Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
2 min — há 9 anos — Atualizado em: 5/12/2016, 8:36:55 PM
A alma feminina é um manancial de graça, delicadeza e sensibilidade, que enriquece a vida moral e social da humanidade com valores espirituais que o homem está longe de poder dar-lhe. O equilíbrio do gênero humano exige mulheres com o feitio mental rico em todos os dons próprios ao seu sexo, como exige homens de alma profundamente varonil. Seria absurdo educar uma geração de meninos do modo mais efeminado possível. Não menos seria educar uma geração de meninas com a intenção de as fazer tão másculas quanto possível.
Esta verdade trivial, certa pedagogia de nossos dias parece esquecê-la inteiramente. E, em lugar de formar meninas para o papel que naturalmente terão na vida social, forma-as precisamente como um menino destinado a arcar de futuro com o peso e as responsabilidades próprias ao homem.
Nosso clichê dá disto um exemplo. Trata-se de um quarto de brinquedo para menina. Embutido na parede algo que lembra uma pedra de contorno rude e irregular, na qual estão algumas figuras pseudo-infantis, na realidade tão parecidas quanto possível com as figuras de arte do homem primitivo. Dir-se-ia um pedaço de caverna pré-histórica aproveitado para criar ambiente – o ambiente que lhe é próprio, já se vê – no pequeno mundo em que esta criança deve formar sua alma.
Ao lado, uma diversão do gênero das que as crianças da era das cavernas hão de ter tido quando conseguiram sair de seu antro para brincar um pouco: trepar numa árvore. Aí está um tronco seco, ao longo do qual a menina pode subir e descer quanto quiser. Junto ao tronco, uma tábua com grandes furos assimétricos para variar a diversão: a menina pode enroscar-se pelos furos, se achar que o sobe-desce pelo tronco está monótono. E como terceira diversão a menina pode atirar-se ao chão, felizmente substituído, no caso (a própria pedagogia moderna ainda é um tanto burguesa), por um colchão. Outra diversão que uma menina pré-histórica apreciaria! Do ambiente da selva primitivo, só falta neste quarto o ar livre, o sol, as estrelas, aqui substituídas por lâmpadas elétricas. Um céu elétrico, para formar a sensibilidade de uma menina da era atômica, não é demais.
De tudo aquilo que não deve faltar numa atmosfera destinada a formar meninas – harmonia, flores, pássaros – só se nota uma pomba desenhada ao alto na parede, hirta, dura, fria, como se fosse de arame.
Que mundo nos prepara uma tal pedagogia?
Publicado originalmente em “Catolicismo” Nº 27 – Março de 1953 na seção “Ambiente, Costumes, Civilizações”
Plinio Corrêa de Oliveira
557 artigosHomem de fé, de pensamento, de luta e de ação, Plinio Corrêa de Oliveira (1908-1995) foi o fundador da TFP brasileira. Nele se inspiraram diversas organizações em dezenas de países, nos cinco continentes, principalmente as Associações em Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), que formam hoje a mais vasta rede de associações de inspiração católica dedicadas a combater o processo revolucionário que investe contra a Civilização Cristã. Ao longo de quase todo o século XX, Plinio Corrêa de Oliveira defendeu o Papado, a Igreja e o Ocidente Cristão contra os totalitarismos nazista e comunista, contra a influência deletéria do "american way of life", contra o processo de "autodemolição" da Igreja e tantas outras tentativas de destruição da Civilização Cristã. Considerado um dos maiores pensadores católicos da atualidade, foi descrito pelo renomado professor italiano Roberto de Mattei como o "Cruzado do Século XX".
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