Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
3 min — há 11 anos — Atualizado em: 9/1/2017, 9:26:56 PM
No norte da Califórnia renasceu um mosteiro medieval cisterciense.
A notícia caiu como um raio em céu sereno, pois nunca se diria que o progressista estado californiano acolheria um dos símbolos mais opostos à modernidade.
Além do mais, trata-se de um autêntico mosteiro medieval espanhol do século XII.
Como?
O magnata William Randolph Hearst havia comprado e levado para a Califórnia no início do século XX as ruínas do mosteiro de Santa Maria de Óvila, da Espanha, desmontou-o, mas não conseguiu restaurá-lo.
A cidade de San Francisco se opôs e as pedras ficaram por décadas no Golden Gate Park. Veio depois a Grande Depressão, a Segunda Guerra Mundial e pareceu que o projeto estava totalmente morto, segundo o “The New York Times”.
Sinal dos tempos, monges cistercienses apelaram à população, reuniram fundos e realizaram no século XXI o que foi impossível no século XX: a reconstrução do prédio gótico de Santa Maria de Óvila, do século XII.
“O que parecia morto, ou quase morto, ergue-se de novo”, disse sobre a restauração o padre Paul Mark Schwan, abade do mosteiro restaurado com o nome de New Clairvaux,
Após a conclusão de grande parte das obras, a abadia foi aberta à visitação pública em 2012.
Dois terços das pedras são originais, mas foram necessários reforços modernos para resistir aos terremotos. Rodeada de vinhedos, a abadia fica num campo distante duas horas do norte de Sacramento.
O mosteiro de Santa Maria de Óvila, na província de Guadalajara, foi fundado em 1167 pelo rei Afonso VIII de Castela em terras recuperadas dos mouros.
A abadia entrou em decadência e foi fechada por um governo anticlerical em 1835.
O magnata Hearst ouviu falar das ruínas e, segundo a revista “American Heritage”, contratou agricultores e trabalhadores espanhóis dos vilarejos próximos para desmontar e transportar as peças mais importantes.
Foi necessário construir trilhos de trem, estradas e uma ponte para mover as imensas pedras que foram carregadas por 11 barcos até San Francisco.
Porém, Hearst passou a enfrentar dificuldades econômicas e abandonou o projeto, doando as pedras do mosteiro à cidade de San Francisco.
Mas os planos da prefeitura dessa cidade não deram em nada; os caixotes que continham as pedras pegaram fogo algumas vezes e as relíquias ficaram ao relento. A prefeitura nunca levantou o dinheiro necessário para concluir o projeto.
Em 1994, alguns monges cistercienses convenceram a prefeitura a doar-lhes as pedras, sob a condição de iniciarem a restauração dentro de uma década.
Tendo os monges arrecadado US$ 7 milhões, os trabalhos tiveram início em 2004. Para reatar com um costume medieval, os religiosos também passaram a produzir cerveja premium estilo trapista, chamada Óvila. Na Europa as cervejas produzidas pelas abadias estão entre as melhores.
As obras ainda não foram completadas, mas a arte principal da abadia já pode ser usada como na Idade Média.
Vendo a decadência do século XIX, quem teria dito que o sacral e austero mosteiro dos cistercienses renasceria para a vida no século XXI? E logo na Califórnia!?
Isto é matéria para sérias reflexões para interpretar bem o presente e o futuro mais ou menos próximo.
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