria passado a ser o baluarte da moral tradicional cristã diante de ideologias do tipo LGBT, de gênero, anti-vida, anti-família, etc., subprodutos do liberalismo que domina no Ocidente.
Dessa maneira a imagem da “Rússia promotora de guerras e perseguições à Igreja” ficaria invertida. E seus erros deveriam ser apontados com exclusividade aos países da ex-civilização cristã, de berço ocidental e católico.
Smits ficou pasma vendo que alguns conhecidos dos movimentos conservadores que ela frequenta, parecem não perceber que esses erros não só não foram banidos da Rússia, mas estão se reforçando dissimulados sob vernizes enganadores.
O ateísmo de Estado, o igualitarismo filosófico, o niilismo moral, a ditadura absoluta do relativismo são erros com que a URSS montou uma revolta suprema contra Deus, contra a verdade.
E o comunismo bolchevique consagrou décadas para tentar instila-los nas almas dos russos com uma perversidade que supera a dos crimes de sangue massivos que também praticou.
Esses erros produziram efeitos nefastos: por exemplo, o assassinato das crianças no ventre materno foi logo aprovado sem restrições na URSS, e a “nova-Rússia” segue praticando-o em proporções recorde.
O aborto foi trazido aos países ocidentais e elevado à condição de “direito” pelos agentes que ciclicamente faziam romaria a Moscou para receber doutrinamento, conselho e consignas.
Esses erros acabaram instalados em quase todos os campos da atividade da ex-Civilização Cristã ocidental em decorrência de uma avalanche de leis, portarias e costumes promovidos por esses agentes.
Para pior penetraram na própria Igreja Católica. Essa infiltração foi tão grave que 213 padres conciliares de 54 países elevaram uma petição ao papa Paulo VI para que o Concilio Vaticano II condenasse os erros socialistas e comunistas.
Mas, o enigmático silêncio do Concílio a esse respeito abriu as portas da Igreja para a infiltração e para a devastação. Agora a Igreja está abalada em decorrência deles.
A confusão criada pela Exortação Sinodal “Amoris laetitia” é uma recente expressão dessa infiltração dos “erros da Rússia”.
A cultura da morte – aborto, destruição do casamento e da família, etc. – foi erigida em cultura de Estado na Rússia escravizada pela revolução bolchevista de 1917.
No século XIX, Marx e Engels foram os teóricos alemães da utopia comunista, surgida fugazmente durante os estertores finais das Revoluções Protestante e Francesa.
Porém quem tirou o comunismo dos livros filosóficos mais ou menos inaplicáveis e fracassados no Ocidente foi bem um russo: Vladimir Ilyich Ulyanov Lenine.
Lenine elaborou a práxis da Revolução bolchevique, fez e comandou essa revolução, e conferiu ao comunismo um tom e um espírito incontestavelmente russo.
Mas a expansão dos erros do comunismo russo não correu tão fácil. Ela até pareceu ameaçada e os partidos comunistas foram perdendo a capacidade de atear o ódio de classe e seduzir com sua agenda igualitária emanada de Moscou.
Foi então a hora do pensador Antônio Gramsci. Ele formulou a via da Revolução Cultural hoje preferida pelo marxismo e seus seguidores no Ocidente, muitas vezes comodamente instalados e gordamente pagos na direção de organismos como a ONU ou a União Europeia.
Mas, o objetivo de Gramsci era um só: conseguir o que a Revolução russa fundada por Lenine tentava obter mas não estava conseguindo. E provavelmente mais longe do que o líder comunista russo sequer imaginou.
Gramsci foi o grande pregador ocidental do método para difundir os “erros da Rússia”.
Se a estratégia por ele concebida der certo nos conduzirá a uma situação análoga à que Lenine e os seus sonharam aplicar no ex-império dos tzares.
Esses erros atacam as nações católicas ou apenas cristãs, e até ex-cristãs, com mais eficácia que as fórmulas escancaradamente leninistas. Mas estão encontrando crescentes recusas que comprometem a vitória comunista final.
Um pouco por toda parte manifestam-se grandes, e até imensas correntes na opinião pública, que não querem saber dessa Revolução Cultural e suas propostas anti-vida, anti-família, anti-religiosas e destruidoras das nações e das culturas tradicionais.
Tentando explorar essas crescentes reações boas, a propaganda do Kremlin passou a apresentar cinicamente a Rússia de Putin como um sedutor porto da salvação de onde pode vir o reerguimento moral e intelectual dos cristãos perseguidos.
E há quem acredita nisso, adverte Jeanne Smits.
Continua no próximo artigo “Paroxismo da desinformação russa: a mensagem de Fátima e a ‘missão providencial’ de Putin”
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