Cruzada de orações pela Igreja no próximo Sinodo
6 min — há 6 anos — Atualizado em: 3/4/2019, 6:54:38 AM
Um espetáculo que não se pode deixar de qualificar como sacrílego realizou-se no dia 27 de janeiro em presença do Papa Francisco, durante a Jornada Mundial da Juventude no Panamá.1 Os atores ridicularizaram o mistério da Anunciação e trataram Nossa Senhora com grande irreverência [foto acima]. Apesar disso, no final da apresentação, o Papa aplaudiu e deu a sua aprovação.2
Nessa peça burlesca, a Virgem Santíssima é apresentada como “uma jovem normal, uma jovem de hoje”, como a definiu recentemente o Papa Francisco.3 A jovem que interpretou Nossa Senhora usava tênis, calça masculina ajustada e uma blusa folgada de cor azul claro. Sua cabeça estava descoberta, e seu celular à vista. O “anjo Gabriel” foi interpretado por um rapaz com calça, camisa e chapéu brancos, tendo um par de pequenas asas preso às costas.
Em uma paródia da Anunciação, o “anjo” diz a “Maria” que ela se tornará mãe por obra do Espírito Santo. Ela se mostra nervosa, quase histérica, e diz que ainda não está casada com José, não está pronta, tem que ir à universidade, tem medo etc. O “anjo” trata de convencê-la, e lhe diz que deveria regozijar-se. Cada vez mais nervosa, ela responde que não pode regozijar-se: “Que dirá José? Que pensará sua mãe quando souber? E os vizinhos?”
Então a mulher começa a cantar que tem medo, se sente despreparada, e outras coisas. O “anjo” a toma pelas mãos, dizendo que ela é a eleita, e ambos começam a dançar. Outras “anjas” bailarinas, descalças, entram rodopiando, com vestes flutuantes, como em qualquer espetáculo teatral obsceno.
Em seguida, “Gabriel” e as “anjas” bailarinas põem uns óculos carnavalescos, e todos dançam em ronda, cantando em termos semelhantes aos das Escrituras. “Maria” continua a dizer que tem medo, mas logo começa a cantar as palavras do Evangelho, sempre em ritmo pop: “Faça-se a tua vontade”. Em meio a risos, ela toma seu celular e faz uma selfie com “Gabriel”. Outras duas moças sobem ao palco, e dizem que o resto da história é bem conhecido: Jesus veio a nós e nos deu seus ensinamentos.
Entra depois no palco um time de futebol, representando os 12 Apóstolos, declamando e cantando que têm medo de evangelizar, porque serão perseguidos. Surge então um grupo de “policiais”, e os “apóstolos” fogem. Os “policiais” começam a cantar e bailar loucamente, e depois se vão.
Os “apóstolos” regressam ao cenário e continuam a cantar e dançar em coreografia, repetindo sempre: “Tenho medo”. Depois de algum tempo dançando e cantando, “Maria” se aproxima deles, segura suas mãos e diz que já falou com “Gabriel”, e tudo funcionará.
Logo se ouve uma voz forte pelos altofalantes: “Recebe o Espírito Santo, não tenhas medo, regozija-te, e vai evangelizar”. Todos então se ajoelham, levantam-se e começam a cantar junto com as bailarinas “anjas” e “Gabriel”. Em seguida uma dança louca e uma canção, da qual participa “Maria”.
Quando terminou a paródia sacrílega da Anunciação e Pentecostes, o Papa Francisco fez um gesto de aprovação entusiástica. Depois se levantou e saudou efusivamente os dois atores principais. Se já é extremamente grave a própria presença do Papa em uma apresentação sacrílega como essa, tanto mais sua manifestação de apoio irrestrito.
Essa paródia parece ilustrar a doutrina do Papa sobre a Santíssima Virgem Maria. Com efeito, há declarações dele sobre Maria Santíssima que contradizem tudo o que veneramos e encontramos nos Evangelhos, na Tradição e no Magistério da Igreja, bem como no sentimento dos fiéis. Recentemente assinalou que Maria “não nasceu santa”, negando implicitamente o dogma da Imaculada Conceição.4 Suas concepções sobre Nossa Senhora estão resumidas em seu livro-entrevista, ao jornal italiano “Corriere della Sera”:
“[Uma] jovem normal, uma jovem de hoje… normal, normalmente educada, disposta a se casar, a ter uma família. […] Logo depois de conceber a Jesus, [ela] era ainda uma mulher normal. […] Nada foi excepcional em sua vida, [ela era] uma mãe normal: inclusive em seu matrimônio virginal, casta nesse sinal de virgindade, Maria era normal. Ela trabalhou, fez compras, ajudou a seu Filho, e auxiliou seu esposo. Normal”.5
Bem o contrário de tudo isso é o que nos diz o Papa Pio XII, de saudosa memória, na encíclica Ad Cœli Reginam, de 11 de outubro de 1954, na qual estabelece a festa da Realeza da Santíssima Virgem Maria:
“Desde os primeiros tempos os cristãos creram, e não sem razão, que Ela, de quem nasceu o Filho do Altíssimo, recebeu privilégios de graça sobre todos os demais seres criados por Deus. […] E quando os cristãos refletiram sobre a conexão íntima que existe entre uma mãe e um filho, reconheceram facilmente a suprema dignidade real da Mãe de Deus”.6
Nada é mais caro ao coração católico do que a honra da Mãe de Deus, a Amada Filha do Padre Eterno, a Admirável Mãe do Filho de Deus, e a Esposa Fidelíssima do Espírito Santo. O fato de o Papa Francisco tratar de maneira simplista e confusa os temas mais delicados e complexos não elimina, antes aumenta o dano que suas declarações fazem às almas, como as que se referem a Nossa Senhora. Sua maneira confusa, improvisada e contraditória de falar é incompatível com o ensinamento verdadeiro, claro e lógico da Igreja, e com a missão do Papa de confirmar os irmãos na Fé.7
Ao expressar a nossa indignação pela ofensa feita à Virgem Maria, nossa Mãe Santíssima, nessa paródia teatral da Anunciação e de Pentecostes, apresentada diante do Sumo Pontífice e com o apoio dele, sugerimos a todos os leitores que façam atos de reparação por esse evento.
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